Lançamento

Psicólogo lança livro sobre saúde mental de profissionais da UTI

Obra tem relatos de trabalhadores que atuaram na época da Covid e trata da saúde mental

Reprodução

Um período triste, conturbado, perturbador, angustiante, de lembranças ruins, de
milhares de vidas perdidas. Um período que ficou para a história da humanidade, que
deixou rastros em todo mundo, de saudade, de lamentos, mas também se tornou objeto
de estudos, de pesquisa, de aprendizado. A pandemia de Covid 19, que se abateu pelo
mundo a partir de 2020, afetou todos de alguma forma.


No livro “Suspiros e Relatos: A Saúde Mental dos Trabalhadores da UTI”, o psicólogo Ruy Ribeiro Moraes Cruz chama à reflexão sobre saúde mental. Conta da sua experiência enquanto atuava na época da pandemia diante de profissionais que estavam na linha de frente da guerra contra o vírus, e que ao mesmo tempo precisavam sobreviver em meio a toda aquela situação. São relatos tocantes de quem viu, ouviu e viveu muita coisa. O livro será lançado dia 13 de novembro, na Livraria AMEI, no São Luís Shopping.


“Eu tive, através do telefone, a oportunidade de ir atender alguns profissionais do SUS que estavam acometidos com COVID, assim como perderam os seus familiares e também acabaram falecendo. Muitos desses profissionais estavam atuando contra um inimigo desconhecido e invisível, e de certa forma eles estavam em uma situação onde eles foram para frente de uma batalha, mas não sabiam se iam resistir, e tão pouco se aquelas pessoas que estavam em casa estariam protegidas. Essa situação fez com que eles tivessem vários sofrimentos psíquicos. Eu foquei então, na percepção desses profissionais acerca desse sofrimento, e também se isso estava afetando o trabalho, assim como a qualidade de vida deles e que eles entendiam, sobretudo, o que estavam ocorrendo naquele período, se aquilo de certa forma poderia encontrar alternativas para melhorar a qualidade de vida deles e da sociedade”, disse o psicólogo.


A ideia, segundo o autor, era criar um produto, um protocolo operacional padrão que seria utilizado para avaliar e propor estratégias de cuidado para esses profissionais do SUS e para todos os outros que trabalham nos serviços de saúde, e apresentar isso para a comunidade, principalmente para a comunidade científica. O ideal de qualidade de vida do profissional do SUS, do profissional da saúde.


O livro tem 125 páginas divididas em 5 capítulos com relatos, depoimentos, análises. Para efeitos de pesquisa e estudo, foram entrevistados 7 profissionais, dentre eles, médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, falas que expressavam exatamente um momento de tensão que eles estavam vivendo e a percepção deles acerca do trabalho que estava sendo executado.


“O livro não é apenas para o profissional da UTI, não é apenas para o profissional do SUS, da saúde. Ele é para a comunidade que pode vir a se fazer algumas perguntas básicas como o que é sofrimento psíquico. A gente percebe que as pessoas entendem o que escutam, mas ela não consegue descrever, expressar o que pensa.


Então, há uma confusão muito grande na população por falta de uma educação que eu chamo aqui de psico educação, que seria emoções, sentimentos, expressar isso, lidar com a dor emocional. Porque até o conceito de saúde, as pessoas ainda acreditam que seja a ausência de doença. E o conceito de saúde é a qualidade de vida. Para o profissional da saúde é algo bem simples. Ninguém sai de casa pensando que vai adoecer, então por que ao chegar no trabalho se sentir doente? por que não querer voltar a trabalhar? Ou então, por que não querer voltar para casa? O trabalho às vezes se coloca como um ato mais principal do que secundário na vida das pessoas. Então a ideia é trazer temas relevantes que eu possa vir de certa forma a provocar as pessoas pra que elas possam falar, dialogar sobre temas que são necessários, principalmente para o processo de trabalho”, disse.


Relatos reais

Uma peculiaridade: os nomes dos depoentes reais foram substituídos por
personalidades da cultura maranhense, como: Alcione, Maria Firmina, Dona Teté, Ana
Jansen, João do Vale, Dona Pureza, Gonçalves Dias.


Dona Pureza: “Meu Deus! Eu era aquela pessoa que tá ali me cuidando e de
repente eu sou a pessoa cuidada. E, na época da covid, não! Quando eu tive covid foi
por que… meu Deus, uma doença que a gente não sabe a causa, não sabe o tratamento,
não sabe o prognóstico, não sabe se sobrevive, se não sobrevive, se piora ou se não
piora, e, é isso” (Informação verbal).


Dona Teté: “Na UTI a gente se depara com várias situações, e o paciente é muito
clínico. Não tem como tu dizer que tua reação a uma determinada situação vai ser a
mesma do outro paciente, é muito complicado” (Informação verbal).


Serviço
O quê: Lançamento “Suspiros e Relatos: A Saúde Mental dos Trabalhadores da
UTI”

Quando: 13 de novembro, às 19h
Onde: Livraria AMEI, no São Luís Shopping
Aberto ao público

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