Polícia Militar vai apurar conduta de sargento que reagiu à pressão de prefeito
Na última segunda-feira, o sargento José Roberto Alves recebeu ligação do prefeito Sidnei Pereira, que tentou convencê-lo a não fazer blitz perto da época de eleições
Depois de reagir à tentativa de coerção feita pelo prefeito de Anajatuba Sidnei Pereira a parar de fazer blitz perto da época das eleições, a conduta do sargento José Roberto Alves será apurada pela Polícia Militar. A conversa por telefone entre o policial e o prefeito aconteceu na última segunda-feira (1) e foi gravada.
Confira a nota da PM:
A Polícia Militar do Maranhão informa que será instaurada uma sindicância para apurar a conduta do sargento José Roberto Gonçalves Alves, no município de Anajatuba, frente às normas e regulamentos da corporação. O sargento foi chamado para a sede do Batalhão, que fica em Itapecuru Mirim, a fim de dar os devidos esclarecimentos.
No cumprimento de suas funções institucionais, cabe ao Comando zelar para que nenhuma ação policial vise interferir no processo eleitoral, nem a favor nem contra qualquer candidato.
No mesmo dia da ligação, José Roberto Alves entregou o cargo de Comandante da 4ª Companhia do 28° Batalhão da Polícia Militar, em Anajatuba, com medo de represálias.
Entenda o caso
Na última segunda-feira (1), foi gravada a ligação onde o prefeito de Anajatuba tenta convencer o sargento em questão a parar de fazer blitz com motocicletas tão perto do período eleitoral. Seguem trechos da ligação:
— Rapaz, sargento, é que tá uma situação de apreensão de moto que tá havendo aí. O pessoal tão (sic.) ligando reclamando. O que que está acontecendo?
— Não… Fui eu que fiz uma blitz. Apreendi só umas dez motos. Mas qual foi o problema? Eles tão ligando por quê?
— Não me faça um negócio desse, por favor! Numa época dessa. Nós estamos há uma semana de uma eleição
José Roberto, em seguida, afirma não trabalhar para políticos, e sim para seu superior.
— Eu não aceito, o senhor como prefeito da cidade, querer me determinar. Eu não tô aqui, senhor, fazendo serviço pra político. Eu tô fazendo serviço pro povo.
— Tá beleza, então faz o teu serviço pra ver se você consegue andar aí em Anajatuba.
O policial reage ao tom ameaçador do prefeito:
— O senhor tá me ameaçando… Se coloque na sua postura de prefeito. Eu sou sargento da Polícia Militar, senhor. Eu não sou subordinado de prefeito, de vereador… Sou subordinado de um militar.
— Se você não levar o lado político em consideração, você não consegue tocar as coisas aí. Nesse momento, não um momento para você criar problema para todo mundo.
Segundo Sidnei, apesar do que mostram as conversas gravadas, ele estava apenas criticando uma suposta abordagem violenta que estava sendo feita pelo sargento durante a blitz. Após ser exonerado de seu cargo, o sargento afirma que “hoje anda de cabeça erguida, com a sensação de dever cumprido”.