Juíza acusada de assédio moral responderá processo administrativo no TJMA
Acusações partiram de duas oficialas de Justiça – que relataram “comportamento autoritário e constrangedor” por parte da juíza
Na manhã desta quarta-feira (24), o pleno do Tribunal de Justiça do Maranhão decidiu abrir um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) contra a juíza de direito Gisele Ribeiro Rondon, da 7ª Vara Cível do Termo Judiciário da capital, da Comarca da Ilha de São Luís — envolvida em um caso de assédio moral.
Na semana passada, os desembargadores Sebastião Bonfim, Gervásio e Sônia Amaral — todos do TJMA — se manifestaram a favor de afastar a magistrada de suas atividades no Judiciário maranhense.
Entretanto, o desembargador Tayrone Silva votou pelo arquivamento da denúncia. Jorge Rachid pediu vistas e os demais integrantes da Corte de Justiça decidiram pela abertura de um Processo Administrativo Disciplinar — que se confirmou hoje. Portanto, a juíza segue em suas funções.
A denúncia
As acusações contra Gisele Rondon estão sendo apuradas em sindicância junto à Comissão de Prevenção e Enfrentamento do Assédio da Corregedoria Geral — e partiram de duas oficialas de Justiça. Elas relataram um comportamento que classificaram de autoritário e constrangedor da juíza.
Uma delas, inclusive, disse à colega que não iria comparecer pois estava muito nervosa, trêmula e chorando muito por conta do tom de voz de Gisele que teria dito que tomaria providências se ambas se ausentassem.
De acordo com as oficialas, a juíza disse estar ‘muito chateada, irritada e indignada’. “Que era uma falta de respeito”, ela como magistrada agendar uma reunião e os servidores não comparecerem e ainda que, ‘quando um juiz marca uma reunião é obrigação do servidor comparecer’.
Uma das oficislas, inclusive, obteve uma nota baixa ao ser avaliada pela juíza após uma reunião com a magistrada em janeiro, acerca da realização de um mutirão em que seriam designadas em torno de 80 audiências, o que resultaria, aproximadamente, em 180 diligências.
Ela foi cobrada por Gisele para que todas as diligências tivessem sua finalidade atingida e certificadas até dia 28 de fevereiro.
Ao destacar que haveria o feriado de carnaval e que as outras demandas da unidade não estavam suspensas, como as medidas protetivas de urgência, a magistrada respondeu dessa forma: “É assim mesmo, tem que cumprir, independentemente de feriado, finais de semana […].”
Ela contou que ficou bastante abalada emocionalmente, tendo iniciado acompanhamento com psicólogos, pois estava apresentando choro fácil, além de desmotivação para o trabalho, alta carga de trabalho e problemas na homologação das férias dos servidores.
A colega, por sua vez, destacou que trabalhou anteriormente com Gisele, na comarca de Zé Doca onde enfrentou um ambiente de trabalho hostil, com conflitos frequentes e tratamento autoritário por parte da juíza.
Ela relatou ainda ter entrado em estado de ansiedade crônica, razão pela qual solicitou sua remoção para outra comarca. A relatora afirmou ainda nunca ter anteriormente formalizado denúncia por medo de sofrer uma retaliação
Enquanto juíza de Zé Doca, aconteceram fatos semelhantes — inclusive, uma outra servidora foi removida para São Luís com problemas psicológicos.
O automóvel em questão estava sendo utilizado pela magistrada e a retirada do automóvel foi filmada por vigilantes durante uma madrugada, inclusive o nome dela consta no livro de registro da Secretaria Municipal de Trânsito e Transporte (SMTT).