Morre Elvas Ribeiro, o Parafuso, um dos grandes nomes do rádio maranhense
Familiares e amigos se despedem do radialista, que deixou memórias e histórias marcantes durante as 3 décadas em que trabalhou em várias emissoras do Maranhão.

Parafuso faleceu na noite de quinta-feira (27), em São Luís, aos 93 anos. (Foto: Reprodução)

“Eis que um dia o professor entrou na sala e me viu ali dançando. Não deu tempo de eu descer e ele disse: ‘o que você está fazendo aí? Parecendo um parafuso?’. Foi assim que o radialista José de Ribamar Elvas Ribeiro, me explicou, em uma entrevista que fiz com ele em 2014, sobre o apelido que levaria para o resto da vida, e que foi inclusive, registrado em cartório.
Parafuso faleceu na noite de quinta-feira (27), em São Luís, aos 93 anos. Familiares e amigos se despedem nesta manhã, daquele que foi um dos nomes mais importantes do rádio maranhense. O velório ocorre na Central de Velórios Pax União (Rua Oswaldo Cruz, 1241 -Centro). Não foram divulgadas informações sobre o sepultamento.
Parafuso atuou por quase 3 décadas em emissoras de rádio e TV maranhenses, e em 2014 publicou o livro “Memórias de um Parafuso”, em que contava as histórias e memórias do tempo que atua no rádio.

Referência na história do rádio no Maranhão, o mais famoso sonoplasta da época áurea do rádio maranhense foi criado nos bairros do Centro. Iniciou no rádio acidentalmente aos 22 anos muito mais interessado nas regalias que dispunham os radialistas da época – um chamativo para o desenhista assumidamente boêmio desde a adolescência.
Procurado várias vezes por estudantes e pesquisadores para falar sobre a história do rádio, o sonoplasta resolveu escrever o livro para deixar sua contribuição para a literatura maranhense, em especial para a memória do rádio e TV maranhenses, mas também por uma questão de realização pessoal.
“Não dizem que um homem está completo quando ele planta uma árvore, faz um filho e escreve um livro? Então. Eu plantei uma que até hoje está lá em frente ao Liceu, eu passo por lá e dou um olá para ela sempre; não fiz um, mas 10 filhos (risos); e escrevi um livro. Acho que agora está tudo certo”, disse ele na época.

A jornalista e vizinha, Valquiria Santana, escreveu: “Fui vizinha do Seu Parafuso por longos anos, no bairro Vinhais, e por ele sempre tive uma grande admiração porque, além do seu humor irretocável, ele era um profundo conhecedor das melhores composições musicais, um contador de grandes histórias do rádio, uma pessoa com quem era impossível não se identificar. As conversas com ele para mim também foram aulas sobre radiofonia, música, amizades. Recordo-me sempre das manhãs de domingo, em que ele começava o dia ouvindo uma boa música em disco de vinil, e da minha casa eu tinha o privilégio de poder ‘aproveitar’ aquele som”.
Parafuso foi frequentador assíduo do Bar do Léo, na Feira do Vinhais. “Onde chegava cedo da manhã aos sábados para as compras e voltava para casa no final do dia com a sacola vazia, porque ir à feira era apenas uma desculpa para encontrar os velhos e bons amigos, no Léo”, lembou Valquíria.
Memórias e histórias
Parafuso iniciou na Rádio Timbira, em 1953, como serviços gerais, na época chamado de estafeta. Contou que suas armas eram pás de lixo e vassouras, mas que depois de algum tempo um dos diretores o chamou e disse que eu não servia para o serviço porque era muito inteligente. Foi aí que passou a trabalhar na mesa de som, como operador de rádio.
Daí, migrou para Rádio Difusora onde foi protagonista de uma história que mexeu com a cidade inteira: a Guerra dos Mundos. “Eu era sonoplasta, fazia os sons dos extraterrestres. Foi muito divertido, mas também muito sério. Fui interrogado pela polícia federal na época. As pessoas se zangaram comigo. Foi um acontecimento”, lembrou.
Parafuso também ainda trabalhou como operador de TV na Difusora, depois foi para a Rádio Ribamar, a convite de Haroldo Rego, um dos sócios ao lado de Raimundo Vieira da Silva. Foi ator e ainda humorista. Formou com Douglas Raimundo dos Santos a dupla Malha (ele era o Malha) e Marreta e por um ano se apresentaram na TV Difusora.
Sonoplasta, operador de áudio e programador musical – completaria 94 anos no mês de setembro. Elvas Parafuso partiu sereno, assistido em casa e depois no hospital, cercado de cuidados da sua esposa, filhos, filhas e netos.
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