Já vislumbrou que ainda criança, o seu filho ou filha pode já ter escrito um livro, em um mundo onde a leitura está cada vez mais sendo deixada de lado? No Maranhão, pelo menos 10 mil crianças já criaram e contaram as suas histórias utilizando a tecnologia de forma saudável para incentivá-las no mundo da leitura e da produção textual, por meio da startup ImaginaKIDS.

“Transformamos alunos em grandes escritores, e nesse processo engajamos os alunos de forma significativa no universo da leitura, transformando-os em grandes escritores, protagonistas de suas histórias”. O depoimento é de Alionalia Lopes, CEO e cofundadora da ImaginaKIDS, uma startup maranhense que difunde a leitura e forma escritores mirins desde 2018.

Startup é uma empresa. É um negócio como qualquer outro, mas com características especiais, sendo uma delas, a de resolver uma dor, uma necessidade de mercado, de um determinado público-alvo, utilizando a tecnologia para encontrar a solução e o seu modelo de negócio.

“A ImaginaKIDS surgiu de um questionamento que em startup chamamos de dor. Como engajar as crianças no universo da leitura e produção textual, em um mundo onde elas leem cada vez menos? Conversamos com muitos pais, crianças e escolas, e percebemos que era uma preocupação muito grande. Assim, criamos uma plataforma para a criação de histórias infantis feitas por crianças. Em sala de aula, com a mediação da professora, o aluno cria toda a narrativa, edita e diagrama sua história e no final do projeto recebe o livro impresso em um lindo evento de autógrafos”, disse Alionalia.

Assim como a ImaginaKIDS, muitas startups nasceram, fruto de uma inquietação e tiveram, e estão tendo êxito. Mas infelizmente, nem todas deram certo. O número de ideias que ficam pelo caminho é muito maior do que as que prosperam e os motivos são os mais diversos, como por exemplo, ter uma ideia que não seja muito viável.

“Muitas morrem no campo das ideias e isso é natural. Esse é um movimento que acontece aqui em São Luís, em Florianópolis, em São Paulo, em Fortaleza, em todo o Brasil. A tendência de dar errado é muito grande porque eles trabalham no ambiente de muita insegurança, muita incerteza, muitas idas e voltas. É diferente, por exemplo, de começar um negócio formal”, comenta César Guimarães, Gerente de Inovação e Tecnologia do Sebrae.

Um mapeamento do Sebrae apontou que há em torno de 400 startups no estado. Só no ano passado foram mais de 600 atendimentos de startups que passaram pelos programas e atividades do Sebrae. No ano passado o NEOn (Nordeste On), em São Luís, reuniu mais de 200 startups de todo o Nordeste e mais de R$8 milhões foram negociados nos dois dias de evento.

Durante a Startup Nordeste, o Maranhão ficou em segundo lugar em número de ideias de soluções, com 299 inscrições, ficando atrás apenas do Ceará, que teve 350 inscrições. Há três anos, o Nordeste representava cerca de 12% do número de startups no Brasil, hoje com os programas de incentivo e amadurecimento desses ecossistemas, saltou para 26%. A parceria com instituições de ensino, universidades, é fundamental para esse fomento, pois as universidades e instituições de ensino funcionam como laboratórios para que as startups saiam do papel.

Segundo César Guimarães, o segmento educacional é um dos que mais se destaca no surgimento de startups, e isso é comprovado pelos números, que participam dos programas de Sebrae, propondo soluções educacionais, de acesso à informação. Um exemplo é a ImaginaKIDS, que a gente já pontuou acima.

“A solução dela é fazer com que estudantes do ensino fundamental sejam escritores, autores de livros, e ela faz isso com tecnologia de uma forma muito simplificada ajudando no processo educacional escolar. Porque o acesso à educação ele ainda é uma barreira no nosso Brasil. E as startups que propõem isso tem forte tendência de crescimento”, afirma.

Agente de transformação do meio ambiente

A Compensei é uma startup com 2 anos no mercado, que recebeu toda a consultoria do Sebrae, e que hoje presta serviço para vários lugares, inclusive para o Sebrae em descarbonização de eventos, de ações. De acordo com a fundadora, Vilena Silva, a ideia surgiu para democratizar o acesso à gestão climática.

Através de uma plataforma acessível e intuitiva, a Compensei auxilia negócios, eventos e instituições públicas na jornada de descarbonização em 3 eixos: medição, redução e compensação das emissões de gases de efeito estufa, contribuindo para uma economia de baixo carbono e para o combate às mudanças climáticas em todos os setores produtivos.

“A Compensei modifica o cenário ao introduzir soluções inovadoras e eficazes para a descarbonização de negócios e eventos. Implementamos tecnologias de ponta para medição e monitoramento de carbono e oferecemos consultoria especializada para redução e compensação de emissões. Nossa abordagem é baseada em padrões internacionais, como o GHG Protocol e ABNT PR 2060, e garante que nossos clientes não apenas atendam às suas metas de sustentabilidade, mas também liderem pelo exemplo através do protagonismo climático como diferencial competitivo”, disse Vilena Silva.

Segundo César Guimarães, a startup estará com o Sebrae na Feira do Empreendedor, que vai ser em Balsas.

“Será mais um evento do Sebrae carbono zero. Essa startup, que em 2022 era uma folha de papel, e que o Sebrae ajudou, hoje presta serviço para a gente e para instituições de outros estados. O Maranhão, sempre acostumado a importar soluções, agora está exportando startup desenvolvida por empreendedores locais, acompanhada pelo Sebrae, e que hoje está ganhando o Brasil. Inclusive a Compensei está conosco no programa Inova Amazônia, de aceleração de negócios inovadores com a proposta de desenvolver soluções focadas em bioeconomia” contou.

Para Vilena, o apoio do Sebrae foi fundamental em toda a jornada da empresa, desde quando o negócio era apenas uma ideia.

“O Sebrae nos capacitou e investiu no negócio através do programa Startup Nordeste, proporcionando apoio técnico e financeiro necessários para criar e escalar o negócio, além de visibilidade nos diversos eventos de inovação apoiados por eles. Hoje, nosso portfólio inclui uma ampla gama de clientes e projetos em vários estados do país. Um bom exemplo é nossa contratação pelo governo do Mato Grosso do Sul, onde a Compensei contribui para o alcance das metas climáticas estabelecidas pelo governo estadual através da descarbonização do turismo. O Mato Grosso do Sul é considerado uma referência em sustentabilidade e possui o primeiro destino de ecoturismo carbono neutro do mundo, focando sempre em reduzir o impacto ambiental e promover práticas sustentáveis em diversos setores da economia”, disse Vilena.

Ideias inovadoras

E se eu tiver uma ideia inovadora e quiser abrir uma startup? Qual caminho seguir? Segundo César Guimarães, o Sebrae tem um portfólio gratuito de programas de orientações para esses empreendedores. Inclusive, muitos desses programas incentivam as startups disponibilizando bolsas, a exemplo do Startup Nordeste.

A plataforma Sebrae Startups tem todos os programas que o Sebrae desenvolve para esse público no Brasil todo. Dentro do portal do Sebrae, o EAD do Sebrae (Educação à Distância) oferece uma trilha de pré-aceleração que vai desde a concepção, do que é uma ideia, um negócio inovador, uma startup, até a parte de investimento.

“Por onde eu começo, quem pode me ajudar, como é que eu faço para atrair algum recurso para desenvolver essa ideia, um investidor anjo? Então é uma trilha de pré-aceleração que pode ser muito útil para quem quer a proposição de um negócio”, disse César.

Para quem quer empreender nesse modelo de negócio, o Sebrae, durante o ano todo, fomenta atividades e tem ações pontuais nas unidades de negócio, além de lançar editais específicos.

“O empreendedor deve ficar atento às nossas redes sociais, nosso site. Quanto mais empreendedores apresentarem propostas, melhor para ter mais ideias consistentes, mais probabilidade daquela ideia dar certo. Lembrando que o segundo ciclo do Startup Nordeste vai ser lançado na segunda edição do NEOn, que vai ser em João Pessoa (PB), nos dias 6 e 7 de junho. E a gente tem também algumas parcerias como a própria Fapema (Fundação de Amparo à Pesquisa do Maranhão). Espera-se um número bom de inscrições para que se desenvolva um número maior de startups. A 1ª edição foi aqui em São Luís e a ideia é que esse evento circule por todo o Nordeste”, ressaltou César.