Maré alta de 6,6 metros causa alagamentos em São Luís
Especialistas apontados alinhamento astronômico e ventos fortes como causas principais do fenômeno.
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Reprodução
Nesta quinta-feira (19), São Luís enfrentou uma maré alta que atingiu 6,6 metros, provocando alagamentos em várias regiões da cidade. Os locais mais afetados foram a Avenida Nina Rodrigues, na Península, Vila Gorete, Preto da Ponte, Bandeira, Tribuzzi e o estacionamento do Reviver, onde ruas foram invadidas pela água, causando transtornos à população.
De acordo com especialistas, o fenômeno está relacionado ao alinhamento astronômico típico deste período do ano.
O coordenador do laboratório de meteorologia do NUGEO/UEMA, Gunter de Azevedo Reschke, explicou que “a maré alta acontece devido ao alinhamento entre o Sol, a Terra e a Lua, durante as fases de lua cheia ou nova. Os fortes ventos também contribuem, empurrando a água em direção à costa, elevando ainda mais os níveis das marés. Essa variação de amplitude torna as marés mais altas e as marés baixas ainda mais baixas.”
O oceanógrafo Antonio Carlos Leal de Castro, professor da UFMA, destacou que estamos em um período de marés equinociais, que são as mais altas do ano.
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Ele afirmou que “a geografia do Golfão Maranhense amplifica a força das marés, causando represamento das águas e resultando em alagamentos mais intensos.”
Além disso, alertou que a infraestrutura urbana precária, com bueiros obstruídos e uso inadequado do solo, agrava a situação.
Outro especialista, o professor Dr. João Luiz Baptista de Carvalho, oceanógrafo e engenheiro civil, acrescentou que o fenômeno das marés de sizígia — ou marés de lua nova e cheia — é amplificado por uma combinação de fatores astronômicos.
“Estamos nos aproximando do equinócio, que ocorrerá em 22 de setembro, quando a atração gravitacional do Sol sobre o Equador é maior. Nesse período, também ocorre o perigeu lunar, quando a Lua se aproxima da Terra, intensificando as marés”, explicou João Luiz.
Ele ainda ressaltou que, embora o fenômeno seja natural, ventos fortes e ondas grandes podem intensificar os danos, principalmente em áreas urbanizadas.
O professor João Luiz enfatizou a importância da preservação das praias e dunas, que têm o papel de absorver a energia das ondas e fornecer areia para a reconstrução natural da praia. “Infelizmente, a urbanização descontrolada suprime as dunas e constrói paredões de concreto, o que potencializa a erosão costeira e deixa a praia vulnerável. A prática de jogar rochas na tentativa de proteger construções pode levar à morte da praia”, alertou.
A previsão de marés é feita com alta precisão, utilizando marégrafos e modelos numéricos. Entretanto, fatores aleatórios, como ondas e ventos, que intensificam os efeitos da maré, são mais difíceis de prever, sendo tratados como processos probabilísticos. Segundo o professor João Luiz, a engenharia costeira utiliza esses dados para projetar infraestruturas com mais segurança, mas os efeitos da urbanização continuam sendo um grande desafio para a proteção da costa.
Com a previsão de novas marés altas nos próximos dias, as autoridades recomendam que a população evite áreas vulneráveis e tome precauções para minimizar os impactos das inundações