Agressão

Pesquisa aponta que 62% das mulheres que sofrem de violência doméstica no Brasil são negras

Cerca de 53% das mulheres negras no Brasil foram vítimas de violência doméstica antes de completarem seus 25 anos de idade.

Reprodução

Segundo a Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher Negra feita pelo DataSenado e pela Nexus, cerca de 53% das mulheres negras no Brasil foram vítimas de violência doméstica antes de completarem seus 25 anos de idade. O estudo realizado em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência, tem como objetivo promover a reflexão sobre o tema e suas causas assim como suas consequências, para que de maneira efetiva tal realidade possa ser beneficamente transformada.

Em relação ao tipo de violência doméstica sofrida pelas mulheres negras, 87% delas informam sofrer agressões psicológicas, 78% físicas, 33% patrimoniais e 25% sexuais. Os pesquisadores ouviram 13.977 brasileiras de 16 anos ou mais, entre 21 de agosto a 25 de setembro de 2023, em todas as unidades da Federação. Foram consideradas negras aquelas que autodeclaram ter a cor de pele preta ou parda.

Dados do Sistema Nacional de Segurança Pública (Sinesp), mostram que entre as mulheres vítimas de violência sexual cujas ocorrências policiais incluíam o registro de cor/raça, 62% eram pretas ou pardas, realidade essa que evidencia a vulnerabilidade de tal grupo em relação à violência no país, o que consequentemente motivou a realização deste recorte específico de estudo. Além disso, dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) constam que entre as 3.373 mulheres assassinadas em 2022, cujas informações de raça e cor foram registradas, 67% eram negras (2.276).

Busca por acolhimento

A Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher Negra considerou relevante a compreensão sobre o tipo de acolhimento buscado pelas vítimas de violência. De acordo com o levantamento, 60% das mulheres pretas e pardas agredidas buscaram à família, 45% recorreram à igreja, 41% pediram ajuda a amigos, 32% solicitaram atendimento em uma delegacia comum e 23% foram até a Delegacia da Mulher.

Os números de quem recorre à polícia chamam a atenção por apresentarem os menores índices, possivelmente evidenciando uma desconfiança em relação a efetividade da proteção estabelecida pela justiça. Embora 55% das mulheres negras vítimas de violência busquem essa ajuda, apenas 28% solicitam proteção. A medida protetiva é descumprida pelo agressor em 48% dos casos em que há essa solicitação.

Segundo a analista Milene Tomoike, do Observatório da Mulher Contra a Violência, os números revelam uma dinâmica de silenciamento das vítimas e resultando em uma dificuldade de quebrado ciclo de violência. De acordo com ela: “Esses dados reforçam a importância de iniciativas preventivas e de proteção ampliada. Embora muitas vítimas busquem apoio em suas redes sociais, como família e amigos, é fundamental fortalecer políticas públicas e ampliar o acesso a serviços especializados, garantindo acolhimento, segurança e caminhos reais para reconstrução”.

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