Maranhense Donato Brandão é preso no Rio de Janeiro
Ele participava de uma organização que cometia crimes como estelionato, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e organização criminosa
A Polícia Civil de Petrópolis, na Região Serrana do Rio, prendeu 11 pessoas suspeitas de envolvimento em uma seita religiosa que mutilava crianças e cometia crimes, como de estelionato, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Quatro mulheres e sete homens foram encontrados no bairro Itaguaí, no Rio de Janeiro. Eles foram encaminhados para a 105ª Delegacia de Polícia, no bairro Retiro.
A 1ª Vara Criminal de Petrópolis expediu 15 mandados de prisão para os suspeitos, além de cumprimento de busca e apreensão no endereço dos denunciados em Itaguaí, onde funcionava a seita religiosa utilizada para a prática dos crimes, segundo a Polícia Civil. Quatro pessoas ainda são
procuradas pela Polícia. A operação foi chamada de Mandala.
O homem responsável pela seita é o maranhense Donato Brandão Costa, também foi preso na operação. Em 1999, ele foi condenado a 37 anos e 8 meses de reclusão e chegou a ficar preso por 10 anos e 4 meses, antes de conseguir um habeas corpus. Na época, a condenação foi pelos crimes de lesão corporal gravíssima, falsificação de documento público e estelionato. Em 2016, ele foi
preso em Petrópolis.
Segundo o delegado Alexandre Ziehe, responsável pelo caso, a prisão de Donato foi por força de Regressão do Regime de Detenção. “Ele estava cumprindo a pena em regime aberto pela condenação do Maranhão. Agora foi preso por investigação da 105ª DP”, explicou.
A Polícia também informou que o grupo conseguiu cerca de R$ 5 milhões com ações fraudulentas na justiça, durante três anos de atuação em Petrópolis. Os nomes usados pra aplicar os golpes eram de seguidores da seita de Donato. Ao todo, foram movidas 33 ações judiciais, sendo 12 contra agências bancárias.
Segundo os policiais, a seita religiosa começou em 1990 no Maranhão. O grupo mudou para Petrópolis em 2013. Em abril do ano passado, a Polícia descobriu um sítio localizado no km-74, na rodovia BR-040. Na ocasião, foi cumprido um mandado de busca e apreensão e encontrados documentos e roupas de crianças enterrados no terreno, além de livros de procedimentos cirúrgicos, grande quantidade de ácido glicólico, diversos cartões de crédito, documentos de pessoas jurídicas de fachada e carros de luxo.
Caso no Maranhão
Donato Brandão Costa foi preso em abril de 1999, e levado para a delegacia de polícia do bairro do Anjo da Guarda, em São Luís, acusado de participar de seita denominada ‘Brandanismo’, estabelecida na praia do Araçagi, entre as cidades de São Luís e São José de Ribamar.
Ele foi considerado o líder da seita, na qual, segundo a Justiça, os seguidores lhe deviam obediência irrestrita e onde aconteciam rituais de purificação, entre eles de jejuns superiores a sete dias, espancamentos e violência sexual, com a prática de homossexualismo masculino, culminando com a extirpação dos órgão genitais. Ao menos três vítimas feitas por Donato foram identificadas à época: José Ribamar Sousa Cidreira, Rejano de Jesus Moraes e Israel Raphael de Jesus Brandão Costa.
Em 1996, Donato fundou a Moderna Unidade Normativa de Desenvolvimento Intelectual da América Latina (Mundial). A organização tinha como objetivo o ‘fomento de desenvolvimento intelectual’, com seguidores em seis Estados brasileiros. Denunciado pelo Ministério Público do Maranhão (MP-MA), Donato foi condenado a 28 anos e oito meses de reclusão. “Ele era outro salvador. Jesus Cristo já tinha vindo e voltado. Ele era maior que Jesus Cristo, por que ele era o novo. Jesus Cristo veio e já foi. Ele veio e ficou ainda”, disse Antônio Soares, seguidor que ficou 10 dias em poder da seita, mas conseguiu escapar. Ele contou que era obrigado a ouvir a mesma música por vários dias.
Donato Brandão Costa exigia reverência dos seguidores e tinha momentos de intimidade com alguns deles. Sexo, só com o ‘Pai’, e para todo pecado, havia um castigo. Até os homens contratados para executar o ‘sacrifício’ em nome da seita ficaram espantados com o serviço. “Me jogaram no chão e foram direto para fazer o serviço. Depois que fizeram em mim… interessante que o meu foi
muito lento e o do Rejane e o do José de Ribamar foi muito rápido. Me cortaram com uma faca de serra”, contou uma das vítimas, Israel Brandão Costa.