Investigação

PF conclui que Bolsonaro tentou incorporar joias sauditas ao patrimônio pessoal

O relatório aponta que o comércio das joias poderia ter rendido R$ 6,8 milhões a Jair Bolsonaro.

Reprodução

A Polícia Federal (PF) concluiu que o ex-presidente Jair Bolsonaro tentou incorporar presentes da Presidência ao seu patrimônio pessoal, conforme relatório que embasou seu indiciamento no caso das joias sauditas.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirou o sigilo do inquérito na última segunda-feira (8).

Segundo o relatório da PF, Bolsonaro teria enviado uma mensagem ao seu advogado pessoal, Frederick Wassef, sugerindo que uma resolução do Tribunal de Contas da União (TCU) de 2016 lhe conferiria o “direito” de ficar com o material.

O relatório aponta que o valor das joias poderia alcançar R$ 6,8 milhões caso fossem comercializadas.

“O valor parcial dos presentes entregues por autoridades estrangeiras ao então presidente da República Jair Bolsonaro, ou por agentes públicos a seu serviço, que foram objeto da atuação da associação criminosa, com a finalidade de propiciar o enriquecimento ilícito do ex-presidente, somou o montante de US$ 1.227.725,12 ou R$ 6.826.151,66”, detalha o documento.

Até o momento, a defesa de Bolsonaro não se manifestou sobre as informações do relatório, e o ex-presidente nega qualquer envolvimento no suposto esquema.

A PF alega que Bolsonaro teria utilizado o dinheiro da venda das joias para financiar sua estadia nos Estados Unidos.

O inquérito também revela que o general da reserva Mauro Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, entregou US$ 25 mil ao ex-presidente.

A PF solicitou o indiciamento de Bolsonaro e outras pessoas pelos crimes de peculato, lavagem de dinheiro e associação criminosa.

Alexandre de Moraes determinou que os advogados dos envolvidos tenham acesso integral ao processo, e a Procuradoria-Geral da República terá 15 dias para analisar o caso.

Entre os indiciados estão Frederick Wassef, Fabio Wajngarten, Mauro Cid e seu pai, Mauro Lourena Cid.

O ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque, o coronel do Exército Marcelo Costa Câmara e o segundo-tenente Osmar Crivelatti também foram indiciados.

O caso teve início em março de 2023, após reportagens do jornal O Estado de S. Paulo revelarem suspeitas.

A PF abriu inquérito para investigar a movimentação das joias, retidas pela Receita Federal em 2021, e ampliou as investigações para outros itens de luxo.

Em agosto, a operação Lucas 12:2 foi realizada pela PF, autorizada por Alexandre de Moraes como parte das investigações, que incluíram depoimentos de Bolsonaro e Mauro Cid em abril.

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