Marina Silva afirma que COP30 em Belém “Não é festa, é luta”
Ministra defende estratégias para substituir combustíveis fósseis

A candidata Marina Silva (Rede). Foto: sérgio Lima/ AFP
Nesta terça-feira (15), a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, voltou a enfatizar a importância do combate ao aquecimento do planeta com planos estratégicos para substituir os combustíveis fósseis por fontes de energia renováveis e menos agressivas ao meio ambiente.
Em participação no simpósio Conectando Clima e Natureza: Recomendações para Negociações Multilaterais, em Brasília, a Marina Silva lembrou a seriedade do compromisso com o meio ambiente assumido há 32 anos na Cúpula da Terra, a ECO 92, na cidade do Rio de Janeiro.
“A gente vai ter que se planejar para uma transição justa para o fim do combustível fóssil, se não, a gente vai ser mudado. E já estamos sendo mudados”, disse.
Segundo a ministra, tal planejamento precisa se traduzir na entrega das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em inglês) pelas nações signatárias do Acordo de Paris, até a próxima Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), sediada pelo Brasil, em Belém (PA).
“Não é festa, é luta. Não é a Copa do Mundo, não é a Olimpíada, é uma COP, que a gente poderia dizer que vem em um momento em que estamos vivendo a pedagogia do luto e da dor por muitas coisas, inclusive pela ameaça ao multilateralismo, solidariedade e a colaboração entre os povos”, destacou.
Com um plano sólido e estratégico, a ministra afirma que é possível promover essa transição evitando problemas como extremos climáticos que causam temporais, secas, incêndios e desempregos.“Eu gosto da ideia de a gente se planejar para mudar, porque daí a gente tem a chance de poder gradativamente fazer as coisas sem os efeitos indesejáveis da mudança”, enfatizou.
Além disso, a magistrada ainda afirma que as negociações climáticas precisam entender que, no ano passado, o planeta atingiu a temperatura de 1,5ºC acima do período pré-industrial.“O clima é parte da natureza, mas a gente fez algo tão terrível que agora a gente tem que conectar clima e natureza como se fosse algo separado”, ressaltou.
Povos Indígenas
Sonia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas, que também participou do simpósio, destacou que os originários têm trabalhado por um maior protagonismo indígena dentro da política global e nas decisões sobre as mudanças climáticas. “Estamos preocupados, não com a quantidade, e, sim, com a qualidade, de como nós, povos indígenas, podemos fazer valer o que vem lá do Acordo de Paris, que é esse reconhecimento do conhecimento tradicional, do conhecimento indígena também como conhecimento científico”, disse.
Segundo Sonia, a sinergia entre os indígenas e a natureza é um fator fundamental na construção de soluções para combater os desafios globais estabelecidos pelas mudanças climáticas, e o exemplo da Floresta Amazônia é evidência disso. “Os povos indígenas no Brasil não construíram grandes cidades, mas construíram uma grande floresta. E essa biodiversidade que a gente tem não é assim por si só, ela é hoje essa biodiversidade gigante por conta desse trânsito livre desses povos indígenas levando as sementes e toda essa riqueza para se construir esse lugar”, finaliza.