Bandidos usam rojões para fazer explosivos
Criminosos utilizam pólvora de rojões para fabricação de explosivos utilizados nas ações criminosas contra instituições financeiras no estado do Maranhão
As comunidades das cidades do interior e capital maranhense vivem momentos de grande apreensão, diante das constantes ameaças de assaltos às agências bancárias, visto que, além das ameaças causadas pelos tiroteios promovidos, há o risco das explosões praticadas pelos bandidos, destruindo toda a estrutura física, inclusive das casas vizinhas.
Os riscos são mútuos, visto que as forças de Segurança estão atentas e dão combate efetivo aos assaltantes de bancos, através das unidades especiais da Polícia Militar e da Polícia Civil, que monitoram a movimentação das quadrilhas por intermédio dos seus Serviços de Inteligências.
Esta assertiva é do delegado Luciano Bastos, titular do Departamento de Combate ao Roubo de Instituições Financeiras(DCRIF), órgão da Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic).
Perguntado sobre como os bandidos adquirem os explosivos que usam nos ataques às agências bancárias, ele disse que a comercialização de explosivos é feita mediante licença e controle do Exército brasileiro, o que impossibilita a aquisição por criminosos. Mas como a bandidagem sempre surpreende, ela burla este controle e adquire rojões (fogos de artifício), que têm venda livre pelo comércio, e retira a pólvora, com que se fabrica artesanalmente os explosivos que são usados para fins criminosos.
A Polícia Judiciária já contabiliza, no primeiro semestre deste ano, 22 registros de crimes contra as instituições financeiras no estado, das quais dez foram com uso de explosivos e as demais com outras modalidades, notadamente como “saidinha” (assaltos a pessoas após saque de dinheiro) e “sapatinho” (extorsão após sequestro de gestores das agências bancárias).
Será que a prática compensa?
Para o comerciante Carlos Antônio Campos Nunes, da Casa dos Fogos, a compra de rojões para transformar em bomba não é uma atitude atraente, visto que a pólvora usada na confecção dos rojões é uma quantidade irrisória, sendo então necessário que se utilize muitos rojões para fazer uma bomba capaz de estourar uma caixa bancária eletrônica.
Carlos Antônio esclareceu que o comércio de fogos de artifícios funciona sob a fiscalização do Corpo de Bombeiros Militar, que efetiva vistorias nas instalações físicas das casas de comércio de fogos de artifícios e orientam com relação ao estoque, visando a seguranças das pessoas que ali trabalham e das edificações vizinhas.
Ele informou que não há grande procura por rojões e que o comércio de fogos de artifícios é muito sazonal. Havendo procura maior somente nos períodos dos festejos juninos ou de fim de ano. Em outras ocasiões, as vendas procedem nos aniversários de cidades ou de algumas festividades religiosas, mas em volume muito reduzido.
Controle federal
O major Lisboa, do Corpo de Bombeiros Militar, esclareceu que a sua corporação não trabalha no controle dos explosivos, sendo esta uma função do Exército Brasileiro. “O Corpo de Bombeiros exerce apenas a fiscalização dos espaços físicos onde são vendidos os fogos de artifícios, com relação à segurança das edificações e de medidas de segurança como a presença de extintores de incêndios, rota de fuga (saída de emergência) e outras que garantem a integridade das pessoas que ali trabalham. O controle de vendas e uso de explosivos são de responsabilidade exclusiva do Exército Brasileiro”, garantiu o oficial bombeiro.