Bolsonaro nega participação em golpe e diz que estudou as opções possíveis “dentro das quatro linhas”
Em coletiva do Aeroporto de Brasília, o ex-presidente criticou a investigação da Polícia Federal, que indiciou ele e mais 36 pessoas.
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Foto: Minervino Júnior/CB/D.A Press
Na noite desta última segunda-feira (25), o ex-presidente Jair Bolsonaro chegou a Brasília, vindo de uma visita ao Nordeste, e concedeu uma entrevista coletiva no Aeroporto Internacional da capital federal. Em um discurso de mais de duas horas, Bolsonaro negou ter planejado um golpe de Estado e afirmou que apenas analisou “todas as opções possíveis dentro das quatro linhas”.
Bolsonaro também criticou a investigação da Polícia Federal, que indiciou ele e mais 36 pessoas pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.
“O inquérito não tem a participação do Ministério Público, a mesma pessoa faz tudo e no final do relatório ele volta para condenar quem quer que seja. Golpe de estado é uma coisa séria. Como disse agora pouco o presidente Temer, tem que estar envolvido todas as Forças Armadas, não existe golpe, ninguém vai dar golpe com o general da reserva e mais meia dúzia de Oficiais”
“É um absurdo o que estão falando. Da minha parte, nunca houve discussão de golpe. Se alguém viesse discutir golpe comigo, ia falar: ‘Tudo bem, e o day after? E o dia seguinte, como fica o mundo perante a nós?’ Todas as medidas possíveis, dentro das quatro linhas, dentro da Constituição, eu estudei”, disse.
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“A palavra golpe nunca esteve no meu dicionário. Desde quando eu assumi, em 2019, eu vinha sendo acusado em querer dar um golpe”, garantiu Bolsonaro, que iniciou a coletiva de imprensa afirmando que “a situação é extremamente grave, as acusações realmente são terríveis”.
Críticas ao TSE e Alexandre de Moraes
Bolsonaro retomou as críticas contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O ex-presidente recordou as iniciativas do tribunal eleitoral para estimular jovens entre 16 e 17 anos a obterem o título de eleitor – nessa fase, os adolescentes não são obrigados a votar. “Quatro milhões de jovens tiraram o título de eleitor. 3 milhões para o Lula e 1 milhão para mim. Eu estou até me beneficiando, o percentual é maior para o lado de lá. Só aí decidiu as eleições. Essa é uma das tantas observações que eu tenho onde o TSE tomou partido”, declarou.
8 de janeiro
O ex-presidente também discutiu o Projeto de Lei (PL) da anistia, atualmente em discussão na Câmara e no Senado, afirmando que o inquérito do golpe não representa uma ameaça ao projeto.
“Podemos aprovar na comissão, mas não teria clima para aprovar no plenário da Câmara. Mas eu não vejo ameaça, é algo completamente diferente. A lei de 1979 mesmo, o que foi anistiado foi crime de sangue, terrorismo, bombas”, citou.
Paulo Amador da Cunha Bueno, advogado de Bolsonaro na investigação do golpe, também falou durante a coletiva e pediu a participação do Ministério Público da União (MPU) no processo. “O procurador da República é alguém que preza pela sua biografia, uma pessoa extremamente respeitada e nós temos a convicção de que ele terá toda cautela ao analisar esta investigação. Esperamos que o MP tenha a participação que não pode ter ao longo do tempo desta investigação. Inclusive, na gestão anterior, por diversas vezes, houve pedido de arquivamento de inquéritos que foi simplesmente ignorado”, comentou.
* Fonte: Correio Braziliense