Três semanas depois do último embate protagonizado pelos peemedebistas na Assembleia Legislativa, Andrea Murad e Roberto Costa voltaram a trocar acusações na sessão de ontem. A origem da discussão foi a possibilidade do ex-deputado Ricardo Murad concorrer à prefeitura de São Luís pelo PMDB nas eleições de 2016. Presidente diretório municipal do partido, Roberto Costa afirmou que o ex-secretário da Saúde na gestão de Roseana Sarney não sairia candidato na capital maranhense. Ao posicionamento, Andrea Murad reagiu acusando a postura “desagregadora” do líder do PMDB na Alema.
Pela primeira vez desde o início da legislatura, como destacou a própria Andrea, Roberto Costa utilizou o tempo do grande expediente para falar sobre a crise do PMDB maranhense. Ao destacar a sua trajetória “de 22 ou 23 anos” no partido, Costa aproveitou para atacar o pai da deputada. “Você chega a dizer na nota que eu sou desagregador. Será que é o deputado Roberto Costa desagregador ou é o deputado Ricardo Murad? Desde o PSD, do deputado Manoel Ribeiro, vem desagregando. PSD, PDT desagregou, PSB desagregou e hoje tenta desagregar o PMDB. E qual é a revolta? A revolta é porque ele não consegue. Porque hoje autoridade política não tem”, discursou.
Sobre a crítica de levar o partido para a base aliada do governador Flávio Dino (PCdoB), Costa disse que “não seguir as suas posições radicais aqui na Assembleia não quer dizer que tenhamos qualquer relação com o governo”. Depois de confirmar que a candidatura de Ricardo Murad não teria “nenhuma chance” de acontecer, o deputado disse que apoiaria Roseana Sarney ou Lobão Filho na disputa para prefeito de São Luís.
Convite para sair
Empenhado em criticar o pai de Andrea Murad, Roberto Costa destacou que foi feito um convite para que o ex-secretário da Saúde deixe o PMDB e contou uma “cena marcante” na volta de Ricardo Murad à Assembleia Legislativa, quando Roseana Sarney renunciou e Arnaldo Melo assumiu o governo em dezembro de 2014. “Quando ele voltou para esta Casa aqui e havia cerca de 20 deputados. Vossa excelência sabe quantos deputados se levantaram para dar a mão a ele? A senhora não sabe? Nenhum. Nem eu me levantei, deputada. Não aceito, não admito e não deixarei que o senhor Ricardo Murad tente pautar o PMDB”, disse.
Condenando o “autoritarismo” do líder do partido, Andrea Murad subiu à tribuna para defender o pai, “Quem tem que decidir o candidato a prefeito do partido são os líderes do seu partido. Vossa excelência é presidente do diretório municipal, mas. participa de um grupo político. E tem que entender que não é único, que não é só porque é filho de João Alberto ou alguma coisa assim que pode mandar no grupo, desdenhando dos seus membros”, respondeu.
Ao final, a deputada negou aparte para Roberto Costa e disse que ele “ficaria discutindo sozinho”. Ainda assim, Costa retornou à tribuna para acusar Andrea de ter todo o mandato de deputada pautado pelo pai e culpar Ricardo Murad pela crise interna do PMDB maranhense.
No dia 6 de maio, Andrea chegou a pedir que fosse expulso do partido o prefeito de Bacuri, Richard Nixon, preso provisoriamente em decorrência da investigação de crimes de agiotagem no estado. Mas Roberto Costa criticou o pronunciamento da deputada e disse que se fosse para expulsar do PMDB quem respondesse processos, Ricardo Murad teria que ser o primeiro a deixar a legenda. Como Andrea havia saído do plenário, a discussão continuou entre Roberto Costa e Sousa Neto (PTN), genro de Ricardo Murad.
Depois do episódio, a ex-governadora Roseana Sarney chegou a marcar uma reunião com a cúpula do partido e os deputados, mas apenas Roberto Costa teria comparecido. Nas semanas seguintes, o presidente estadual do PMDB, o senador João Alberto, não quis dar entrevista para tratar da situação da sigla no Maranhão.