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IFMA desenvolve aplicativo para compreender língua Guajajara

IFMA desenvolve aplicativo para compreensão da Língua Tentehar – Guajajara. O software foi elaborado por professores, técnicos administrativos, estudantes e indígenas

(Foto: Divulgação)

O Instituto Federal do Maranhão (IFMA) conquistou, junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), novo certificado de registro de software. O documento certifica o registro do aplicativo Zane Ze’ge – uma ferramenta desenvolvida no Campus Grajaú que auxilia no conhecimento e compreensão de termos e expressões da Língua Tentehar – Guajajara.

O aplicativo – que se originou de projeto que contou com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Maranhão (FAPEMA) – vai auxiliar estudantes e professores da educação básica a acessarem, de forma prática, informações, termos e expressões da Língua Tentehar – Guajajara sem a necessidade de dicionários físicos ou sites da internet. O programa também contribui para alcançar os objetivos da lei nº 11.645/2008, que institui o ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena nas escolas.

O sistema foi desenvolvido por uma equipe multidisciplinar composta por estudantes dos cursos técnicos em Informática e Administração, por técnicos administrativos e professores das áreas de Sociologia, História e Informática.

Por enquanto o aplicativo está disponível para os desenvolvedores e pesquisadores, mas a inclusão nas plataformas para download já está prevista na próxima etapa do projeto. “Nas próximas versões esperamos trazer mais termos e expressões e também disponibilizar áudio”, destacou o coordenador do projeto e professor de sociologia, Charles dos Santos. “Foi uma experiência de muita parceria e aprendizado, em que trabalhamos em conjunto com integrantes do Núcleo Indígena do campus e com estudantes que são Tentehar – Guajajara”, afirma Charles. “Aprendemos muito sobre linguagem, costumes e tradições do Povo Tentehar – Guajajara e ver que professores e estudantes da região e do Maranhão sentem a necessidade de ferramentas tecnológicas que auxiliem nesse processo de conhecimento das línguas indígenas”, destacou.

Para Alexssandra Regina Lopes Guajajara Silva, coordenadora do Núcleo Indígena do Campus Grajaú, a participação do Núcleo foi fundamental em todo o processo de desenvolvimento do aplicativo. “Atuamos desde a ideia até a validação do conteúdo, sempre em diálogo com os professores envolvidos no projeto”, mencionou. “Essa parceria garantiu que o aplicativo refletisse de forma fiel a cultura, a língua e as necessidades dos povos indígenas da nossa região”, prosseguiu.

Escuta dos estudantes e lideranças

O núcleo realizou a escuta dos estudantes e lideranças das comunidades, o que contribuiu para tornar o aplicativo mais representativo e funcional. “Eu, como indígena, vejo esse projeto como um marco para a valorização da nossa língua e cultura”, avaliou Alexssandra. “Os alunos indígenas participaram ativamente do processo, contribuindo com palavras, expressões e reflexões importantes para a construção do glossário Zane Ze’eg e foi muito bonito ver o envolvimento deles, sentindo-se representados e protagonistas dessa iniciativa”, destacou. “Todo o trabalho foi construído com escuta, respeito e diálogo, fortalecendo nossa identidade e mostrando que nossa língua também pode ocupar os espaços tecnológicos”, prosseguiu.

A estudante Yumi Atanazio Guajajara, bolsista da Fapema de iniciação de desenvolvimento tecnológico e inovação, com os professores Charles dos Santos (à esquerda), e Dhiogo Gomes

Filha de mãe indígena, a estudante do curso de Informática do campus, Yumi Atanazio Guajajara, 18, foi bolsista do projeto em iniciação de desenvolvimento tecnológico e inovação, com apoio da FAPEMA, e destacou a sua importância para a comunidade indígena. “Na aldeia não é tão falado português quanto na cidade e há uma dificuldade de entender certas expressões na língua portuguesa e vice-versa, como quem fala português tem dificuldade de entender a língua Tentehar”, explicou.

“O glossário do aplicativo e a tradução de alguns termos e expressões ajudam na escola, no trabalho e na comunicação, para o entendimento da língua e da cultura”, avaliou.

“Essa primeira versão já tem gerado impactos positivos e, com certeza, foi um passo importante para promover uma educação mais inclusiva e conectada com os saberes indígenas”, pontuou Alexssandra Guajajara. “Foi a realização de um sonho coletivo e aplicativo Zane Ze’eg é mais do que uma ferramenta — é um ato de resistência, de memória e de amor pela nossa língua e cultura”, concluiu.

Inovação e credibilidade


O registro de software pelo INPI confere ao aplicativo Zane Ze’ge uma proteção legal essencial, assegurando os direitos autorais ao IFMA Campus Grajaú. O reconhecimento oficial fortalece a credibilidade do projeto, valorizando o trabalho da equipe de desenvolvimento e incentivando novas inovações. Além disso, proporciona segurança jurídica, protegendo contra cópias não autorizadas e o uso indevido do software.

“É uma sensação muito boa, pois esse registro garante a proteção de um software que é fruto da pesquisa e do trabalho de várias pessoas comprometidas com a educação e os direitos humanos e nos motiva a seguir inovando”, afirmou Rodrigo Macedo, professor de Informática do campus e um dos integrantes da equipe que desenvolveu o aplicativo.

Elaborado por meio linguagem de programação JavaScript, o App foi desenvolvido, entre 2023 e 2024, durante a vigência de projeto de inovação tecnológica (PIBITI) coordenado por Charles dos Santos. “O aplicativo ainda vai passar por melhorias, mas já há interesse na comunidade em usar o Zane Ze’eg nas escolas”, afirmou. “Pretendemos continuar aperfeiçoando a ferramenta, garantindo a inserção de mais dados, melhorando a acessibilidade e a experiência dos usuários”, prosseguiu.

Equipe


A equipe de desenvolvimento é composta por Yumi Atanazio Acelino e Silva Guajajara (estudante); Cleciomar Ribeiro de Sousa Guajajara (estudante); Yaslee Ribeiro Lopes Guajajara (estudante); Alexssandra Regina Lopes Guajajara Silva (Núcleo Indigena do Campus); Domingos Bernardo Guajajara Junior (Núcleo Indigena do Campus); Kawana Lopes Guajajara da Silva (Núcleo Indigena do Campus); Hamilton de Arruda Souza (TAE); Charles dos Santos (professor/sociologia); Rodrigo da Costa Barros Macedo (professor/informática); Paulo Ericson Valentim (professor/informática); Dhiogo Rezende Gomes (professor/história).

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