CORTE NO ORÇAMENTO

A frieza dos números

O país amanhece hoje sob a égide da tesourada no Orçamento. Nas últimas semanas, o número transformou-se em pivô do embate entre a equipe econômica, que defende corte de R$ 80 bilhões, e a ala petista do governo, que prega subtração mais amena (?) de, no máximo, R$ 70 bilhões. Há quatro anos, a mesma […]

O país amanhece hoje sob a égide da tesourada no Orçamento. Nas últimas semanas, o número transformou-se em pivô do embate entre a equipe econômica, que defende corte de R$ 80 bilhões, e a ala petista do governo, que prega subtração mais amena (?) de, no máximo, R$ 70 bilhões. Há quatro anos, a mesma presidente Dilma Rousseff precisou segurar “apenas” R$ 50 bilhões. Uma piora de, no mínimo, 40% no arrocho fiscal.
O pesadelo de dados não para por aí. Foram divulgados ontem os números do mercado de trabalho no Brasil, de acordo com levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O percentual de desempregados subiu para 6,4%, ante 6,2% verificados em março. É o pior número desde abril de 2011 — quando Dilma já era presidente. O país recuperou-se e a taxa chegou a ser de 4,9% em abril de 2014, o que garantiu discurso consistente para a reeleição da presidente. De abril do ano passado para cá, a explosão dos índices de desemprego impressiona.
A taxa de desemprego poderá aumentar ainda mais. As montadoras de veículos da região do ABC decretaram férias coletivas graças à demanda desaquecida. Com inflação prevista de 8% para 2015 e nível de endividamento crescente, as famílias não têm mais condições de abrir a carteira para novos gastos — pelo fato de não terem garantia de empregabilidade a médio prazo.
O governo aposta todas as fichas no ajuste fiscal enviado ao Congresso. Graças à rebeldia da base aliada, no entanto, o saldo de R$ 18 bilhões imaginados com as mudanças no seguro-desemprego (MP nº 665) e no pagamento das pensões (MP 664) deve ficar perto dos R$ 10 bilhões. Os demais projetos do pacote não foram ainda analisados pelos congressistas.
Na semana que passou, o Planalto comemorou o cheque de US$ 53,3 bilhões dado pelos chineses para obras de infraestrutura no país. Lá, como cá, o governo central é cobrado pela retração econômica. Com uma diferença discreta: na China, a previsão é de crescimento, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), de 6,8% até dezembro. No Brasil, o boletim Focus (Banco Central) de 15 de maio projetou retração de 1,2% do nosso Produto Interno Bruto (PIB).
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