"PERDI R$ 600"

Usuários relatam golpes em plataformas de apostas

Especialista em direito digital do Núcleo de Práticas Jurídicas, explica que plataformas de cassino e caça-níqueis, como o “Jogo do Tigrinho”, não estão permitidas no Brasil.

USUÁRIOS REVELAM COMO FORAM LESADOS FINCANCEIRAMENTE PELA PLATAFORMA

O que parecia ser dinheiro fácil e rápido, virou problema de Justiça. O eletricista João Araújo tinha o costume de apostar em plataformas online. Um dia, como era de costume, fez o depósito, jogou e recebeu a mensagem de que havia sido premiado. Na hora de sacar o dinheiro foi quando os problemas começaram.

“Inicialmente a plataforma só deixava sacar o total de 12 reais por dia. Entrei em contato com o suporte e eles me orientaram a depositar mais dinheiro para poder sacar um montante maior. Foi o que fiz. Acabei depositando mais 110 reais. Tentei sacar 300 e o pix não caia na minha conta. Então, o suporte me orientou a ser membro vip, só que eu teria que depositar mais 155 reais. Assim o fiz. Depois que depositei esse valor, o atendimento da plataforma bloqueou meu número, não consegui mais fazer nenhuma aposta e meu dinheiro está todo retido lá. Perdi mais de 600 reais”, relata o eletricista.

Orientado por um advogado especialista em direito digital, João solicitou com seu banco a devolução do Pix feito para a plataforma, mas até agora não teve resposta. Só no mês de junho, sites online como o Reclame Aqui registraram dezenas de denúncias de usuários sobre possíveis fraudes em plataformas de apostas online.

Confira as plataformas mais citadas pelos brasileiros

É POSSÍVEL PROPOR AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS, COM BASE NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Ainda de acordo com dados do Reclame Aqui, as plataformas mais citadas pelos brasileiros são: Betfair, Bet365, Sportingbet, Rivalo e NetBet. A maioria dos relatos se refere a propaganda enganosa e fraude.

Mas não é proibido?


Depende. O professor e advogado especializado em direito digital do Núcleo de Práticas Jurídicas da Facimp Wyden, José Vinicius de Santana, explica que as plataformas de cassino e caça-níqueis, como o “Jogo do Tigrinho”, não estão permitidas no Brasil. Porém, a maioria dessas empresas são registradas em outros países e a Lei nº 14.790, a “Lei de Apostas”, publicada em 30 de dezembro de 2023, permite a exploração virtual desses cassinos.

“Em virtude da falta de regulamentação do Ministério da Fazenda acerca da forma e dos critérios para o pedido de registro e autorização das plataformas de apostas de quota fixa, essas plataformas operam no Brasil a partir de sedes no exterior”. explica o professor.

O motivo do sucesso


“A forma de divulgação desses jogos, que relacionam a aposta ao ‘sucesso’ e à ‘riqueza’, podem, certamente, impulsionar usuários menos desavisados a buscar essa facilidade por meio de apostas”, diz Santana, o que explica o sucesso e a procura dessas plataformas no país.

Segundo o professor, saber se uma plataforma de apostas é fraudulenta ainda é uma questão complexa. “Devido à morosidade legislativa e à atuação lenta dos órgãos do Executivo na regulação dessas plataformas, é essencial praticar o uso responsável e inteligente das ferramentas da Internet”, alerta.

Uma forma de verificar a confiabilidade das plataformas é investigar sua reputação, utilizando sites como o Reclame Aqui ou analisando os comentários no próprio site da casa de apostas.

Fui vítima. O que fazer?


Para as vítimas de golpes em plataformas de apostas, existem possibilidades legais tanto na esfera civil quanto penal.

Na esfera civil, é possível propor uma ação de indenização por danos materiais e morais, com base no Código de Defesa do Consumidor (CDC). Na esfera penal, é possível registrar um boletim de ocorrência por crimes como estelionato. “Com a regulamentação estabelecida pela Portaria SPA/MF nº 827, a expectativa é que futuras plataformas estejam sediadas no Brasil, facilitando a responsabilização e proteção dos consumidores”, explica Santana.

Apesar dessas possibilidades jurídicas, são raros os casos em que a vítima consegue o dinheiro de volta, já que essas plataformas não são sediadas no país.

Segundo o ministério da Fazenda, uma portaria deve ser publicada ainda este ano para que a partir de 2025 o mercado de apostas online seja regulado. Uma das estratégias será identificar as plataformas com o domínio “bet.br”, com maiores proteções para os usuários.

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