Atriz maranhense Anastácia Lia denuncia racismo no Rio de Janeiro
Um casal de residentes do condomínio onde Anastácia e mais três atrizes estão hospedadas afirmou que a presença das meninas fez o local ser transformado em uma “favela”.
Um grupo de quatro atrizes foram vítimas de agressões racistas na noite deste domingo (26), em um prédio no Flamengo, Zona Sul do Rio de Janeiro. Entre as atrizes, está a maranhense Anastácia Lia, juntamente com Roberta Gomes, Negravat e Daniela Dejesus, que fazem parte do musical “Martinho: Coração de Rei”, em homenagem ao sambista Martinho da Vila.
De acordo com as jovens, um casal de residentes do condomínio onde estão hospedadas afirmou que a presença das meninas fez o local ser transformado em uma “favela”.
Elas contam que duas delas estavam fumando em uma área aberta do edifício, onde não haviam informações relacionadas a proibição do tabagismo no local. De repente, o chefe dos porteiros, José João de Arruda, começou a fazer reclamações da fumaça e afirmou que o local estava “virando uma favela”, e chamando-as de “faveladas”.
As atrizes filmaram a situação e colocaram em suas redes sociais. Na gravação, Lucenir Miranda de Arruda, esposa do funcionário, aparece enfatizando: “virou favela sim, senhora”.
Ainda no vídeo divulgado nas redes sociais das atrizes, o casal de moradores teria tentado mudar suas versões ao verem que a situação estava sendo gravada e que as jovens iriam acionar a polícia. As atrizes registraram a ocorrência na 9ª DP (Catete), que investiga a ocorrência como injúria racial. Por meio de nota, a Polícia Civil comunicou que os envolvidos e testemunhas estão sendo chamados para prestar seus devidos depoimentos.
Anastácia, que é maranhense, lamenta toda essa situação e afirma que:
“A gente se sente em uma missão antropológica. A gente vem para o Rio de Janeiro, uma cidade que sempre nos acolhe de forma especial, reverenciar Martinho da Vila, ícone que é uma referência para todas nós. Martinho é um dos grandes embaixadores da Angola no Brasil, estamos no palco falando sobre ancestralidade, nossas tradições, nosso país e a gente se depara com uma situação dessas. Não é nada que vá nos frear, que nós faça dar algum passo para trás”.
Por fim, o grupo desabafou: “Voltamos do trabalho após um final de semana intenso e tivemos que passar a madrugada inteira, até às 5h da manhã, na delegacia por conta de atitudes como essa. Mas não deixaremos esse crime impune!“, destacou.