Pesquisa aponta que 370 mil estudantes em todo o Brasil estão em áreas de risco climático
Milhares de crianças e adolescentes podem ter a educação básica comprometida por incêndios florestais, tempestades ou deslizamentos.
Segundo pesquisa divulgada nesta quarta-feira (27), sobre as escolas de educação infantil e ensino fundamental das capitais, seis em cada dez instituições pesquisadas (64%) estão em localidades onde a temperatura é pelo menos 1 grau Celsius (°C) acima da média regional. Além disso, 37,4% dos locais não possuem áreas verdes, 11,3% residem em favelas e 6,7% estão em áreas com risco de desastres naturais.
A pesquisa O Acesso ao Verde e a Resiliência Climática nas Escolas das Capitais Brasileiras, promovida pelo Instituto Alana, afirma também que mais de 360 mil estudantes em 20.635 escolas públicas e privadas estão em áreas de risco climático. Tais dados, possibilitam compreender que essas crianças e adolescentes podem ter a educação básica comprometida por incêndios florestais, tempestades ou deslizamentos.
Maria Isabel Barros, especialista em criança e natureza do Instituto Alana, explica que a evasão escolar pode ser agravada devido a tais situações. Segundo ela: “Isso pode significar semanas e semanas sem aula, como a gente viu acontecer lá em Porto Alegre, viu acontecer em outros lugares. No estado de São Paulo também, no litoral, e resulta muitas vezes em abandono escolar, porque quando as crianças ficam muito tempo sem poder frequentar as aulas, elas muitas vezes não voltam”. De acordo com a pesquisa, as regiões Norte e Nordeste apresentam os maiores índices em relação as capitais que possuem maior número de escolas em áreas de risco para desastres naturais.
Além das problemáticas analisadas pelo estudo, a pesquisa também evidencia que nas escolas estudadas, apenas 26,6% na média de toda a área ocupada era de vegetação, dado este que demonstra uma realidade não ideal para o desenvolvimento dos pequenos estudantes, pois segundo a especialista Maria: “Já tem muitas pesquisas que comprovam que crianças que têm pátios escolares mais verdes, mais naturalizados, desenvolvem um brincar mais ativo. Elas desenvolvem uma sociabilidade mais benéfica, brincam com mais complexidade, enfim, uma série de benefícios para o seu desenvolvimento integral e para a sua saúde”.