Minc e Vale anunciam expansão do programa Rouanet nas Favelas
Objetivo é democratizar o acesso ao mecanismo de incentivo cultural financiando projetos relacionados à música, artes cênicas, visuais e literatura.
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, o presidente da Vale, Gustavo Pimenta; a presidenta nacional da Central Única das Favelas (Cufa), Kalyne Lime, o presidente do Instituto Cultural Vale, Hugo Barreto; e o secretário de Economia Criativa e Fomento Cultural do MinC, Henilton Menezes, participaram, nesta terça-feira (10), do ato de divulgação do resultado do programa Rouanet nas Favelas e o anúncio expansão da iniciativa para 2025, com novos recursos e cidades contempladas, no Museu de Arte do Rio, no Rio de Janeiro.
A solenidade reuniu artistas, gestores e produtores culturais, dentre outros convidados. O Bumba meu boi Flor de Matinha, da cidade maranhense de mesmo nome, saudou os convidados na abertura do evento, com o gingado e ritmo característico do sotaque.
Em 2024, o Rouanet nas Favelas promoveu o incentivo para ações culturais nas cidades de São Luís (capital do Maranhão, onde o projeto foi lançado em outubro do ano passado), em Belém (PA), Fortaleza (CE), Salvador (BA), e Goiânia (GO). Entre os projetos realizados, destacam-se iniciativas que abordaram música, artes cênicas, visuais e literatura, com forte ênfase em diversidade e inclusão.
Para 2025, foram contempladas as cidades de Belém (que volta a participar do projeto em função da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025, COP 30), e ainda Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Recife (PE) e Vitória (ES). A previsão de investimento é de R$5 milhões, oriundos de incentivos fiscais da Lei Rouanet e patrocínio da Vale. O recurso será distribuído igualmente entre as cinco novas cidades contempladas.
As inscrições para novos projetos iniciam dia 1º de março de 2025, e estão previstas oficinas de capacitação para os participantes. A execução dos projetos deve acontecer até 31 de dezembro de 2026.
O programa também manterá seu foco em ações afirmativas, incentivando projetos liderados por mulheres, pessoas negras, indígenas, LGBTQIAP+, idosos e pessoas com deficiência.
Ampliação necessária
Durante sua fala, a ministra Margareth Menezes fez questão de ressaltar a sua origem e do quanto é difícil que programas como esse entrem em comunidades e regiões sem nenhum ou quase nenhum acesso a incentivos culturais.
“Não é uma ação de descentralização, porque não estamos deixando de destinar recursos a Estados como Rio e São Paulo, mas, sim, uma ação de nacionalização, chegando, agora, onde antes a gente não chegava”, analisou, destacando que muito se está fazendo nessa nova fase das ações do Ministério, exaltando as parcerias público-privada nesses editais.
“Vamos chegar sim ao Rio, São Paulo, mas a gente precisa fazer esse dever de casa, oportunizar quem não tem oportunidade. É uma janela de oportunidades que está se abrindo. Fico emocionada por estarmos proporcionando essa nova visão da Lei Rouanet, uma ferramenta que estamos aprimorando. Queremos cada vez mais parcerizar com estados, que podem fazer também esse ato de abrir possibilidades”, disse.
O presidente do Instituto Cultural Vale, Hugo Barreto, destacou a parceria com o Minc, o comprometimento da ministra Margareth Menezes. “Esse projeto reafirma nossa visão de que temos que estar juntos, mas não só como uma banca patrocinadora, mas como articuladores”, aponta.
O presidente da Vale, Gustavo Pimenta, celebrou a continuidade da parceria da Vale com o MinC neste programa. “Seguimos patrocinando a democratização do acesso à cultura”, destacou, fazendo votos que o Rouanet nas Favelas siga acontecendo nos próximos anos.
Henilton Menezes lembrou que a semente da ação surgiu de uma conversa com Preto Zezé, em uma tapiocaria, no Ceará, quando os dois falavam sobre a necessidade de levar os recursos da lei de fomento a comunidades que não tinham acesso. “O objetivo agora é fazer a lei chegar a todo lugar”. Ele destacou ainda que a Lei Rouanet bateu recorde tanto de inscrições quanto de captação em 2024.
Kalyne Lima, presidenta nacional da Central Única das Favelas (Cufa), falou da importância dos editais, de fazer com que as comunidades tenham acesso, lembrando que essas comunidades reúnem cerca de 18 milhões de brasileiros. Para ela, esses programas são a porta de entrada para a promoção da justiça social, e a democratização da cultura, tanto na realização, quanto na gestão de projetos.
Circo Tá na Rua foi um dos cinco projetos selecionados
Durante a solenidade foram anunciados os 5 projetos de cada cidade contemplada com o edital Rouanet nas Favelas, que deverão ser executados em 2025. De São Luís foram selecionados: Recicla Circo (Artes Cênicas), Lealdade de Angola na Favela (Artes Cênicas), Festival Prata da Casa (Música Regional), Ritmos da Favela (Música Capacitação), 4º Festival Kambalashow (Artes Cênicas).
O idealizador do “Recicla Circo”, Donny dos Santos, estava presente e falou sobre o projeto, que será realizado pelo Circo Tá na Rua, em atividade há 11 anos.
“Para a gente foi muito gratificante ter o nosso projeto aprovado. Nós somos um coletivo de circo, o coletivo Circo Tá na Rua, e a gente sabe que o circo não tem tantas oportunidades de fomento. E aliado à sustentabilidade a gente vai conseguir executar o projeto em 5 comunidades periféricas da cidade São Luís, onde 30 alunos de cada comunidade receberão aulas de circo e ao mesmo tempo eles vão produzir os seus próprios malabares a partir de material que iria pro lixo. Então, eles produzem seus próprios malabares, eles aprendem a fazer malabares, e ao final do projeto, depois de 4 meses de aula, eles irão apresentar um espetáculo no Teatro Arthur Azevedo”, disse Donny.
Os bairros em que o projeto irá se realizar são: Liberdade, Cidade Operária, Cruzeiro do Anil, Sá Viana e área Itaqui Bacanga. A ideia é plantar a semente do circo nesses lugares por onde o projeto passar.
Maranhão no MAR
O Bumba meu boi Flor de Matinha invadiu as instalações do Museu de Arte do Rio. A apresentação do grupo antecedeu a solenidade oficial e depois se estendeu para o pátio do Museu atraindo olhares curiosos para a manifestação cultural.
Eusimar Meireles Gomes, o Zimar, é natural do município de Matinha (MA). Mestre Zimar, que dá nome à exposição itinerante do Centro Cultural Vale Maranhão, não cabia em si de contentamento com a apresentação, com a abertura da exposição no Museu de Arte do Rio, depois de ter passado pelo Museu Nacional de Brasília. “É o Maranhão no Rio. Eu estou muito feliz, muito feliz mesmo de ‘tá’ trazendo a nossa cultura para cá”, disse o brincante, natural de Matinha, na baixada maranhense.
O Rio de Janeiro é a terceira cidade visitada pela exposição itinerante, que estreou em São Luís, no Centro Cultural Vale Maranhão. ZIMAR ficará em cartaz no Museu de Arte do Rio até o dia 7 de abril de 2025, de terça a domingo, das 11h às 18h.
*A repórter viajou a convite do Instituto Cultural Vale.
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