EDITORIAL

Obesidade brasileira

Vão longe os tempos em que ser gordinho era sinônimo de saúde. Exibir bebês cheinhos, com curvas nas coxas e bochechas salientes, deixou de ser motivo de orgulho para os pais. A barriga protuberante, símbolo de prosperidade, tornou-se sinal verde para doenças cardiovasculares e, claro, fonte de preocupação. Mais do que dedo acusador dos abusos […]

Vão longe os tempos em que ser gordinho era sinônimo de saúde. Exibir bebês cheinhos, com curvas nas coxas e bochechas salientes, deixou de ser motivo de orgulho para os pais. A barriga protuberante, símbolo de prosperidade, tornou-se sinal verde para doenças cardiovasculares e, claro, fonte de preocupação. Mais do que dedo acusador dos abusos do copo e do garfo, o ponteiro da balança é hoje intimação para bater à porta do médico.
O sobrepeso — muito além da vaidade e da aceitação social — é fator de risco para doenças como hipertensão, diabetes e câncer. A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), feita pelo IBGE em parceira com o Ministério da Saúde, levantou dados preocupantes. Mais de 56,9% dos brasileiros com mais de 18 anos têm excesso de peso. Deles, 20,8% são obesos. Por seu lado, 2,5% da população na mesma faixa etária têm deficitl de quilos.
Descontados os casos de morbidez, dois fatores contribuem para o aumento do peso — ambos intimamente relacionados à vida moderna. Um deles é o sedentarismo. Adultos e crianças se movimentam pouco. Máquinas fazem o trabalho antes exclusivo das pessoas. Até o ir às compras tornou-se dispensável. A internet se encarrega de manter o contato de comprador e vendedor sem que um deles se desloque da cadeira ou da poltrona.
O simples levantar-se para mudar o canal de televisão virou coisa do passado. O controle remoto substituiu o esforço antes tão natural. Crianças continuam gostando de jogos e brincadeiras de roda, pique-esconde ou casinha. Mas se divertem eletronicamente. Disputas emocionantes — futebol, vôlei, natação, basquete, atletismo — ocorrem no vídeo, com auxílio de controles. Pratos gostosos são preparados na tela e servidos para convidados digitais. Não por acaso as crianças desenvolveram nova motricidade.
Outra causa significativa para o sobrepeso é a alimentação. Come-se mal. Comidas e bebidas industrializadas — com alta concentração de gordura, açúcar e sódio — substituíram as naturais. Frutas e hortaliças perderam o privilégio de figurar na mesa. Refrigerantes e sucos em caixinhas tomaram a vez da água ou da bebida feita em casa. Não só. A pesquisa mostrou que 34,6% dos brasileiros têm especial predileção por carne com gordura, e 56,9% tomam leite integral.
Impõe-se reviravolta nos hábitos. Não é tarefa fácil. Mudar implica aprender. Aprender significa mudar. A escola exerce importante papel no processo. Cantinas só devem oferecer alimentos saudáveis. O cultivo de horta feito pelos alunos no ambiente escolar constitui excelente exemplo que se multiplica no âmbito familiar e contagia as gerações futuras. Campanhas educativas podem — e devem —incentivar atividades físicas e alimentação saudável. A tevê também exerce excelente motivação.
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