Vereador reeleito

Entrevista com Raimundo Penha: “Estou disponível para dialogar”

Em entrevista a O Imparcial, Raimundo Penha afirmou que foi eleito de forma independente sem apoio do governo e da prefeitura e que está aberto a diálogos.

Reprodução

O vereador Raimundo Penha (PDT), reeleito para seu terceiro mandato na Câmara Municipal de São Luís com 5.768 votos, refletiu em entrevista ao jornal O Imparcial sobre os desafios da campanha de 2024, os projetos futuros e a relação que pretende manter com o prefeito Eduardo Braide, também reeleito.

Penha abordou as dificuldades enfrentadas pelo PDT nesta eleição, mencionando que, ao contrário das disputas anteriores, o partido não apoiou o prefeito reeleito, mas lançou Fábio Câmara como candidato próprio. “Há quatro anos, estivemos com Braide no segundo turno, mas, desta vez, ele se reelegeu em primeiro turno com uma votação expressiva, sem nosso apoio”, destacou o vereador, acrescentando que o partido precisa refletir sobre os resultados das urnas. “Elegemos três vereadores na eleição passada, e agora apenas um. Como presidente do partido na capital, estou conversando com nossa base e, passada a euforia, vamos avaliar o que os números nos dizem”, completou.

Penha também falou sobre sua relação com Braide, lembrando de sua atuação como líder do governo na Câmara em um período de desafios para o prefeito, quando Braide enfrentava a perda de apoio na Casa. “O prefeito me convidou para ser líder num momento crucial, às vésperas da eleição do presidente da Câmara, Paulo Victor, quando sua base estava definhando”, contou Penha.

Agora, reeleito, Penha se posiciona como um vereador independente, reforçando que seu afastamento da base do prefeito ocorreu pela postura de Braide em relação ao parlamento. “Minha saída foi uma consequência da falta de interlocução entre o prefeito e a Câmara, mas eu respeito o resultado das urnas. Me elegi de forma independe. Estou disponível para dialogar. E se ele quiser reconstruir uma relação com a Câmara não tenho nenhum motivo pessoal ou frustração política que me impeça de dialogar com ele”, declarou, reiterando sua disposição para o diálogo e destacando os vereadores Douglas Pinto e Marquinho, que obtiveram vitórias expressivas nesta eleição.

Em um desabafo político, o vereador expressou as dificuldades enfrentadas durante o processo eleitoral em São Luís, marcado por uma intensa polarização entre as candidaturas de Duarte Jr. e do prefeito Eduardo Braide. Segundo ele, desde o início da campanha, ficou evidente que essas duas forças dominariam o cenário.

No entanto, ele destacou que foi um dos poucos que não se alinhou com nenhum dos dois lados. Duarte Jr., com o apoio do governador Carlos Brandão, contava com o respaldo de oito vereadores, enquanto Braide, com a força da máquina municipal, também tinha uma base expressiva. Confira alguns trechos da entrevista com o vereador Raimundo Penha.

“Não foi fácil, mas me considero um sobrevivente”

O senhor pretende apoiar o vereador Paulo Victor que já está em campanha para reeleição ou pretende esperar a formação do cenário para declarar seu o seu apoio?

Após me reeleger, logo na manhã de terça-feira, sentei com o presidente Paulo Victor e declarei meu apoio à sua reeleição. Salvo engano, Paulo já conta com o apoio de 25 vereadores, o que demonstra o quanto sua liderança vem se consolidando. Esse respaldo se deve, em grande parte, à maneira como ele conduz o parlamento, sempre ouvindo os colegas e buscando o diálogo.  Outro fator que fortalece sua posição é a proximidade com o governador Carlos Brandão. Nesta semana, por exemplo, o governador convidou todos os vereadores da Câmara para um jantar, incluindo aqueles que fazem parte da base do prefeito Eduardo Braide, que também compareceram.

Esse gesto mostra a habilidade de Paulo Victor em agregar e unir o parlamento, independentemente das diferenças políticas. Enquanto o prefeito Braide, até o momento, ainda não recebeu formalmente os vereadores, o governador, ao lado de Paulo Victor, já demonstrou abertura e disposição ao diálogo. Isso fortalece ainda mais a imagem do presidente como alguém que busca convergência e união no parlamento. Com tudo isso, a eleição para a reeleição de Paulo Victor está bem desenhada. Não tenho dúvidas do meu voto: eu apoio Paulo para a reeleição, confiante de que ele continuará fazendo um excelente trabalho à frente da Câmara Municipal de São Luís.

No seu primeiro pronunciamento pós eleições 2024, o senhor enfatizou que “sobreviveu” neste pleito que renovou mais de 40% da Câmara. Fale sobre um pouco sobre esse desabafo.

Desde o início, ficou claro que a disputa seria polarizada entre as candidaturas de Duarte Jr. e do prefeito Eduardo Braide. Observando o cenário ao final da eleição, percebo que sou, talvez, o único que não se alinhou com nenhum dos dois. Duarte Jr., apoiado pelo governador Carlos Brandão, contava com o apoio de oito vereadores. Por outro lado, Braide, com a máquina da prefeitura a seu favor, também tinha uma base considerável. Só para se ter uma ideia, os vereadores ligados ao prefeito receberam emendas parlamentares de até R$ 1 milhão. Enquanto isso, acredito que apenas eu e mais dois vereadores ficamos sem receber um centavo de emenda. Nós temos projetos sociais importantes, como o da Universidade Federal do Maranhão e a Universidade da Terceira Idade (UNIT), para a qual direcionei R$ 114 mil, mas o processo sequer foi aberto.

Conheço servidores municipais, colegas, amigos e até parentes concursados que tinham medo de adesivar seus carros, manifestando livremente suas opiniões, com receio de sofrerem represálias, como perder gratificações ou serem transferidos de seus postos de trabalho. Muitos evitavam até comparecer a reuniões políticas para não serem fotografados e, de alguma forma, prejudicados. Diante desse cenário, quando digo que sobrevivi, falo sobre ter enfrentado esse jogo de forças entre dois gigantes políticos e ainda assim seguir em frente. Além de tudo, estávamos em um partido com pouca estrutura política, sem fazer parte da base da prefeitura ou do governo do estado. Não foi fácil, mas me considero um sobrevivente. Agradeço imensamente aos amigos e a todas as pessoas que acreditaram em nossa campanha.

O cenário das eleições 2026 já está sendo desenhado politicamente. De que forma senhor como único representante do PDT na capital pretende se posicionar para o governo do estado e para o Senado Federal?

O senador Weverton Rocha é um líder inconteste. Ele tem uma história gigantesca. Oriundo do movimento estudantil como eu e que chegou ao senado federal e compõe a Mesa Diretora da Casa. Weverton é um líder. No momento que ele nos chamar para nos ouvir depois que fizermos uma análise dos números do partido no estado poderemos dar uma opinião mais contundente. E se ele for candidato a reeleição ao Senado Federal, ele será o meu candidato. Já para o governo do estado essa movimentação começa agora pós eleições municipais, até mesmo porque estava todo mundo focado nesse processo.

As eleições municipais refletem na eleição estadual, mas não necessariamente o que define. Eu acredito que essas conversas vão começar daqui para frente. Mas vejo uma movimentação frenética por parte do governador Carlos Brandão. E eu quero destacar que eu que não votei nele já fui recebido inúmeras vezes no Palácio dos Leões. E não faz uma semana, ele nos chamou para jantar. Então se eu fosse disputar uma eleição estadual, o que não é o meu caso, eu diria que seria um bom começo de começar um diálogo com o governador Carlos Brandão.

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