Crianças e adolescentes sentem mais impacto com mudanças climáticas
UNICEF chama a atenção para a importância de novos prefeitos e prefeitas investirem em medidas voltadas à resiliência climática e aos direitos de crianças e adolescentes
No Brasil, 33 milhões de crianças enfrentam pelo menos o dobro de dias extremamente quentes a cada ano, em comparação a seus avós.
É o que mostra novo levantamento do UNICEF, divulgado nessa segunda-feira. Faltando duas semanas para as eleições municipais – e em meio a calor e fumaça –, o UNICEF alerta para a importância de novos prefeitos e prefeitas investirem em medidas voltadas à resiliência climática e à garantia dos direitos de crianças e adolescentes.
Utilizando uma comparação entre as médias dos anos 1970 e de 2020-2024, a análise mostra a velocidade e a escala com que os dias extremamente quentes estão aumentando. Esses dias são aqueles em que se registram temperaturas acima de 35 graus Celsius. No Brasil, a média de dias extremamente quentes passou de 4,9 ao ano na década de 1970 para 26,6 na década de 2020.
Com isso, 33 milhões de crianças enfrentam o dobro de dias extremamente quentes, em comparação a seus avós.
A análise aponta, também, para o aumento das ondas de calor. Nesse caso, trata-se de períodos de 3 dias ou mais em que a temperatura máxima está mais de 10% maior do que a média local. No Brasil, 31,5 milhões das crianças enfrentam duas vezes mais ondas de calor do que seus avós.
As crianças e os adolescentes são os que sentem, por mais tempo e com maior intensidade, impactos de ondas de calor, enchentes, secas, fumaças e outros eventos climáticos extremos. O estresse térmico no corpo, causado pela exposição ao calor extremo, ameaça a saúde e o bem-estar de crianças e mulheres grávidas.
Níveis excessivos de estresse térmico também contribuem para a desnutrição infantil, doenças não transmissíveis, como doenças relacionadas ao calor, e tornam as crianças mais vulneráveis a doenças infecciosas que se espalham em altas temperaturas, como malária e dengue.
“Os perigos relacionados ao clima para a saúde infantil são multiplicados pela maneira como afetam a segurança alimentar e hídrica, a exposição à contaminação do ar, do solo, e da água, e a infraestrutura, pois interrompem os serviços para crianças, incluindo educação, e impulsionam deslocamentos. Além disso, esses impactos são mais graves a depender das vulnerabilidades e desigualdades enfrentadas pelas crianças, de acordo com sua situação socioeconômica, gênero, raça, estado de saúde e local em que vive”, explica Danilo Moura, Especialista em Mudanças Climáticas do UNICEF no Brasil.
Diante desse cenário, o UNICEF pede que candidatos e candidatas às prefeituras se comprometam a preparar as cidades para enfrentar e lidar com as mudanças climáticas, com foco especial nas necessidades e vulnerabilidades de meninas e meninos.
“Isso inclui implementar ações para enfrentar as mudanças climáticas e adaptar serviços públicos, infraestrutura e comunidades para resistirem a seus efeitos, inclusive a eventos climáticos extremos, priorizando as necessidades e vulnerabilidades específicas de meninas e meninos. Uma ação importante é incorporar o Protocolo Nacional para Proteção Integral de Crianças e Adolescentes em Situação de Desastres aos planos do município”, defende Danilo.
O tema é uma das cinco prioridades propostas pelo UNICEF na agenda Cidade de Direitos – Cinco prioridades para crianças e adolescentes nas Eleições 2024, voltada a candidatos e candidatas de todo o País.
Além da resiliência climática, o UNICEF pede que candidatas e candidatos se comprometam com o enfrentamento à violência contra crianças e adolescentes, com a Educação, com a saúde e com a nutrição, e que priorizem as necessidades das crianças e dos adolescentes mais vulneráveis ao planejar e orçar políticas públicas de garantia de direitos – ajudando a promover essa e as outras prioridades sugeridas.