Entrevista exclusiva com Walter Pinheiro: Ponta da Madeira, um porto mais sustentável
Em 2024 o Terminal Marítimo de Ponta da Madeira foi destaque na premiação da ANTAQ, nas categorias “conformidade regulatória” e “gênero e diversidade”.
O Maranhão vem se destacando cada vez mais no setor portuário não só do ponto de vista de capacidade, mas também em relação a outros temas como equidade de gênero, regulatório, inovação e sustentabilidade. Este ano, a exemplo de anos anteriores, o Terminal Marítimo de Ponta da Madeira foi destaque na edição 2024 da premiação da Agência Nacional de Transporte Aquaviário (ANTAQ), nas categorias “conformidade regulatória” e “gênero e diversidade”.
O prêmio ANTAQ é uma iniciativa criada em 2016 com o objetivo de valorizar o setor de transporte aquaviário e reconhecer práticas de excelência na prestação de serviços à sociedade. Na esteira dessas premiações, o jornal O Imparcial procurou a Vale para entender mais sobre o desempenho do TMPM e como ele se prepara para os desafios do setor. Nosso entrevistado é o diretor de operações do Porto Norte, Walter Pinheiro.
O IMPARCIAL – Como você avalia o ano de 2024 para o Terminal Marítimo de Ponta da Madeira?
Walter Pinheiro – Foi um ano marcado por avanços relevantes em confiabilidade, performance operacional e sustentabilidade. Enfrentamos desafios de volume, relacionados ao período chuvoso, mas com a evolução da confiabilidade, estamos conseguindo atingir nossos objetivos. Avançamos ainda na dimensão pessoas, com prioridade total à segurança; e também em diversidade e inclusão. Algumas dessas iniciativas foram reconhecidas na premiação da ANTAQ deste ano. Encerramos 2024 com orgulho das conquistas alcançadas e motivados para os desafios futuros.
1,3 bilhão de toneladas em volume de carga
Em relação à premiação da ANTAQ que você citou, sobre equidade, o que foi feito para garantir esse reconhecimento?
Em um setor com predominância masculina histórica, a empresa implementou uma série de iniciativas para aumentar a representatividade feminina em suas operações. Entre as estratégias adotadas, cito o estabelecimento de metas, políticas afirmativas e programas de desenvolvimento, visando atrair, reter e promover mulheres em cargos de liderança e áreas operacionais. Os resultados mostram um crescimento significativo da presença feminina dentro da organização e os reflexos no Terminal Marítimo de Ponta da Madeira entre 2019 e 2024. Vamos continuar em busca de um ambiente de trabalho mais inclusivo e sustentável.
Que desafios você enxerga para o futuro para que o porto de Ponta da Madeira continue competitivo?
Existem algumas tendências que estão moldando o futuro do setor portuário e são essenciais para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades no mercado global. Entre elas destaco a busca por práticas mais sustentáveis no setor portuário, considerando definitivamente os temas ligados ao social e ao ambiental na estratégia de negócio; a transição energética, ou seja, a busca por fontes de energia mais limpas e renováveis; a descarbonização dos processos operacionais, reduzindo as emissões de carbono; e por fim, apoiando tudo isso, o processo de automação e digitalização.
Você poderia nos dar exemplos de como a Vale está aplicando isso aqui no Maranhão?
Quero começar destacando que esses temas funcionam como jornada, trata-se, portanto, de um processo que evolui ano a ano, na medida que as tecnologias surgem ou se aperfeiçoam. Na navegação, por exemplo, quando me refiro à descarbonização, temos os navios com a propulsão auxiliada por velas rotativas. Isso é uma realidade e sinaliza o futuro da navegação; no que se refere à automação e digitalização, os avanços também são muitos.
Há exemplos de como essas novas tecnologia ajudaram vocês?
Em 2001, todos os equipamentos que nós operávamos no TMPM eram equipamentos onde o operador ficava embarcado nas máquinas. A tecnologia foi chegando e hoje nós temos 36 equipamentos entre viradores de vagões, empilhadeiras recuperadoras, carregadores de navios e nenhum deles é operado na cabine. Alguns nem cabine tem mais. Agora, há um centro de controle que opera tudo isso remotamente. O time foi qualificado e hoje faz isso a distância, com muito mais segurança e qualidade de vida.
Mudando de assunto, que impactos sociais o TMPM traz? De que forma a presença desse porto aqui no Maranhão se reverte em benefícios?
O porto de Ponta da Madeira tem uma relevância para o Maranhão e para o Brasil. Em 2023, o volume de carga movimentado no Brasil foi de 1,3 bilhão de toneladas; desse total, o TMPM transportou 166,3 milhões, ou seja, cerca de 13% de toda carga movimentada saiu daqui. A influência de um porto desse porte acontece em muitas dimensões. Do ponto de vista da economia, quando a gente pensa na Vale aqui no Maranhão, são cerca de 22 mil empregos entre diretos e indiretos; há ainda um volume significativo de impostos como ICMS e ISS recolhidos no estado e na capital, respectivamente. De janeiro a setembro deste ano, foram 287,3 milhões de reais, incluindo ISS, ICMS e ICMS importação. Além de compras com fornecedores locais. No que se refere às comunidades, quero destacar primeiro o processo de escuta permanente, norteando todos os projetos que fazemos, prioritariamente, na região Itaqui-Bacanga. São iniciativas nas áreas de saúde, educação, esporte e geração de renda.
Para terminar, há alguma previsão de expansão no TMPM?
O TMPM está capacitado para atender os planos de produção já anunciados pela Vale. Na última década, implantamos o Píer IV e modernizamos equipamentos e processos. Esses investimentos nos deram mais capacidade e a tranquilidade para cumprir nosso planejamento.
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