Câmara de São Luís e Prefeito Braide enfrentam divergências em votação de vetos
Com a galeria lotada por populares e servidores públicos, principalmente auditores fiscais, os vereadores demonstraram insatisfação com a falta de diálogo por parte do prefeito, que tem sido acusado de manter a Casa Legislativa à margem das decisões do Executivo
Em uma sessão extraordinária marcada por tensão e clima acalorado, a Câmara Municipal de São Luís votou, nesta quarta-feira (5), 15 dos 23 vetos do prefeito Eduardo Braide (PSD), em meio a um impasse que evidencia o desgaste na relação entre o Executivo e o Legislativo da capital maranhense.
Com a galeria lotada por populares e servidores públicos, principalmente auditores fiscais, os vereadores demonstraram insatisfação com a falta de diálogo por parte do prefeito, que tem sido acusado de manter a Casa Legislativa à margem das decisões do Executivo.
O cenário atual expõe uma clara tentativa da Câmara de pressionar o prefeito a abrir um canal de diálogo mais efetivo. De um lado, Braide ameaça judicializar a decisão dos parlamentares que reduziram de 25% para 5% a verba de remanejamento orçamentário do Executivo. Do outro, os vereadores buscam restringir a margem de manobra política do prefeito, derrubando vetos e dificultando a aprovação de projetos de interesse do Executivo municipal.
O placar da sessão foi revelador: dos 15 vetos analisados, nove foram derrubados e seis mantidos. O restante será apreciado na próxima segunda-feira (10), já que, segundo o Regimento Interno da Câmara, a pauta está trancada até a conclusão de todas as votações.
O veto mais polêmico foi o primeiro a ser votado, com 24 votos pela derrubada e apenas cinco favoráveis à sua manutenção. O tema em questão tratava do reajuste do salário do prefeito, elevando o teto de R$ 25 mil para R$ 38 mil, que também serve de referência para o limite salarial do funcionalismo público.
Durante a sessão, o presidente da Câmara, vereador Paulo Vitor (PSB), não poupou críticas a Braide, acusando-o de usar o poder de veto como ferramenta política. “O prefeito precisa entender que a Câmara não está aqui para ser ignorada. O diálogo é fundamental para o avanço da cidade”, declarou, elevando ainda mais o tom da disputa institucional.
Em seguida, outros vetos importantes também foram derrubados, alguns por unanimidade, como o que mantinha o Programa de Atendimento Educacional Especializado, sinalizando uma oposição cada vez mais organizada e disposta a confrontar o Palácio de La Ravardiére.
A base aliada do prefeito tentou argumentar em defesa dos vetos, destacando a necessidade de uma gestão orçamentária mais responsável, especialmente em um cenário de recursos limitados. No entanto, esses apelos não foram suficientes para conter o avanço da maioria dos vereadores, que aproveitaram o momento para enviar um recado claro ao Executivo: a relação com o Legislativo precisa ser revista.
A sessão foi suspensa, com a retomada das votações marcada para o dia 10. O desfecho dessa disputa ainda é incerto, mas o embate promete continuar acirrado, refletindo uma crise política que se arrasta desde o ano passado e que agora atinge novos patamares de tensão.