REFLEXÃO

O perigo do ódio na política por José Sarney

Em artigo onde faz uma reflexão sobre a cultura do ódio que passa o país, ex-presidente José Sarney afirmou que em sua trajetória sempre teve adversários, nunca inimigos.

José Sarney, ex-presidente da República e Escritor. (Foto: Pedro França/Agência Senado)

O ex-presidente José Sarney, em diversas ocasiões, afirmou, que nunca ter sentido ódio ao longo de sua vida pública. Em um artigo de sua autoria, a reflexão de Sarney foi destaque nos blogs e sites de notícia, movimentando os bastidores políticos do Maranhão. “Nunca tive capacidade de sentir ódio. E isso considero que me fez e faz muito bem”, declarou, ressaltando as consequências negativas desse sentimento. Para ele, o ódio gera ressentimento, que por sua vez conduz à amargura e deforma a forma de viver.

Sarney relembrou um episódio marcante envolvendo o deputado Djalma Marinho, conhecido e respeitado na Câmara dos Deputados. Após perder a eleição para presidente da Casa, recebeu uma visita solidária do próprio Sarney e do deputado Nelson Marchezan. Em uma tentativa de consolo, ouviu: “Djalma, não guarde ressentimentos”. A resposta veio de forma contundente: “Sarney, eu não guardei dinheiro na vida, que é coisa boa, lá vou guardar ódio e ressentimento, que não prestam para nada?”.

O ex-presidente que é escritor e imortal da Academia Brasileira de Letras, também traçou um paralelo entre o ódio e sua presença na literatura mundial. Ele citou Tolstói, que abordou o tema do ódio levando à tragédia; Dostoiévski, que alertou que “o ódio alimenta o ódio”; e Shakespeare, com “Otelo, o Mouro de Veneza”, onde o ciúme e o ódio resultam em um destino trágico.

No contexto político atual, Sarney lamentou a divisão do Brasil e destacou que “uma casa dividida não prospera”. Para ele, a polarização política atingiu um patamar perigoso: “Nunca vi uma época em que os homens se dividissem entre uns adeptos do diabo e outros, de Deus”. Citando Carl Schmitt, jurista do Terceiro Reich, alertou sobre a concepção do adversário como inimigo a ser eliminado, algo que levou a massacres históricos, como o extermínio de milhões de judeus na Alemanha nazista e a perseguição política após a Revolução Russa.

O ex-presidente também chamou atenção para casos extremos no Brasil atual, como a “inacreditável proposta de assassinato” contra o presidente, o vice-presidente e um ministro do Supremo Tribunal Federal. “O caso segue o devido processo legal”, enfatizou, defendendo que as punições devem ser aplicadas conforme a lei.

Concluindo, Sarney reforçou a necessidade de unidade e diálogo: “Sou partidário do diálogo, de ver o próximo como objeto de convergência e não da divergência”. E finalizou com um apelo direto: “Ódio, não!”.

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