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Silvio Santos: relembre sucessos da TV trazidos pelo apresentador de outros países

Você sabia que Silvio Santos quase foi o Bozo – personagem que ele trouxe da TV americana em 1980? Relembre esse e outros sucessos importados pelo Homem do Baú

Reprodução

O agora eterno Silvio Santos faleceu neste sábado (17), aos 93 anos. Na repercussão internacional de sua morte, diversos nomes – projetados no Brasil graças a iniciativas suas na televisão – prestaram homenagens na web.

Em sua página oficial no X, Florinda Meza – a Dona Florinda – agradeceu a Silvio Santos por ter trazido o universo de Chespirito ao país, onde os humorísticos se tornaram cult. Já Thalia repostou uma lembrança de fãs brasileiros no Instagram, em que Silvio a entrevista no final dos anos 1990. A atriz Gabriela Spanic – estrela de A Usurpadora – mandou condolências aos Abravanel e à emissora que a reprisa até hoje no papel das gêmeas opostas.

A rede argentina Telefé também prestou homenagem a Silvio em um comunicado oficial. Com a emissora, o empresário iniciou parceria na produção da versão brasileira de Chiquititas, em 1997.

Silvio Santos apresenta as suas Chiquititas ao público brasileiro em 1997: escolha por preservar títulos originais era a aposta do apresentador e empresário para atrair atenção. E dava certo. Créditos – SBT/Reprodução

Chaves e dramalhões como os citados se tornaram cultura pop no Brasil — graças às costumeiras apostas de Silvio Santos em formatos e produções estrangeiras, o que se tornou característica marcante do SBT.

Confira abaixo estes e outros sucessos importados pelo Homem do Baú, que se tornaram parte do imaginário brasileiro:

Chaves e toda a franquia de Chespirito

Com uma diferença de apenas quatro dias entre as estreias, o SBT começou a exibir Chapolin e Chaves em agosto de 1984, como esquetes dentro do game show TV Poww! Só depois, diante do sucesso, o universo de Chespirito ganharia horário próprio — e se transformaria em objeto de culto entre os brasileiros pelas gerações seguintes.

Na época da aquisição, todos os executivos do SBT se puseram contrários à exibição de Chaves e Chapolin. Intuitivo, Silvio os contrariou, contratando uma empresa para dublar os episódios e os colocando na grade da emissora.

Florinda Meza se despede de Silvio Santos no Instagram.

Chaves e Chapolim só deixaram de ser exibidos pelo SBT após 36 anos, em 31 de julho de 2020. Atualmente, divergências entre a Televisa e a família de Roberto Gomes Bolanõs impedem que as emissoras do mundo exibam os humorísticos.

O palhaço Bozo

A pesonagem chegou à televisão brasileira por iniciativa de Silvio em 15 setembro de 1980, quando a emissora ainda se chamava TVS. O programa do Bozo foi retransmitido em São Paulo até 1981 pela TV Record. Na época, Silvio Santos era dono das duas emissoras. Isto durou até a inauguração do SBT, em 19 de agosto de 1981.

Sempre com as rédeas, o Homem do Baú quase se maquiou de Bozo nos anos 80, tamanha a dificuldade para encontrar quem pudesse fazê-lo. Créditos – Reprodução

A escolha pelo Bozo se provaria uma tarefa difícil, segundo o autor Thell de Castro no livro Dicionário da Televisão Brasileira. Assim, Silvio cogitou interpretar – ele mesmo – o palhaço, mas desistiu, aconselhado por sua equipe na época.

Após vencer um concurso contra outras 29 pessoas, o gaúcho Wanderley Tribeck – o Wandeko Pipoca – foi o escolhido, aprovado pelo próprio Larry Harmon (criador da personagem).

Os reality shows

Se tais programas se tornaram comuns na televisão brasileira, é tudo graças a uma proeza infame de Silvio Santos. Após descartar o Big Brother devido ao valor considerdo excessivo, Silvio insistiu na sinopse e fez o seu próprio — a Casa dos Artistas, em 2001.

Silvio com o elenco da Casa dos Artistas em 2001: programa estreou desacreditado até pelos próprios participantes, mas se revelou febre que antecedeu o Big Brother Brasil. Créditos – Reprodução

Porém, o empresário não tinha autorização legal ao formato e acabou processado pela Endemol e pela Rede Globo — que só introduziria o Big Brother aos brasileiros em 2002.

Qual é a Música?

Um dos programas mais apreciados de Silvio, o formato é baseado no game show norte-americano Name That Tune (“Dê Nome a Esse Toque”), criado pelo maestro Harry Salter e esposa Roberta Semple Salter. Pode-se dizer que Silvio aprimorou o programa original, que nunca contou com um Pablo para chamar de seu.

Silvio no Qual é a Música à época da estreia, em 1976. Créditos – Reprodução

Show do Milhão

Enquanto Luciano Huck agora comanda uma versão brasileira mais direta do Who Wants to Be a Milionaire? (“Quem Quer Ser um Milionário?”), a adaptação de Silvio Santos fazia sucesso nos anos 2000. Deslizes inacreditáveis de participantes hoje repercutem na web.

Silvio e uma das perguntas do Show do Milhão em seu auge. O participante errou a questão. Créditos – Reprodução

Como no Big Brother, adaptar o Who Wants também resultou em processo judicial: em 2000, o empresário Jacques Glaz acionou Silvio na justiça por quebra de contrato. Foi Glaz quem informou Silvio da existência do programa no exterior. Porém, o co-autor acabou não sendo remunerado pelo trabalho ao lado do Homem do Baú.

Fantasia

O inesquecível game show apresentado por beldades — hoje um prato cheio para memes na web — é baseado no programa italiano Non è La RAI. Telespectadores ligavam e participavam de brincadeiras concorrendo a prêmios, graça que acabou congestionando o sistema telefônico da cidade de São Paulo por cerca de meia hora, em dezembro de 1997.

Lembrado por revelar grandes comunicadoras da mídia, como Adriana Collin e Jackeline Petkovic.

Tânia Mara (mais tarde cantora e famosa pelo hit “Se Quiser”), Amanda Françozo, Adriana Collin (também conhecida por ter feito parte do Domingão do Faustão), Jackeline Petkovic e Débora Rodrigues eram queridinhas do apresentador. Créditos – Reprodução

Casos de Família e similares

Falando em memes, o show de tretas bizarras em família também vem da TV gringa: o formato é baseado em The Ricki Lake Show — e estreou no SBT como o programa Márcia, comandado pela sumida Márcia Goldschmidt. Os humores exaltados, confusões e ocasionais quebra-quebras no estúdio podem ser vistos na versão original.

Apenas em 2004 estrearia o Casos de Família, apresentado por Regina Volpato até 2009. Daquele ano até 2023, Cristina Rocha comandou o programa , trazendo mais acidez e agressividade no palco.

Passa ou Repassa

Hoje comandado por Celso Portiolli, o programa é um remake do Double Dare, produzido até 2019 pela Nickelodeon. No início, o próprio Silvio Santos apresentava o game — porteriormente substituído por Angélica e Gugu Liberato.

Celso Portiolli chegou ao programa em 1996 e seguiu até 2000. Quatro anos depois, o SBT resgatou o Passa ou Repassa , comandado por Portiolli até os dias de hoje.

As novelas infantis

Dentro da teledramaturgia, Chispita, Chiquititas e Carrossel foram algumas apostas estrangeiras de Silvio Santos que deram certo.

Importando dramalhões da TV lationoamericana, o empresário tinha o costume de manter os títulos no idioma original a fim de chamar atenção — dessa forma, produzindo sentido de singularidade. Com Chiquititas (castelhano para “Pequeninas”) e Chispita (que quer dizer “Centelhinha” ou “Fagulhinha”) , funcionou.

Silvio Santos faz visita surpresa às pequenas atrizes de Chiquititas nos estúdios da Telefe, na Argentina, com a filha Renata Abravanel. Na web, o elenco lembrou o momento em homenagem ao apresentador. Créditos – Reprodução

As novelas de gente grande

A citada escolha pelo título original causou polêmica em 2001 — quanto Silvio decidiu que sua nova aposta em novelas se chamaria Pícara Sonhadora, estrelando Bianca Rinaldi. Apesar da piada de quinta série pronta, a novela foi um dos remakes de sucesso de novelas de fora, idealizados por Silvio: incluindo Pequena Travessa, Esmeralda e Canavial de Paixões.

Silvio com Gabriela Rivero, a professora Helena da Carrossel mexicana, na década de 1990. Créditos – Reprodução

Exibições originais famosas incluem A Usurpadora e a trilogia das Marias: Maria Mercedes, Marimar e Maria do Bairro, agora fortemente marcadas no imaginário dos brasileiros e estrelando a cantriz Thalia.

E o que dizer, entre inúmeras importações mexicanas, do fenômeno Rebelde, que originou a banda RBD e foi febre nos anos 2000. Silvio adquiriu os direitos de exibição da Televisa e a novela mexicana estreou no SBT em agosto de 2005.

A Usurpadora Gabriela Spanic relembra participação com Silvio Santos no Instagram em homenagem. Créditos – Reprodução

Nos anos 2000, Silvio ainda tentou fazer da atriz Bárbara Paz (campeã na Casa dos Artistas) a sua própria Thalia: com Bárbara protagonizando Marisol e Maria Esperança.

Silvio Santos se diverte com Lucero, estrela mexicana da novela Chispita, exibida pelo SBT em 1992. Créditos – Reprodução
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