Esferas 3D ajudam no estudo de infecções
Dispositivo com a bactéria da tuberculose: infecção e tratamento supervisionados ajudam aprofundar estudo de outras contaminações
Ter uma visão diferenciada de como se dá a infeção no corpo humano e as reações durante o tratamento pode ser definitivo no combate a essas complicações. Cientistas da Universidade de Southampton, no Reino Unido, recorreram à tecnologia 3D para possibilitar esse tipo de análise. Eles criaram minúsculas esferas tridimensionais cujo conteúdo são células contaminadas pela bactéria da tuberculose, o bacilo de Koch. A solução, descrita neste mês nas revistas mBio e eLife, ajudará no estudo aprofundado de outras contaminações.
“Nosso modelo 3D poderá ser usado para integrar abordagens de engenharia e biológicas com espécimes clínicos a fim de criar um sistema inteiramente novo de estudo de infecções”, ressaltou, em comunicado, Paul Elkington, líder do estudo. “Estamos muito satisfeitos em estender nossa pesquisa e ter a oportunidade de combinar diversos conhecimentos para desenvolver um sistema laboratorial avançado e que possa ser aplicado em uma ampla gama de infecções, especialmente as prevalentes em países pobres em recursos.”
Segundo Elkington, as esferas 3D podem ser criadas com uma matriz de colágeno, o que as tornaria bem parecidas com um pulmão humano. “É criado um ambiente que permite o teste de antibióticos específicos, importantes no tratamento de pacientes para matar a infecção. Isso não pode ser feito com um modelo de pesquisa 2D”, comparou. As esferas tridimensionais também conseguem prolongar os testes científicos por até três semanas, quatro vezes mais que o período suportado nos modelos padrões.
Com esses novos atributos, acreditam os criadores, será possível turbinar estudos científicos. “Esse sistema nos ajudará a acelerar o processo de encontrar tratamentos e vacinas para a tuberculose humana, uma infecção que mata 1,8 milhão de pessoas por ano”, ressaltou Elkington.
A próxima fase da pesquisa contará com a colaboração do Instituto Africano de Pesquisa em Saúde, em Durban, na África do Sul, país com alta incidência da doença. “Esse é o início do que esperamos ser uma colaboração de longo prazo, que trará verdadeira inovação aos nossos programas de pesquisa sobre a tuberculose e acelerará o ritmo de descoberta para combater essa epidemia mortal”, disse Al Leslie, pesquisador do instituto.