Nordeste é região mais perigosa do Brasil para comunicadores, diz relatório
“São jornalistas, radialistas, blogueiros e outros profissionais de mídia que veem sua atividade ser perseguida e suas vidas ceifadas. O Brasil é um país perigoso para esses profissionais”, descreve o estudo.
O relatório “O ciclo do silêncio: impunidade em homicídios de comunicadores”, lançado no início do mês pela ONG Artigo 19, revela que 9 dos 22 profissionais de comunicação assassinados no Brasil entre os anos 2012 de 2016 trabalhavam no Nordeste, dados que transforma a região na mais perigosa do Brasil para o exercício da profissão.
“São jornalistas, radialistas, blogueiros e outros profissionais de mídia que veem sua atividade ser perseguida e suas vidas ceifadas. O Brasil é um país perigoso para esses profissionais”, descreve o estudo.
Nesse período, três mortes foram registradas no Maranhão, o estado em que mais foram assassinados profissionais do Nordeste. Décio de Sá, em 2012; Roberto Lano e Ítalo Diniz, ambos em 2015. Ceará e Bahia registraram 2 casos, Pernambuco e Piauí 1.
O Sudeste registrou 7 mortes no período, em Minas Gerais (4), Rio de Janeiro (2) e São Paulo (1). No centro-oeste foram 5 casos, Goiás (2) e Mato Grosso do Sul (3), E norte um assassinato, no Pará.
APENAS UM PRESO
Segundo a Artigo 19, o único caso em que o mandante foi condenado é o de Décio de Sá, assassinado em 2012 na capital São Luís. O jornalista trabalhava n’O Estado do Maranhão, e mantinha um blog pessoal chamado Blog do Décio
O relatório afirma que Décio foi vítima de uma emboscada por dois homens em uma motocicleta e foi baleado. O crime teria sido encomendado por Gláucio Alencar Pontes Carvalho, motivado por uma série de denúncias de agiotagem e assassinatos postadas no Blog do Décio, e executado por Jhonathan de Souza Silva e Marcos Bruno Silva de Oliveira.
Ainda segundo Artigo 19, Gláucio Carvalho estava preso em Pedrinhas, mas aguarda o julgamento em liberdade desde o dia 25 de março de 2017, por decisão do Ministro Ribeiro Dantas, do STJ. Gláucio ainda é acusado de ser o mandante do assassinato de um empresário.
IMPUNIDADE
O estudo aponta que como consequência da impunidade, as violações continuam a acontecendo e até se tornaram mais graves e os jornalistas das regiões mais afetadas praticam autocensura, deixando de cobrir certos temas ou realizar denúncias.
Para evitar impunidade, algumas medidas são apresentadas, como a proteção efetiva dos comunicadores pelo governo federal, o acompanhamento dos casos pelo Ministério Público e o investimento prioritário pelos governos estaduais nas polícias para investigar os crimes.