Coletivos na Grande Ilha: SSP-MA aponta redução na violência, enquanto rodoviários cobram mais segurança
Na Região Metropolitana de São Luís, a violência urbana transforma o trabalho nos ônibus em profissão de risco
“Todas as vezes agora do assalto [sic], eu vou parar a cidade [de São Luís]”, prometeu Marcelo Brito – presidente do Sindicato dos Rodoviários do Maranhão (STTREMA) – em depoimento à imprensa, reagindo à violência sofrida pelo cobrador de ônibus Denilson Viegas Furtado na última terça-feira (28).
No início da tarde, o trabalhador acabou esfaqueado por um adolescente de 17 anos, uniformizado – ao tentar impedir que o garoto pulasse a catraca do coletivo, na plataforma Ribeira/Ipase do Terminal de Integração Cohab-Cohatrac.
O jovem foi contido pela Guarda Municipal ainda no local, enquanto o cobrador – com ferimentos no braço e na região torácica -, foi hospitalizado e liberado na quarta (28), sem necessidade de cirurgia.
O crime, que pôs em polvorosa passageiros e rodoviários de toda a Grande São Luís na última terça, não se tratou de um assalto, como mencionado por Marcelo Brito em tom justificável de revolta.
Porém, o cobrador Denilson Viegas é um sobrevivente de um cenário de violência urbana e notável crueldade, às quais a categoria acaba exposta todos os dias (bem como os passageiros).
Outro sobrevivente é o motorista D. F., de 38 anos e há sete no ramo. Ouvido por O IMPARCIAL e optando por não ser identificado, ele lembra ter sido rendido na parada do shopping do Caminho de São José de Ribamar (antiga “Estrada de Ribamar”), a MA-201, há cerca de três anos.
Nessa ocorrência, felizmente, todos saíram ilesos. Porém, nem sempre é o caso: nos últimos três anos, pelo menos três trabalhadores dos coletivos da Grande Ilha perderam a vida no expediente, de acordo com o STTREMA.
Com o motorista já baleado, o ônibus perdeu o controle e parou em cima de um canteiro central. A Polícia Militar informou que os bandidos fugiram com a renda do ônibus e objetos de valor dos passageiros.
Alguns dias após esse crime, a Segurança Pública do Maranhão anunciou ampliação da Operação Catraca – voltada para o combate e repressão a roubos em veículos do transporte coletivo que circulam na Grande Ilha.
E as forças de segurança insistem que a ação vem surtindo efeito.
O Governo do Maranhão também ressaltou empenho em reduzir ainda mais os índices.
Em um exemplo de pontos a menos para a criminalidade, a Operação Catraca deteve dois assaltantes de ônibus na região do Maranhão Novo, no último dia 22 de agosto. Aparelhos celulares foram apreendidos – segundo a própria dupla, roubados de ônibus na região.
Em resposta ao ataque de terça passada, a SSP-MA garantiu reforço em todos os terminais da Grande Ilha.
“Falta parar os ônibus inesperadamente e revistar [os ocupantes]”, sugere, contudo, o motorista entrevistado D. F. Ele esteve presente na breve paralisação de advertência após o cobrador ser esfaqueado na terça, no Terminal Cohab/Cohatrac.
E mais atos de apelo estão previstos – no sábado (31), a categoria deve se reunir em assembleia, cuja pauta ainda não foi definida. Embora o tópico principal seja óbvio: que o trabalho nos ônibus da Grande Ilha não seja sinônimo de profissão perigosa.
“É uma vida, é um trabalhador que está lá. É preciso dar assistência a todos nós. Todos temos o direito de ir e vir sim – mas com segurança”, enfatizou o presidente Marcelo Brito.