TIRANIA

O Conto da Aia: o que é a obra citada em protestos contra a PL do Aborto

Livro que inspirou série aclamada — e angustiante — retrata ditadura que distorce versículos bíblicos e brutaliza mulheres

Reprodução

A aprovação da urgência do Projeto de Lei (PL) 1.904/24, que equipara o aborto ao crime de homicídio, na quarta-feira (12/6), gerou uma série de manifestações, sobretudo na web

O assunto levou internautas a comparerem o Congresso Nacional com Gilead: o regime autoritário e teocrático que toma conta dos Estados Unidos na distópica série The Handmaid’s Tale — ou O Conto da Aia (título em português) —, adaptação do livro homônimo de 1985, escrito pela canadense Margaret Atwood.

De autoria do deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), o PL 1.904/24 prevê que abortos realizados após 22 semanas de gestação sejam considerados homicídio. (Mais após a imagem)

Norte-americanas protestam caracterizadas como Aia durante o Governo Trump, em 2017. Créditos – Reprodução

A medida se aplicaria mesmo que a mulher fosse vítima de estupro. Críticos ao projeto levantam a discussão sobre como o texto pode afetar, principalmente, crianças vítimas de abuso sexual, já que são elas que levam mais tempo para identificar uma gravidez.

Em meio ao debate sobre o polêmico projeto, imagens de O Conto da Aia viralizaram nas redes sociais. Artistas, como o cartunista Nando Motta, utilizaram a figura das aias em ilustrações que protestam contra o Projeto de Lei.

A imagem já tinha sido utilizada em protestos alusivos antes — em 2019, quando a atual senadora Damares Alves Repulicanos) repercutiu pela fala “Menino veste azul e menina veste rosa”, o artista gráfico Butcher Billy a reproduziu como uma das Tias da ditadura de O Conto da Aia: (Mais após a imagem)

Na série, mulheres e meninas são submetidas a um sistema brutal onde devem servir como “aias”, cuja função principal é gestar filhos para as famílias dominantes em um contexto de baixíssima taxa de natalidade.

Esse sistema inclui estupros rituais como parte de uma prática religiosa distorcida, onde a autonomia sobre o próprio corpo é completamente negada.

Gilead é uma sociedade baseada em interpretações extremas de valores religiosos cristãos, onde a lei é fundamentada em preceitos religiosos e as punições são severas para quem desobedece.

A protagonista é June Osborne, vivida por Elisabeth Moss, uma ex-editora de livros que foi separada de seu marido Luke e de sua filha Hannah, quando Gilead surgiu por meio de um golpe.

Nesse contexto, ela é treinada para “servir” aos líderes do regime mas, apesar do controle opressivo, acaba se tornando uma das principais líderes das aias na busca por formas de resistir ao regime.

A produção está disponível no streaming.

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