Pokémon leva pessoas a se concentrarem no Centro Histórico
Praças e monumentos de São Luís são tomados por jogadores de Pokémon Go, que ficam buscando com seus celulares os prêmios e criaturinhas do jogo
Por: Patricia Cunha
Quem costuma frequentar o Centro Histórico de São Luís percebeu uma movimentação “anormal” no local desde o início deste mês, quando foi lançado oficialmente no Brasil o jogo Pokémon Go. Locais antes pouco frequentados à noite, agora são vistos cheios de caçadores de Pokémon. Embora não oficialmente, o número de pessoas vistas em frente ao Palácio dos Leões, um dos principais pontos turísticos da cidade, aumentou consideravelmente. O motivo é que a Praça Pedro II abriga vários pokestops, locais fixos onde os treinadores podem coletar periodicamente alguns itens, como pokébolas e incensos.
Rafael Santos e Luísa Porto, namorados e estudantes do curso de Direito, agora costumam “passear” pelo Centro Histórico com mais frequência. “Não vou mentir que a gente sempre encontra um tempinho agora para apreciar o monumento do Palácio dos Leões”, diz, entre sorrisos, Luísa. “A verdade é que a gente pode curtir, namorar e ainda jogar por aqui”, completa Rafael.
jovens se reúnem no Centro Histórico para caçar pokémons
jovens se reúnem no Centro Histórico para caçar pokémons
jovens se reúnem no Centro Histórico para caçar pokémons
jovens se reúnem no Centro Histórico para caçar pokémons
Rafael e Luísa são dois dentre centenas de adolescentes, jovens e adultos que, jogadores assíduos de Pokemon Go, vão aos locais para abastecerem-se de pokébolas e/ou caçarem os “bichinhos”. “É a primeira vez que ela vem aqui. Era para ter trazido antes, mas agora ela que me chamou para vir”, comenta o eletricista Raposo Junior, pai de Estephanie Lima, de 13 anos. Para não perder a viagem, Raposo que também instalou o jogo, aproveitou para mostrar outros monumentos da Praça Pedro II para a filha, como o prédio da Prefeitura, do Tribunal de Justiça, a Catedral da Sé.
“Nesse tempo todo que estou aqui trabalhando nunca tinha visto tanta gente aqui à noite. Agora ficam todos aí”, diz um segurança do Palácio dos Leões que preferiu não se identificar. Perguntei se ele também joga e ele respondeu meio envergonhado que sim, mas “só nas horas vagas, que fique claro”.
A mudança de rotina chamou a atenção de guardadores de carros, vendedores ambulantes e funcionários que trabalham nos estabelecimentos e órgãos próximos dali.
O ambulante Antônio do Sorvete está agradecendo pelo movimento noturno. “Dá para a gente esticar um pouco mais o horário e vender por aqui. Mas não sei o que é isso não. Só sei que é um jogo”, diz.
O flanelinha Itamilson da Silva garante que o dinheirinho no final do dia aumentou. “Muita gente de carro, senhora. Aí dá pra gente ganhar um pouco mais. É um jogo né, que as pessoas querem pegar uns bichinhos? Só tem que tomar cuidado é com o celular”, adverte.
O comerciante Aníbal Cardoso considera importante que os pokestops estejam em locais de grande fluxo de pessoas. “Acho que isso é muito bom para o turismo da cidade e são locais aparentemente seguros para jogar. Na primeira vez que viemos aqui tinha uma viatura rondando”, diz.
Interação
O que dá para perceber nos aglomerados para caçar Pokémon é que enquanto uns ficam ali sozinhos absortos com seu celular, outros formam pequenas rodas, interagem com outros jogadores. “Ah, a gente quer saber quantos e quais Pokémon a pessoa tem e aí acaba fazendo amizade, trocando whatsapp, acho que acaba reunindo as pessoas. Ao contrário do que dizem, que isola a pessoa”, acredita Luciano Sá, estudante de Administração.
O escritor Bruno Azevedo se assume um apaixonado por jogos. Ele, que acompanhou toda a evolução do videogame, é profundo conhecedor do assunto e revela que várias vezes vai com amigos para o Centro Histórico. Ele que já ia bastante, agora tem um motivo a mais.
“Costumo ir à Pedro II pelo menos duas vezes por semana e nunca na vida vi tanta gente querendo Pokémon lá. A Pedro II é uma meca Pokémon. Só gostaria que tivesse mais policiamento lá do que quando tem protesto (risos). Só na Praça João Lisboa tem 6 pokestops. No dia da entrevista ele tinha instalado o programa há 4 dias e já tinha 58 Pokémon. Ao todo são 250 no jogo. Mas ele diz que não é viciado. “Certo dia fui pra lá com mais cinco amigos e saímos de lá uma hora da manhã. É interessante pela experiência coletiva e isso vira uma forma de comunicação entre as pessoas”, diz Bruno.
Em excesso prejudica
Além dos cuidados que se deve ter na hora de capturar Pokémon, porque o celular pode ser alvo fácil para bandidos, outra preocupação é com a dependência e o vício.
Para a psicóloga Lana Oliveira, os jogos de forma nenhuma são vistos de forma negativa, desde que não sejam jogados em excesso. “Não vejo como prejudicial desde que não seja nocivo. O cuidado que se tem que ter é com o número de horas que você está jogando, porque atualmente em todo o mundo as pessoas ficaram dependentes da tecnologia, então, é saber se o jogo não incita a violência ( o que não é o caso). Por mais que seja uma febre, a pessoa deve ter controle sobre seu comportamento para não ser prejudicado futuramente. E qualquer coisa, pedir orientação de um profissional ”, diz a psicóloga.
Itens do Jogo
PokéBola
A PokéBola vermelha e branca está disponível desde o início do game e o treinador começa com uma boa quantidade delas. Elas servem para capturar Pokémon pelo cenário, e precisam ser repostas caso acabem – mas não se preocupe, é fácil conseguir mais. As PokéBolas podem ser obtidas em PokéStops ou compradas com dinheiro real por meio das moedas virtuais adquiridas previamente. Com o tempo, quanto maior o nível do treinador, ele pode conseguir bolas melhores, como a UltraBola e a MasterBola.
Incenso
O incenso pode ser utilizado para atrair mais Pokémon para perto do treinador. Quando ativado, ele dura apenas 30 minutos, mesmo quando o jogador desliga o game no celular.
Assim como outros itens, os incensos também podem ser obtidos na loja online ou em PokéStops, de graça, mas de forma diferente.
Lucky Egg
O Lucky Egg é um ovo diferente do padrão encontrado no game. Quando utilizado, ele dobra a experiência recebida do treinador durante 30 minutos, seja capturando Pokémon, passando por PokéStops ou dominando ginásios. O Lucky Egg é um pouco mais raro de conseguir em PokéStops, mas pode ser comprado normalmente na loja.
Lure Module
Um dos itens mais importantes do jogo, o Lure Module funciona de forma similar ao Incenso, mas só pode ser usado em PokéStops e serve para qualquer treinador que estiver próximo. Desta forma, ele atrai Pokémon durante 30 minutos para perto do PokéStop onde foi ativado.
Por ser muito útil para todos, ele é bem raro de se obter em PokéStops, mas pode ser comprado com moedas.
Egg Incubator
O Egg Incubator serve para chocar ovos de Pokémon, da mesma forma que o padrão que já começa com o jogador. Porém, cada Incubator serve apenas para um ovo: comprando mais, temos a chance de incubar vários ovos por vez. O Egg Incubator não aparece em PokéStops, mas pode ser comprado com moedas premium, por um preço bem salgado.
Bag Upgrade
O Bag Upgrade é mais ou menos o que o nome em inglês define: uma melhoria para a mochila do jogador. Ela permite que o máximo de itens carregados com o treinador aumente em mais 50 do número inicial. O Bag Upgrade só pode ser comprado, e não recebido em PokéStops.
Itens medicinais
Assim como nos jogos tradicionais da série, Potion e Revive são itens medicinais para os Pokémon. A Potion restaura 20 pontos de vida de um Pokémon, enquanto o Revive recupera um monstrinho morto. Os dois itens são obtidos em PokéStops, e não na loja online do game.
Câmera
A câmera é um item “automático” e “infinito” do game. Ele é fixo e todo treinador tem um. Pode ser usado durante a captura dos Pokémon – basta pressionar o botão de câmera que aparece no modo de realidade aumentada e registrar uma foto no ambiente. A câmera não tem uso limitado, não pode ser melhorada e nem obtida em PokéStops ou loja. Ela é totalmente fixa de cada treinador.