Governo aposta no ajuste fiscal para evitar novos cortes
MPs 664 e 665 tratam de benefícios previdenciários e trabalhistas, como pensão por morte, abono salarial e seguro-desemprego
Para tentar aplacar os ânimos dos senadores, o ministro-chefe da Casa Civil anunciou a criação de uma comissão para buscar alternativa ao fim do fator previdenciário. Na votação da MP 664, na Câmara, os deputados incluíram na medida uma alteração nas regras da aposentadoria, que o Senado promete manter. Sem extinguir o fator, eles estipularam que as mulheres terão acesso ao benefício integral quando a soma de sua idade com o tempo de contribuição for 85, e os homens, quando a conta der 90.
A falta de alinhamento no discurso na equipe econômica, na avaliação do economista Vinícius Botelho, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), é preocupante. “Essa sinalização abre um precedente ruim. É o primeiro revés que fica evidente para o público externo e isso acaba abrindo margem para maiores dúvidas em relação ao ajuste fiscal”, afirmou. “Ainda existe um esforço grande para alinhar o ajuste, mas é importante manter a percepção de que ele está sendo feito com intensidade possível dada a gravidade do momento”, alertou.
O ministro da Fazenda demostrou preocupação com a desaceleração da economia, mas quis desfazer o que ele considera um equívoco nas análises. “Como tenho dito, o PIB (Produto Interno Bruto) não está devagar por causa do ajuste, mas estamos fazendo o ajuste porque o PIB vinha devagar”, disse. Sobre a possibilidade de elevar impostos para cobrir o rombo das contas públicas, ele foi cauteloso. “A gente tem que ir com calma na parte de imposto. Não adianta a gente inventar novos impostos como se isso fosse salvar a economia brasileira”, declarou.