Lula cobra valor bilionário prometido pelas nações ricas para preservação ambiental
De acordo com Lula, caso o acordo não for levado a sério, as conferências da ONU para as Mudanças Climáticas (COPs) serão desmoralizadas, descredibilizando as decisões tomadas nestes eventos.
Nesta quinta-feira (30), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou dos países ricos, que cumpram o Acordo de Copenhague, onde no ano de 2009 se comprometeram a destinar US$ 100 bilhões anuais às nações menos desenvolvidas para o financiamento de medidas de mitigação das mudanças climáticas, a grande quantia estabelecida como meta jamais foi alcançada. De acordo com Lula, caso o acordo não for levado a sério, as conferências da ONU para as Mudanças Climáticas (COPs) serão desmoralizadas, descredibilizando as decisões tomadas nestes eventos.
“Os países se comprometeram a dar U$ 100 bilhões para os países, por ano, em Copenhague, e não deram. Agora, a necessidade é de US$ 1,3 trilhão, e tenho certeza de que não vão dar. É preciso que a gente faça uma discussão séria se queremos discutir a questão do clima de verdade, se queremos fazer uma transição energética de verdade, ou se vamos brincar“, exigiu, para acrescentar:
“Temos uma luta muito grande nessa questão do clima. Não é uma coisa pequena. Se a gente não fizer uma coisa forte, essas COPs vão ficar desmoralizadas. Porque, se aprova as medidas, fica tudo muito bonito no papel, e depois nenhum país cumpre“.
Em novembro deste ano, o Brasil sediará a COP 30, em Belém, e uma das principais metas da conferência é alcançar esse US$ 1,3 trilhão em investimentos. Na COP 29, realizada ano passado em Baku, no Azerbaijão, os países aprovaram a destinação de um total de US$ 300 bilhões por ano até 2035, bem longe da meta trilionária fechada na capital dinamarquesa, na COP 15, há cerca de 16 anos atrás. O resultado foi considerado um fracasso pelos analistas e um “insulto” pelos países em desenvolvimento.
A meta de US$ 1,3 trilhão é considerada difícil e foi admitido pelo presidente da COP 30, embaixador André Corrêa do Lago. Após ser anunciado por Lula como principal negociador da conferência, ele ressaltou que a chegada de Donald Trump à Casa Branca é um fator a dificultar ainda mais que tal objetivo possa ser alcançado. Isso porque, durante seu discurso de posse, o presidente dos Estados Unidos frisou sua antipatia em relação ao tema. Além disso, o republicano reeleito declarou que fomentará a indústria norte-americana de combustíveis fósseis.
“Em qualquer parte da Terra, dão palpite sobre a Amazônia, todo mundo é especialista, todo mundo quer proteger. Então, vamos fazer (a COP) lá, na cidade de Belém, para que as pessoas saibam o que é a Amazônia‘, enfatizou, comentando, ainda, a saída dos EUA do Acordo de Paris.
“Trump acabou de anunciar a saída do Acordo de Paris, mas os EUA já não tinham cumprido o Acordo de Kioto. Os países se comprometeram a dar US$ 100 bilhões por ano para os países em desenvolvimento e, até hoje, não deram“, destacou.
Ainda na coletiva de ontem, também afirmou que articulará uma reunião com ministros da agricultura dos países africanos, em maio, para debater ações de combate à fome. O evento será o primeiro encontro da Aliança Global de Combate à Fome, lançada na reunião do G20, em 2024, no Rio de Janeiro.