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Espaços colaborativos no Centro Histórico são as novidades em São Luís este ano

A novidade é que esses espaços são gerenciados pelos próprios expositores, diferenciando-se de galerias convencionais.

Galeria Realce, um espaço colaborativo localizado na Rua de Nazaré (Foto: Divulgação)

Da informalidade à prática do empreendedorismo. Este salto, que parece difícil para muitos, virou realidade para grupos de pessoas que vendem produtos e serviços em feiras de rua, feiras institucionais e de forma avulsa e decidiram abrir espaços colaborativos no Centro Histórico de São Luís, onde expõem seus negócios para a venda. Já são duas: a Galeria Realce e a Loja Mosaico da Artes.

A novidade é que esses espaços são gerenciados pelos próprios expositores, diferenciando-se de galerias convencionais, que já existem na área da Praia Grande (Reviver), há décadas, nas quais o proprietário do imóvel aluga lojas a artesãos e outros investidores e administra o negócio.

A Geleira Reviver, na Rua da Estrela, 175, esquina com a João Gualberto, por exemplo, é administrada pelo proprietário do prédio, que aluga, desde 2007, 13 lojas para artesãos.

Esses novos ambientes colaborativos são diferentes, também, de espaços públicos, como o Mercado da Praia Grande (Mercado das Tulhas), em que as lojas de artesanato e de outros produtos são concessões aos comerciantes.

No caso desses novos empreendimentos, os expositores decidiram unir forças para viabilizar o seu próprio ponto de negócio. Optaram em alugar imóveis, na área do Centro histórico de São Luís, e fazer o gerenciamento de forma coletiva.

Essas pessoas empreendedoras trabalham com artesanatos, confecção de roupas com grifes próprias, pinturas, joias e biojoias, confecção e venda de artigos utilizados em alguma prática corporal como capoeira e danças populares, comércio de livros e roupas reutilizáveis etc. A maioria já é cadastrada como Microempreendimento Individual (MEI) e alguns ainda atuam na informalidade, mas estão buscando a formalização.

Na prática, esses espaços se enquadram em vários itens de alguns conceitos de negócios definidos no portal do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas em Empresas (Sebrae) como o de Loja Colaborativa e de Arranjos Produtivos Locais (APL). Estes dois conceitos, acentuados de forma completa e detalhada no site do Sebrae (www.sebrae.com.br), explicam um pouco o que é essa inciativa que começou a mostrar a cara, no Centro Histórico de São Luís, no dia 9 de dezembro do ano passado, com a inauguração da Galeria Realce, na Rua de Nazaré, 173, perto da escadaria da Rua do Giz. A iniciativa tem tudo para ser um exemplo a ser seguido.

Galeria Realce

A proposta de abrir a Galeria Realce começou quando Jackson Sousa (vendedor informal de roupas masculinas reutilizáveis), Silvia Gomes, Francisca Gomes e Carla Portela (comerciantes de roupas femininas reutilizáveis), a partir de convivência em uma feira, que funciona aos domingos, no Centro Histórico de São Luís, amadureceram a ideia de abrir um local próprio para suas atividades comerciais.

“Somos quatro pessoas com brechós que tivemos essa ideia de criar uma galeria no Centro Histórico, local da cidade que é o point dos microempreendedores, principalmente dos brechós e para o artesanato também”, explica Sílvia Gomes.

Sílvia Gomes comemora o sucesso da Galeria Realce (Foto: Divulgação)

“Escolhemos o Centro Histórico porque aqui nós temos vários segmentos diferenciados, pessoas com mentalidades diferentes, e tem um número bom de turistas; assim, houve a necessidade do empreendimento ser aqui. Aí veio a proposta da Galeria Realce, que ampliamos para a venda de produtos diversos. Em nossa galeria é possível encontrar de tudo um pouco”, informa a microempreendedora.  

Estratégias

O primeiro passo para colocar a ideia em prática foi pensar um planejamento. Assim, decidiram alugar um imóvel na área turística do Centro Histórico de São Luís e definiram as funções de cada um para viabilizar o novo empreendimento. Carla Portela ficou responsável pelo marketing: executar estratégias de produção e venda, organizar eventos e criar e alimentar as redes sociais. Jackson Sousa administra a parte financeira e Francisca Gomes ficou com a secretária (fechar e abrir contratos etc.). Silvia Gomes gere as questões ligadas aos aspectos físicos do prédio: abastecimento de água, energia, Internet, divisão do espaço e serviços de manutenção.

Desde então, tudo está indo muito bem na Galeria Realce. O sonho virou realidade. Com novos ajustes, foi definido que o horário de funcionamento é de terça-feira a domingo, das 9h às 17h.

Livreiro Cláudio Terças é um dos empreendedores da Galeria Realce (Foto: Divulgação)

Cláudio Terças é um dos atuais 28 empreendedores da Galeria Realce, que pode receber até 36 expositores em dois tamanhos de espaços: 2 metros por 1 metro, com taxa de R$ 300,00 ao mês; e o de 1 metro por 1 metro 80 cm, por R$ 150/mês. O dele tem o tamanho maior. “O resultado está além do esperávamos, tá dando tudo certo”, comemora.

Mosaico das Artes – Centro Histórico

Logo depois da inauguração da Galeria Realce surgiu a Loja Mosaico das Arte – Centro Histórico localizada, também, na Rua de Nazaré, mas no número 328, na área do calçadão, entre as Praças Benedito Leite e João Lisboa. Está funcionado, com 17 expositores, desde 11 de fevereiro. Só que os empreendedores estão com planos de fazer uma inauguração oficial, com coquetel e tudo, neste mês de junho.

Os expositores da Mosaico das Artes – Centro Histórico são artesão e artistas, à exceção de Arteiro, do Sebo do Arteiro, que trabalha com a venda de livros usados.

Patrícia Almeida e Lulu da Mocidade levaram a MEI Mundo Criativo para a Loja Mosaico das Artes – Centro Histórico (Foto: Divulgação)
 

“Nossa loja está muito bem visitada e bem aceita pelos turistas e moradores de São Luís”, comemora Patrícia Almeida. Ela mantém, há 13 anos, a MEI Mundo Criativo SLZ, com o marido, Luiz Freire (conhecido como Lulu da Mocidade).

A Mundo Criativo SLZ começou trabalhando com confecção de indumentárias de blocos tradicionais. Em seguida, passou a funcionar como MEI para vencer diversas barreiras impostas pela informalidade. “Como MEI, vimos as facilidades em diversos aspectos, como a emissão de notas fiscais e outras vantagens”, explica Patrícia Almeida.

As parcerias da Mundo Criativo SLZ com grupos carnavalescos, como escolas de samba e blocos tradicionais, e os de São João continuam em paralelo com a participação na Loja Mosaico das Artes. Assim como trabalhos da empresa oferecidos a escolas, na confecção de indumentárias durante festas populares realizadas em ambientes escolares.

Outro detalhe é que a Mundo Criativo SLZ é uma grife que trabalha com a confecção de modelos de camisas de botão de várias estampas, dependendo das coleções lançadas. As roupas estão em exposição nas galerias, assim como miniaturas de cazumbá, caboclo de pena etc.

O que Patrícia Almeida e Lulu da Mocidade estão expondo na Galeria Mosaico da Artes é o resultado de um caminho já percorrido pela sua empresa no mercado. E é o caminho semelhante ao de outros expositores da loja.

Turismo

Nesses dois espaços colaborativos, os expositores estão sempre disponíveis para oferecer informações para os turistas, como estratégia para agradar os clientes e descontrair o processo de compra e venda. “É, também, um compromisso nosso com a imagem de nossa cidade”, afirma a artesã Lageana Lopes que confecciona souvenires de fibra de buritis, desde 2013, e integra o grupo de expositores da Mosaico das Artes.

Lageana Lopes compra a matéria prima e faz a montagem de peças como miniaturas de bumba-meu-boi e marcadores de página, cadernos, agendas e cadernetas customizadas.  

Um dos objetivos dela, este ano, é deixar a informalidade e se formalizar como MEI, avaliando que a Mosaico das Arte veio para ficar. “Aqui é ótimo! Tem uma excelente localização e já estamos tendo retorno. Já conseguimos pagar as mensalidades dos alugueis no valor de R$ 5 mil”, comemora.

Lageana Lopes tem planos de sair da informalidade e formalizar uma MEI (Foto: Divulgação)

Lageana Lopes já fez treinamento em Atendimento ao Turista e afirma que a capacitação ajudou muito. “Está servindo para o desenvolvimento do meu trabalho. Quero fazer outros treinamentos e recomendo que todos façam”, explica.

O roteirista de cinema Edy Gomes e sua esposa a contadora Isabela Araújo, compraram lembranças em uma segunda-feira, dia 27 de maio, em pontos de exposição da Mosaico das Artes. Eles são de Recife, a capital do estado de Pernambuco, e passaram cinco dias viajando pelo Maranhão. “Essa loja é bem representativa da cultura da arte local e as pessoas são acolhedoras”, elogiou Edy Gomes.

O pernambucano Edy Gomes (roteirista) e sua esposa, a contadora Isabela Araújo, compraram lembranças no Mosaico das Artes – Centro Histórico (Foto: Divulgação)

Assim como Lageana Lopes Patrícia Almeida e Lulu da Mocidade, os outros expositores levaram para a Mosaico das Arte a experiência de anos de trabalho empreendedor. O livreiro Arteiro Muniz, colocou em exposição mais de 30 anos de experiência na seleção de compra e na venda de livros, CDs, mangás e discos. Do Sebo do Arteiro, que mantém na Rua do Sol, 441B, ele seleciona os livros certos para venda na galeria.  “Essa ideia veio para ficar; participo com orgulho e estamos otimistas”, anuncia.

Os espaços gerenciados pelos próprios expositores, do Centro Histórico de São Luís, deram certo e podem ser referência para outros grupos de empreendedores no Maranhão e no Brasil.

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