“Eles tentavam fazer com que eu dissesse que eu tinha assassinado ele”, afirma Ayrton Pestana em vídeo
No vídeo intitulado ‘A verdade sobre a injusta prisão de Ayrton Pestana’, o jovem relata o desenrolar de sua história de condenação precipitada pela polícia
Através de um vídeo intitulado ‘A verdade sobre a injusta prisão de Ayrton Pestana’, publicado nessa terça-feira (30) em um canal do YouTube com nome ‘justiça por Ayrton’, o jovem Ayrton Campos Pestana, equivocadamente apontado como o principal suspeito do homicídio que vitimou, no último dia 16, o publicitário Diogo Adriano Costa Campos (41), morto com um disparo de revólver após uma discussão no trânsito, em São Luís, relatou como se deu o desenrolar de toda a sua história de condenação precipitada pela polícia.
Ayrton inicia o vídeo explicando onde estava no dia do crime. “Eu estava trabalhando com meu pai, que a gente trabalha pro Centro. Quando eles olharam as câmera de filmagens, eles viram que o carro ficou a manhã toda no Centro estacionado, e que o outro que foi clonado que estava circulando por aí e que foi até lá no local”.
Abordagem
Sobre a abordagem do delegado, Ayrton explica que o pressionaram a confessar o crime, o que não foi feito. “Ele pediu para eu explicar tudo que eu tinha feito no dia, desde a hora que eu acordei até aquele momento e ficaram pressionando. De um certo modo, eles tentavam colocar na minha cabeça, fazer com que eu dissesse que eu tinha assassinado ele, mas eu fiquei só reforçando que não tinha sido eu”, afirma.
No vídeo, o pai de Ayrton, Vanderley Pestana, relata que logo quando chegou à delegacia, o delegado perguntou se ele sabia o que estava acontecendo e ele apenas reforçou dizendo que não. “Só soube quando o pessoal da comunidade me ligou dizendo que tinha um monte de polícia aqui, todos eles ficaram aterrorizados da maneira como a polícia tentou entrar na minha casa”. Ao questionar o motivo de tudo o que estava acontecendo, Vanderley afirma que só foi dito “que era assim mesmo e que tinham certeza que seu filho era o assassino”.
Perícia
Em relação à perícia policial, Ayrton afirma que a análise inicial foi feita superficialmente e que a delegado estava convicto que havia sido ele o autor do crime. No relato do seu pai, Vanderley explica que um dos principais detalhes que ele conseguiu diferenciar entre os carros foi o fumê.
Ayrton explica ainda no vídeo que foi horrível a sensação de ser condenado injustamente. “Toda vez que eu pensava no que tinha acontecido de terça-feira até quando eu cheguei lá, eu chorava muito porque o psicológico totalmente abalado, é uma sensação horrível. Uma coisa é ser preso por estar ciente de ter feito algo e outra é ser preso por uma coisa que eu nem fiz”.
Para o jovem, houve pressa para elucidar o caso. “Eles faziam uns argumentos quase que me forçando a dizer que eu que tinha assassinado ele. Eu fiquei na minha, tranquilo, eu tinha certeza que uma hora isso ia se esclarecer”.
De acordo com Ayrton, a polícia informou que testemunhas haviam dito que viram um homem alto dentro do carro do crime dirigindo, detalhe que teria levado a ele como suposto autor. “Eu quero saber como, o carro tinha um fumê 100%, eu quero saber como que eles enxergaram isso. Eu acho que eles só olharam uma sombra, umas coisas assim, cada um falava uma coisa e como meu pai é mais baixo que eu, pensaram que só podia ter sido eu”.
Provas
O pai de Ayrton explica no vídeo que após sair da delegacia foi atrás das câmeras de segurança próximas ao local do seu trabalho. “Eu tenho 23 anos de trabalho no local, todos me conhecem e gostam de mim e ninguém se opôs a me entregar os vídeos. Foi só a maneira de dizer à polícia que se eles não foram atrás, eu fui. Mas eu consegui, através de mobilização do pessoal amigo meu, da igreja, e logo me propuseram a manifestação que foi feita com toda tranquilidade”.
Tribunal da internet
Para Ayrton, seus amigos o defenderam a todo custo e em todo momento porque o conhecem.”Tinha muita gente na internet julgando, ainda mais depois que eu fui pra Pedrinhas, teve gente que falou que se não me matassem lá, o covid mataria. Coisas horríveis, eu não gosto nem de ficar lembrando”, afirma.
O pai do jovem explica que quando viu a imagem do seu filho com a roupa do presídio foi fatal. “Eu fiquei triste, como o que fizeram com meu filho. Esmagaram ele, quebraram ele no meio como quebraram a família. Graças a Deus temos uma família grande. Eles conhecem como sou uma pessoa digna e honesta e como educo meus filhos”.
Inocência
Ao saber de sua inocência, Ayrton relata que foi um alívio muito grande. Para o jovem, ele se tranquilizou ao ter notícias do seu pai quando estava preso em Pedrinhas. “A psicóloga lá veio conversar comigo e eu até comecei a chorar e aí depois de um tempo ela voltou e disse que tinha ligado pro meu pai e que ele tava bem e isso já foi me tranquilizando”. Após a inocência, ele afirma que a ansiedade foi enorme.
“Foi uma vitória”, diz Vanderley. “Indescritível o que eu senti nessa hora, uma vitória nossa aqui fora, de todos os amigos enfrentar essa polícia, toda diversidade, foi uma vitória e hoje eu não canso de agradecer todos os amigos. É quase que não dá nem pra falar, fiquei muito contente que nós conseguimos fazer”.
Retratação
A injustiça e a falta de preparo da polícia foi o que mais deixou o jovem Ayrton triste em toda a situação. Para o pai do jovem, o fato vai ser difícil de ser esquecido. “Foi horrível, e eu espero que o Estado venha e se retrate, porque até agora nada”, diz Vanderley.
De acordo com Ayrton, faz falta um pedido de desculpa por parte dos órgãos de segurança pública. “A pessoa tem que reconhecer seus erros, isso aí a partir do momento que uma pessoa faz isso, que ela viu o que ela fez e reconhece, isso aí já é uma evolução do ser humano”, explica.
Lição
Para o jovem, a lição que fica de toda essa situação, é a pessoa fazer as coisas certas. “Por mais que passe por uma situação dessa de ser acusado injustamente, mantenha a calma, fique tranquilo, porque uma hora a verdade vai esclarecer”, finaliza.