Caso Clara Maria: o que os suspeitos confessos disseram em depoimento
Ao perceber que Clara estava morta, deixaram o corpo na sala e permaneceram no local planejando o que fariam com ele.

Clara Maria Venancio Rodrigues durante celebração de aniversário em publicação feita no último dia 5 de fevereiro - (Foto: Reprodução/ Instagram)
Os suspeitos de matar a jovem Clara Maria Venancio Rodrigues, de 21 anos, tiveram os depoimentos à polícia divulgados pela Justiça, nesta sexta-feira (14/3), após passarem pela audiência de custódia.
A juíza Alessandra de Souza Nascimento Gregório converteu a prisão em flagrante em preventiva.
Thiago Schafer Sampaio, de 27 anos, estava sozinho em casa quando os policiais chegaram à residência dele, no Bairro Ouro Preto, na Região da Pampulha. Os investigadores relatam que, ao se aproximar do imóvel, já era possível sentir um forte odor.
Um dos investigadores percebeu que, logo na entrada do local, havia uma área de jardim com cimento recente. E, ao se aproximar, o odor teria ficado ainda pior. O mesmo investigador teria raspado o local de cimento com uma faca, e logo uma parte do corpo da jovem ficou aparente. O suspeito recebeu voz de prisão naquele momento.
Ele confessou a autoria do crime. Em seu depoimento, disse que a jovem foi morta por estrangulamento, e o motivo seria uma dívida de R$ 400 que Thiago tinha com ela, quando trabalharam juntos em uma padaria no Bairro Ouro Preto. O suspeito relatou ainda aos investigadores que, cinco dias antes do crime, se encontrou com o outro suspeito, Lucas Rodrigues Pimentel, desafeto de Clara.
Planejamento e motivações
Os dois teriam planejado a morte da jovem, já que, assim, Thiago não precisaria pagar a dívida, além de poderem tirar mais dinheiro dela. Lucas ainda se vingaria da jovem. Os dois tiveram um atrito anterior.
Thiago, então, mandou mensagem para Clara dizendo que pagaria a dívida, mas teria que ser pessoalmente, pois o débito seria quitado em espécie. O encontro para o pagamento seria em uma padaria localizada nas proximidades da casa dele. Ao se encontrar com a jovem, Thiago disse que o dinheiro estava na casa dele, e os dois foram até o imóvel.
Quando chegaram, Lucas já estava no local escondido no quarto. Ele teria abordado a vítima com uma “gravata”, enquanto Thiago colocou um pano na boca da jovem para sufocá-la, pois ela estava se debatendo.
Ao perceber que Clara estava morta, deixaram o corpo na sala e permaneceram no local planejando o que fariam com ele. No dia seguinte, segunda-feira (10/3), eles cavaram um buraco no jardim da entrada e enterraram lá.
Segundo o depoimento de Thiago, Lucas teria ido embora logo depois. Na terça-feira (11/3), o corpo da vítima começou a inchar e aparecer sob a terra. Thiago relata que pegou alguns entulhos de uma obra próxima, colocou sobre a terra e começou a concretá-la.
Lucas Rodrigues Pimentel também confessou participação no crime. Em depoimento aos investigadores, o suspeito disse que, no domingo, Thiago entrou em contato com ele, convidando-o para tomar uma cerveja. Depois, os dois foram para a casa de Thiago, que disse esperar pela jovem para saldar a dívida.
Lucas também disse que, quando Thiago e Clara, chegaram ao imóvel, foi Thiago quem teria dado um “mata-leão” na jovem até que ela perdeu os sentidos.
Segundo Lucas, eles deixaram o corpo na sala e foram para a cozinha a fim de decidir o que fazer. Ele disse que voltou no dia seguinte e, por não conseguirem transporte para o corpo, decidiram cavar um buraco no jardim e enterrá-lo. Lucas alega que Thiago despiu a vítima e queria jogar as roupas da jovem fora, mas foi Lucas quem descartou as vestimentas em Ribeirão das Neves, na Grande BH.
O aparelho celular da jovem teria ficado em posse de Thiago. Lucas alegou que o crime foi motivado pela dívida que o comparsa tinha com a jovem, mas relatou do desentendimento que teve com Clara, “quando o mesmo fez uma piada de humor ácido, a qual a vítima não gostou”.
Investigações
Na tarde dessa quinta-feira (13/3), delegados da Polícia Civil concederam uma coletiva para tratar do crime. Eles disseram que as investigações continuam para determinar a motivação para a morte da jovem, já que os suspeitos deram declarações diferentes. Entre as hipóteses, estão ciúmes de Thiago e o ódio que Lucas nutria pela jovem.
Os delegados disseram que, apesar de Thiago sustentar a dívida como motivação, os investigadores acreditam que ele teria ficado com ciúmes ao encontrar Clara com o namorado, dias antes, em uma cervejaria. Amigos da jovem disseram que Thiago tinha um interesse por Clara, mas não era correspondido.
Já Lucas, segundo os delegados, nutria ódio da jovem, depois de ter sido repreendido por ela em público, por ter feito apologia ao nazismo. Desde então, ele teria dito a amigos que queria ver Clara morta.
O delegado Alexandre Oliveira disse que conversou com um amigo em comum dos suspeitos que teria relatado que Lucas teria confessado a vontade de praticar necrofilia. Os delegados disseram que ainda não é possível afirmar que o corpo da jovem tenha sido violentado, mas não descartam essa possibilidade.
Fonte: Estado de Minas