Na manhã deste domingo (1), o tiro esportivo brasileiro celebrou um marco inédito com a conquista da medalha de prata por Alexandre Galgani nas Paralimpíadas de Paris 2024. Galgani, de 41 anos, garantiu a prata na categoria carabina de ar deitado 10m SH2 misto, sendo a primeira medalha do Brasil nesta modalidade nos Jogos Paralímpicos.

Natural de São Paulo, Galgani confirmou suas habilidades após um desempenho notável nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago no ano passado, onde conquistou duas medalhas: prata no rifle 10m e ouro na carabina 50m, além de um bronze no Mundial de Tiro Esportivo em Lima, 2023.

Na final desta manhã, o atleta brasileiro somou 254,2 pontos, ficando atrás apenas do francês Tanguy de la Forest, que obteve 255,4 pontos e levou o ouro. A medalha de bronze foi para a japonesa Mika Mizuta, com 232,1 pontos. A categoria SH2, na qual Galgani competiu, é destinada a atiradores que não conseguem suportar o peso da arma com os braços e necessitam de suporte adicional.

A participação de Galgani em Paris 2024 marca sua terceira aparição em Jogos Paralímpicos, após estrear em 2016 no Rio de Janeiro, ao lado de Débora Campos e Geraldo Rosenthal, e representar o Brasil sozinho em Tóquio 2020. Agora, ao lado de Bruno Stov Kiefer, ele alcançou o pódio e coroou uma trajetória de mais de 20 anos de esforço e dedicação, que inclui até mesmo um estande de tiro montado em sua própria casa.

Galgani iniciou sua jornada no tiro com uma espingarda de chumbinho ainda jovem. No entanto, em 2002, um acidente de mergulho em sua casa resultou em uma lesão na coluna que o deixou sem movimentos dos membros superiores.

“Foi muito difícil no começo, pois eu só conseguia mexer os olhos e sentia um grande desânimo. Havia uma incerteza sobre se eu conseguiria sair da cama ou não”, relatou Galgani em entrevista ao ge em 2023.

Graças à fisioterapia e ao apoio familiar, ele conseguiu recuperar gradualmente os movimentos dos membros superiores e, com o suporte do pai, retomou a prática do tiro. Apesar das limitações, como a ausência de movimentos nos dedos das mãos, Galgani continuou a praticar o esporte, retornou aos seus sonhos e se formou em Direito.

“O esporte trouxe minha vida de volta. Ele me deu um novo propósito, permitiu-me sonhar novamente e lutar de igual para igual com muitos”, disse Galgani.