MORTE INDÍGENA

Quatro pessoas presas por morte de índios

As investigações estão sendo realizadas pela Delegacia Regional de Imperatriz, já que não há delegado em Amarante do Maranhão.

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Quatro pessoas suspeitas de envolvimento na morte do indígena Erisvan Guajajara, de 15 anos, foram presos por uma equipe da Polícia Militar neste sábado (14). Erisvan Guajajara foi assassinado a golpes de faca durante uma festa na sexta-feira (13), no município de Amarante do Maranhão, localizado a 687 km de São Luís. Além do jovem, o não indígena José Roberto do Nascimento Silva, de 23 anos, também foi morto.

As investigações estão sendo realizadas pela Delegacia Regional de Imperatriz, já que não há delegado em Amarante do Maranhão.  De acordo com o coronel Jorge Araújo, comandante do 34º Batalhão de Polícia Militar de Amarante do Maranhão, as duas vítimas possuíam histórico de crimes com envolvendo roubo e furto de celulares e tráfico de drogas. Na página oficial do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), o irmão de Erisvan afirma que “tem que ter alguma Justiça para investigar isso. Precisamos de que se preocupem com o que está acontecendo conosco”.  A polícia suspeita que as mortes ocorreram por um suposto envolvimento das vítimas com o tráfico de drogas.

Informação não confirmada por lideranças Guajajara e pelos familiares de Erisvan. “Era um menino tranquilo, como qualquer outro menino da idade dele. Vivia na aldeia. Ia para a cidade uma vez ou outra”, explica o irmão. De maneira precipitada, com uma pressa oposta à habitual apatia diante de casos de violência nos territórios, e sem aguardar o término das investigações, a Fundação Nacional do Índio (Funai) soltou uma nota afirmando que “segundo a polícia (…) estão descartadas todas motivações de crime de ódio, disputa por madeira ou por terras”.

Sônia Guajajara falou sobre o crime

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Para o coordenador do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Regional Maranhão, Gilderlan Rodrigues, o trecho da nota da Funai é lamentável porque “parece uma isenção, como se o órgão não tivesse a ver com o fato. Há uma sequência de violência afligindo o povo Guajajara e a Funai deveria olhar para isso”. Para Rodrigues, a postura da polícia e da Funai em querer antecipar o resultado das investigações de um crime com requintes de crueldade “é como matar mais uma vez o indígena”.

Sônia Guajajara, da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), foi enfática em seu pronunciamento nas redes sociais: “São muitas falácias, muitas versões, acusações, não interessa, ninguém tem o direito de tirar a vida de ninguém”, escreveu.

“Não é apenas um cenário de guerra, estamos num campo de batalha onde o ódio disseminado pelas forças políticas conservadoras, autoritárias, racistas são estimuladas pelo fascismo que já extrapolou todos os seus limites”, completou a liderança indígena que esteve, nas últimas semanas, em agenda com organismos internacionais de direitos humanos denunciando as violências sofridas pelos povos indígenas no Brasil.

No Maranhão, especificamente entre o povo Guajajara, essa violência ceifou a vida de quatro indígenas, contando com Erisvan, desde novembro.

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