Dia das Crianças: da rua ao mundo virtual
Do pique-esconde às telas digitais, veja como a forma de brincar mudou ao longo dos anos e o impacto dessas transformações na infância.
A infância passou por transformações ao longo das últimas décadas, especialmente no que diz respeito às brincadeiras. As mudanças tecnológicas e sociais afetaram diretamente a forma como as crianças se divertem.
Enquanto as gerações passadas se divertiam ao ar livre com atividades simples e criativas, as crianças de hoje vivem em um universo dominado pelas telas e pela conectividade. Mas quais são essas diferenças? Como as brincadeiras de antes se comparam com as de agora?
Brincadeiras de antigamente (anos 80 a 2000):
As crianças que cresceram entre os anos 80 e 2000 experimentaram um tipo de diversão que envolve criatividade, interação física e contato direto com outras crianças. Algumas das brincadeiras mais comuns incluem:
Pique-esconde
Uma das brincadeiras mais populares, em que uma criança contava até um determinado número enquanto as outras se escondiam. O objetivo era encontrar todos antes que alguém conseguisse chegar ao “pique” sem ser pego.
Amarelinha
Desenhar quadrados no chão com giz e pular com um pé só até chegar ao fim, era uma forma de se divertir e, ao mesmo tempo, exercitar o equilíbrio.
Pega-pega
Outra brincadeira clássica de correr, onde uma criança era a “pegadora” e tentava capturar as outras. Além de ser muito divertido, ajudava a gastar energia e promover atividades físicas.
Brincar de boneca ou carrinho
Na imaginação infantil, objetos simples se transformavam em personagens, veículos e cenários de uma narrativa criativa. As bonecas “ganhavam vida” em teatros improvisados, e os carrinhos percorriam pistas inventadas com pedaços de madeira ou tijolos.
Soltar pipa
Uma prática que também trazia o desafio de controlar o objeto no ar e, muitas vezes, envolvia competições amigáveis para ver quem conseguia manter sua pipa mais alta ou com a linha mais firme.
Essas brincadeiras eram coletivas, ao ar livre e, na maioria das vezes, não planejaram muitos recursos além da imaginação e da vontade de se divertir. Eles proporcionaram laços sociais, atividade física e desenvolvimento motor, além de instigar a criatividade.
As brincadeiras da geração atual (a partir dos anos 2010):
Com a ascensão da internet e dos dispositivos eletrônicos, as formas de brincar das crianças mudaram radicalmente. Hoje, as brincadeiras são, em grande parte, mediadas pela tecnologia e ocorrem tanto de forma solitária quanto em rede com outros jogadores. Alguns dos exemplos mais comuns incluem:
Jogos digitais
Plataformas como Roblox, Fortnite e Minecraft se tornaram os “novos quintais” onde as crianças exploram e criam mundos virtuais. Esses jogos muitas vezes permitem interações sociais com outros jogadores online, sendo uma forma de socialização à distância, com estratégias e tarefas em equipe.
Aplicativos interativos e educativos
Crianças pequenas já começam a interagir com tablets e smartphones por meio de aplicativos que estimulam o aprendizado e a coordenação motora. Desde jogos de quebra-cabeça até aplicativos de desenho, as opções são vastas e, muitas vezes, educativas.
Redes sociais e vídeos no YouTube
Muitos jovens consomem conteúdo em plataformas como YouTube e TikTok, além de criar seus próprios vídeos e desafios. As “brincadeiras” podem ser recriar danças, desafios virais ou participar de jogos online.
Brinquedos tecnológicos
Além dos videogames, brinquedos como drones, robôs programáveis e carros controlados por aplicativo se popularizaram. Eles trazem uma nova forma de interação, conectando o mundo físico e digital.
Realidade aumentada e virtual
Algumas brincadeiras envolvem as tecnologias avançadas, como óculos de realidade virtual, onde as crianças “entram” em mundos simulados e participam de jogos totalmente imersivos.
Enquanto as brincadeiras antigas privilegiavam a imaginação, a interação social e o contato com a natureza, as atividades da geração atual são mais centradas em tecnologias digitais, muitas vezes limitando o movimento físico e o tempo ao ar livre. Embora existam benefícios claros na atualização tecnológica, como o desenvolvimento cognitivo e o acesso rápido à informação, os especialistas apontam para a necessidade de equilíbrio.
O excesso de tempo de tela pode contribuir para o sedentarismo e para a diminuição das interações face a face.
Além disso, em muitas regiões, a insegurança nas ruas tornou-se um fator limitante para que as crianças brinquem livremente ao ar livre. Os pais que, nas gerações passadas, passaram longas horas fora de casa, agora se veem na posição de restrições à liberdade dos filhos devido ao aumento da violência urbana. Assim, muitos buscam alternativas para manter as crianças distraídas e entretidas, recorrendo a tecnologias e aplicativos que muitas vezes substituem as brincadeiras tradicionais.
A maior diferença talvez resida no fato de que as crianças de antes exploravam o mundo ao seu redor de maneira mais autônoma e criativa, enquanto as de hoje vivem em ambientes mais controlados e virtuais. O desafio atual é encontrar um equilíbrio que permita às crianças aproveitar as vantagens da tecnologia sem perder os benefícios das interações físicas e das brincadeiras tradicionais.