DIA DO REPÓRTER

Repórter: caçador de notícias

Na data dedicada ao repórter, o jornal O Imparcial faz um passeio sobre como é o dia a dia desse profissional

Faça chuva ou faça sol, seja de dia ou à noite, em condições de paz ou de guerra, lá está a figura do repórter, pronto a apurar para dar a notícia ao leitor, telespectador, internauta, ouvinte, enfim, público em geral. É para esse profissional, sem o qual os meios de comunicação não teriam credibilidade, pois ele é imprescindível para a produção de conteúdos apurados e com qualidade profissional, que vai a homenagem de O Imparcial.

Na data em que se comemora o Dia do Repórter, vamos mostrar um pouco de como é a rotina desse trabalhador, desse, digamos, caçador da notícia. A principal tarefa do repórter é a cobertura de pautas e notícias, com investigação profunda dos fatos, entrevistas e produção de um texto explicativo, imparcial e direto para o público-alvo.

O cargo de repórter está presente em todas as áreas da comunicação social, seja na televisão, rádio, internet ou jornalismo impresso. Todo repórter é jornalista, mas nem todo jornalista é repórter, cargo a ser ocupado por um profissional que foi habilitado através do curso superior de Jornalismo. Mas voltemos ao trabalho do repórter. Ao receber um jornal impresso prontinho, o leitor talvez não se dê conta de como foi a dinâmica para aquele produto chegar ali daquela forma.

A pauta

Tudo começa com a reunião de pauta. É ali que são discutidos e definidos os assuntos que estamparão os jornais no dia seguinte, levando-se em consideração que esse “roteiro” pode ser modificado de acordo com movimentação do dia e os assuntos factuais que podem surgir. Também na pauta, editores e repórteres apontam melhores caminhos a serem buscados e as fontes que podem ser consultadas.

“A pauta te dá um direcionamento sobre a matéria que você vai apurar. Nem sempre escrevo sobre o que gosto ou escolho a pauta que quero, mas essas oportunidades também me levam a desafiar a mim mesmo a instigar outras
áreas em que posso também me destacar”, conta o graduando em Jornalismo e estagiário Luís Furtado.

Para Samir Aranha, editor-chefe de O Imparcial, a pauta é uma ideia do que seria a produção do dia seguinte, mas ela vai sendo construída conforme as coisas estão acontecendo. “Trabalhamos com o factual e com a programação e é ilusão achar que faremos pela manhã o jornal do dia seguinte, porque as coisas são mutáveis e é o repórter que vai moldar a pauta que ele recebe”.

A apuração

Pensada a pauta, é hora de buscar informações sobre o assunto antes de “ir pra rua”. O cenário ideal para a apuração é, sem dúvida, quando o repórter está frente a frente com a sua fonte. Mas, caso não exista a possibilidade de realizar a entrevista no local, os recursos do telefone e da internet também são utilizados.
Na rua, o repórter tem que se desdobrar caso o assunto exija mais fontes.

Distribuídas as equipes, cada repórter sai em direção às suas fontes ou locais de apuração. No caso do impresso,
além do jornalista, acompanha o fotógrafo. “Meu dia a dia como repórter é corrido, e nenhum é igual ao outro, já que cada pauta demanda um lugar para ir, pessoas diferentes com quem falar. Há dias em que não rende, o que é
bem frustrante. A melhor parte, sem dúvida, é conhecer melhor a cidade. Não nasci aqui e durante muito
tempo não me envolvi com muitas coisas de São Luís”, comenta a repórter Tayna Abreu.

O jornalista Douglas Cunha, que sempre gostou de ser repórter embora já tenha tido outras funções, foi chamado certa vez de “O Repórter da Cidade”. Há 49 anos no jornalismo, começou a carreira na Rádio Gurupy como repórter esportivo e depois como repórter policial. “Em O Imparcial, lembro, entre os vários momentos importantes, quando desenvolvendo investigação paralela, descobri antes da polícia os matadores do pescador ‘Seu Cândido’ e seus dois sobrinhos, residentes no São Francisco, mortos a pauladas por ladrões de gado, na Ponta da Madeira
(Itaqui)”, recorda o jornalista.

O texto

Após a apuração, é hora de escrever o texto. De volta à redação, o repórter elabora a sua reportagem, conta a sua história. “Ser repórter não é somente contar histórias, mas também ter a oportunidade de vivenciá-las. Em alguns casos, se torna algo até meio que ‘mágico’, porque nós temos a oportunidade de viver essas histórias, e em alguns casos, até se emocionar com elas, e eu acredito também que, em um certo ponto da vida, isso vai servir de lição pra gente. Afinal, a vida é um eterno aprendizado e esse ofício te proporciona algo extremante proveitoso”, afirma Rafaelle Fróes, estagiária.

Para Zezé Arruda, 38 anos de jornalismo, 35 deles dedicados a O Imparcial, uma boa ou excelente matéria não há leitor que não queira ler. “Ser repórter é estar atenta aos acontecimentos do dia a dia. Ser participante, xeretar, ser curiosa em qualquer área. Fazer o trabalho com dedicação, aplicação. Ir fundo nos acontecimentos, apurar a matéria com responsabilidade, extrair o máximo que podemos dos entrevistados. Fazer o trabalho com profissionalismo, gostando do que faz e não só pra fazer de conta”, opina

A edição

Texto feito, é hora de enviar para a editoria específica sobre o assunto. Editores do caderno Vida, Impar, Esportes, Polícia e Política recebem os textos e entram em ação para fazer os ajustes que acharem necessário. Daí em diante entra em cena o papel do diagramador, revisor e, por fim, a avaliação final da direção de redação. No dia seguinte, o texto do repórter passa por uma avaliação mais rigorosa, a do leitor.

que dizem os repórteres?

Abaixo, depoimentos de alguns dos repórteres de O Imparcial sobre a vida de um repórter, onde nenhum dia é igual ao outro. Uns mais novos na profissão, outros mais experientes, o repórter tem muita história para contar e várias delas são divididas com o público nos mais diferentes meios de comunicação

Raimundo Borges

Desde o dia 1º de setembro de 1970, adotei o jornalismo como meio de vida. E quase, de morte também. Caí de avião, fui sacudido por terremoto, fiquei à deriva no mar, sofri e me diverti. Sonhei e lutei. Errei e acertei. Só não na Mega-Sena. Luís Fernando Verissimo disse algo assim: “Às vezes, a única coisa verdadeira num jornal é a data”. E eu pergunto, intrigado, mas com certa dose de razão: “E quando a data, também, sai errada?” Em jornalismo não há nada indefectível. A julgar pelo que se lê no horóscopo.

Durante 46 anos acompanho, participo e tento compreender a evolução do jornalismo nas suas diferentes facetas,
meandros e intrínsecos formatos. Confesso que vivi na companhia de colegas como Pedro Freire, Douglas Cunha, Zezé Arruda, Neres Pintos e centenas de jornalistas de gerações e pensamentos discordantes. Com todos tirei lições sábias, com as quais pude fazer da Redação de O Imparcial e fora dela um campo de experiências e um ambiente de provações e de aventura fascinantes. É, pelo jornalismo, que o escrevinhador é convidado a ser o mestre de cerimônia da história. A história do dia a dia, contada, ouvida e reproduzida. Portanto, fazer diariamente um produto novo e diferente para milhares de pessoas de todos os níveis sociais, sem conhecê-las, é desafiante e estimulante. Por isso, faço do jornalismo a forma mais ousada e audaciosa de indagar, perplexo: “Como fazer o jornal de amanhã?”.

Douglas Cunha

“Em 1975, migrei para mídia impressa no O Imparcial, onde já passei por várias funções como chefe de reportagem, editor executivo e outras, mas sempre optando por ser repórter. Em 1980, entrei na Rádio Timbira como redator, mas os 15 anos que ali passei levado por Ruy Dourado, embora exercendo a chefia do Departamento de Jornalismo, sempre estava na função de repórter. Muito feliz em ter sido chamado “O Repórter da Cidade”.

Tayna Abreu

“Atuar como repórter na editoria de Vida (que equivale a Cidades) mudou a minha forma me relacionar com a cidade para onde me mudei. O melhor de ser repórter é o contato com a redação, é um aprendizado necessário dia a dia. O pior dessa carreira é quando a pauta não rende, quando as pessoas não respondem. O contato com algumas assessorias é complicado, pois precisamos de agilidade nas respostas, o que geralmente não acontece”.

Neres Pinto

“Comecei muito cedo no jornalismo impresso e radiofônico. Décadas se passaram, mas, apesar de ter adquirido boa dose de experiência, ainda assim entendo que quase todos os dias tento aprender alguma coisa que possa ser importante para chamar a atenção do leitor. Gosto de ouvir críticas e opiniões sensatas de todos, seja de um doutor ou de um analfabeto. É com o público leitor que busco me sensibilizar para narração dos fatos que contam a história dos nossos dias. Hoje, lido com uma área onde temos exigentes leitores, ou seja, os apaixonados, fanáticos e, por que não dizer, loucos por aquele que é chamado de o esporte das multidões: o futebol. Também atuo em outras editorias. Nesses quase 50 anos, lidei com situações diversas.

Muitas dificuldades foram superadas para conseguir a notícia em primeira mão, sem distorção, e a divulgação de fatos que necessitaram de cuidadosa investigação. Assim, consegui levar ao leitor algumas matérias de grande repercussão local e nacional. Uma delas provocou a criação de uma CPI Nacional do Futebol, que teve início por São Luís, e mais recentemente a mudança no comando da administração desse esporte no Maranhão.

De uma coisa estou certo: é difícil ser jornalista sem ser persistente, gostar daquilo que faz, ser ético e não
medir sacrifícios para apurar e transmitir os fatos àqueles que se interessam pela informação. É ser corajoso para saber ouvir e noticiar com responsabilidade e isenção”.

Rafaelle Fróes

“Eu ainda estou no início da carreira, então acredito que muita coisa ainda vai rolar, mas acho incrível a ideia de ser, de certa forma, mediadora e uma contadora de histórias. De uma forma bem romantizada, eu acho muito especial. Eu sempre quis seguir a profissão, desde muito nova eu adorava a ideia não de estar na TV, mas de poder ser essa contadora de histórias. Sempre fui apaixonada por literatura, então uma coisa puxou a outra. E quando a hora de fazer a minha escolha chegou, eu não tive dúvida. Não me arrependo da escolha que fiz, e sei que, apesar do pouco reconhecimento, o nosso poder da palavra é algo muito precioso”.

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