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Trump intensifica pressão sobre a América Latina com novas medidas de imigração e sanções

A tensão entre os países latino-americanos e os Estados Unidos aumenta, com desafios para a diplomacia e novos rumos na política externa americana.

(crédito: Mandel Ngan/AFP)

A breve crise entre Colômbia e Estados Unidos, agravada por uma declaração do presidente Donald Trump a jornalistas, gerou um alerta sobre uma possível mudança na política da Casa Branca em relação à América Latina e ao Brasil. Trump afirmou, horas após sua posse em 20 de janeiro: “Eles precisam de nós, muito mais do que nós precisamos deles. Não precisamos deles. Eles precisam de nós. Todos precisam de nós.” A declaração foi feita após o presidente colombiano, Gustavo Petro, se negar a autorizar o pouso de aviões militares com imigrantes ilegais deportados. Como resposta, Trump anunciou sanções a Bogotá. Após algumas horas de tensão, o governo de Petro recuou e autorizou os voos a aterrissarem em Bogotá no dia seguinte ou, no mais tardar, na manhã seguinte. O Brasil também expressou repúdio à chegada de imigrantes deportados algemados e acorrentados pelos pés.

A ordem é aumentar as detenções de imigrantes ilegais

O governo de Trump determinou à Imigração e Fiscalização Aduaneira dos EUA um “aumento agressivo” no número de detenções diárias de imigrantes ilegais, com o objetivo de ampliar o número de prisões de algumas centenas para entre 1.200 e 1.500 por dia, conforme revelado pelo jornal The Washington Post. A motivação para essa medida seria a decepção de Trump com os resultados da campanha de deportações em massa. No domingo, 956 imigrantes foram capturados.

Reação internacional e a busca por uma resposta unificada

Javier Corrales, professor de ciência política no Amherst College, avalia que a política de Trump em relação à América Latina representa uma mudança significativa, caracterizada pelo protecionismo, penalização e intimidação. Segundo Corrales, Trump prefere pressionar os aliados dos EUA em vez dos inimigos, acreditando que os parceiros comerciais e militares se aproveitam dos Estados Unidos. Corrales acredita que as reações da América Latina ao governo de Trump provavelmente se dividirão em três abordagens: uma forma de submissão, a condenação pública do unilateralismo de Trump e uma negociação pragmática sobre temas como imigração.

A aproximação com a China e a reação interna na América Latina

Corrales alerta que, caso a política de Trump não mude, ela poderá levar à aproximação de países latino-americanos com a China, algo que muitos conservadores dos EUA temem. Já o historiador Miguel Tinker Salas, do Pomona College, acredita que a postura agressiva de Trump pode desestabilizar a região, que não está preparada para lidar com grandes fluxos de imigrantes. Tinker Salas também destaca que a dependência das indústrias dos EUA em relação à mão de obra imigrante pode ter consequências negativas para a economia americana.

O futuro das políticas de Trump para a América Latina

Robin Derby, historiadora da Universidade da Califórnia e diretora da cátedra de história da América Latina, acredita que as políticas de Trump para a região ainda estão em processo de definição. Ela vê as prioridades do novo presidente como sendo transacionais, mais focadas em acordos pragmáticos do que em ideologia. A nomeação de Marco Rubio para secretário de Estado, especialista na região, reforça essa perspectiva. Durante seu primeiro mandato, Trump adotou poucas políticas significativas voltadas à América Latina, com destaque para o endurecimento das sanções a Cuba e Venezuela. Suas declarações recentes sobre a Groenlândia e o Canal do Panamá indicam uma visão expansionista que remete ao século 19, uma abordagem que, segundo Derby, parece anacrônica e surpreendente.

*Fonte: Correio Braziliense

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