Visita presidencial

Entrevista: presidente Lula guarnece em São Luís

O presidente da Repúublica falou com exclusividade a O Imparcial sobre ações no Maranhão, projetos políticos, Partido dos Trabalhadores e eleições de 2022.

Reprodução

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, reúne nesta sexta-feita (21) autoridades na capital maranhese em uma cerimônia para anunciar a implantação do corredor de transporte na Avenida Litorânea e do polo receptor de energias renováveis de Graça Aranha. Na cerimônia ainda serão anunciadas a ordem de serviço para a expansão do Berço 98 (área especializada em granéis sólidos vegetais) e a renovação do contrato de delegação do Porto do Itaqui.

O presidente falou com exclusividade a O Imparcial sobre a importância dessas ações, dos projetos políticos, do Partido dos Trabalhores e das eleições de 2022. Confira a entrevista:

O Imparcial – O crescimento do PIB é um dos principais indicadores de recuperação econômica. Relatórios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) tem mostrado que a economia brasileira está em um caminho de recuperação, mas ainda enfrenta vários obstáculos, incluindo a necessidade de reformas estruturais, e emprego. Nesse cenário como o senhor analisa a importância do Porto do Itaqui como um equipamento estratégico para as ações e investimentos do governo?

Luiz Inácio Lula da Silva – O Brasil vem retomando o emprego, crescendo acima das expectativas. Estamos também retomando as obras de infraestrutura com o PAC – são 1,7 trilhão em investimentos em todos os estados – e aproveitando as oportunidades que estão se abrindo para o Brasil na transição energética. O Porto de Itaqui tem sido uma porta enorme para as exportações do Brasil e para o desenvolvimento do Maranhão, ainda mais com a integração com a Ferrovia Norte-Sul. Estamos ampliando a relação e as trocas comerciais do Brasil com o mundo, e o Porto de Itaqui é um dos lugares onde isso se transforma em riqueza, em emprego, onde podemos ver esse crescimento acontecendo, dar vazão à nossa produção e receber importações.

O.I. – O setor externo do Brasil tem se beneficiado de preços favoráveis das commodities, como soja e minério de ferro, mas enfrenta desafios devido à volatilidade dos mercados globais e às tensões comerciais internacionais. Como o senhor vê a importância do Agro e da Mineração e do Porto do Itaqui pra o seu comércio?

Lula – A importância da nossa agricultura, que tem muita, muita tecnologia envolvida nela, e da mineração para a balança comercial é inegável.  Nós já abrimos 145 mercados para produtos em outros países, e fizemos em 2023 o maior Plano Safra da história, de 435 bilhões de reais. A indústria de óleo e gás também tem sido importante. 

O mercado internacional está otimista com o Brasil

Nós queremos tanto diversificar o destino das nossas exportações quanto exportar cada vez mais produtos beneficiados, não só matéria- prima. Queremos avançar em produzir derivados de petróleo, como fertilizantes. E reforçar nossa indústria siderúrgica para exportarmos mais que minério de ferro.

O.I. – O Brasil continua a atrair investimentos estrangeiros, especialmente no setor de infraestrutura e energia renovável. No entanto, o mercado vê ainda a instabilidade política e incertezas econômicas presentes, que podem afetar esses fluxos de investimento. Quais os planos para acalmar o mercado internacional nesse momento?

Lula – O mercado internacional está calmo e otimista com o Brasil. Ano passado viramos o segundo maior destino de investimentos diretos estrangeiros no mundo. Não dá para confundir isso com movimentos especulativos. Só duas pessoas tem mais tempo governando o Brasil que eu: Dom Pedro II e Getúlio Vargas. Eu tenho dez anos de experiência como presidente, já vi nervosismo e especulação antes, e elas passam, porque o Brasil tem uma economia sólida, com forte exportações, reservas internacionais importantes e inflação controlada. E tudo isso gerando mais empregos com carteira assinada e mais renda para as famílias.

O.I. – A taxa de desemprego tem mostrado uma tendência de queda, mas ainda permanece elevada. A recuperação do mercado de trabalho é lenta. No Maranhão, a população é muito dependente dos programas de assistência social com o Bolsa Família. Há dificuldades para encontrar empregos formais. O que o maranhense pode esperar em relação a investimentos e ações do governo federal para reverter esse quadro?

Lula –  Nós retomamos o planejamento de obras e desenvolvimento, que tinha sido abandonado no Brasil. Fizemos o novo Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, que é um programa que nasce com as obras pedidas pelo Estado e prefeituras. No caso do Maranhão, o PAC vai garantir investimentos da ordem de 94 bilhões, em rodovias, moradia, com a volta do Minha Casa Minha Vida, e linhas de transmissão de energia. A duplicação da BR-010, de Imperatriz a Açailândia, já está em execução, bem como a duplicação da BR-135. Tudo isso significa emprego e renda, mais emprego, a economia girando. Os governos do Nordeste, que foram abandonados no governo anterior e mesmo assim fizeram um trabalho muito forte, agora irão avançar muito mais com um governo federal que é parceiro, não inimigo do Nordeste.

O.I. – O governo tem buscado equilibrar as contas públicas, mas enfrenta dificuldades, devido à elevada dívida pública e às pressões para aumentar os gastos com os programas sociais e com infraestrutura. A reforma tributária e outras medidas de austeridade são temas de debate intenso no Congresso. Como o Senhor espera equacionar esse embate com o legislativo que tem imposto algumas derrotas ao governo?

Lula – Temos aprovado os principais projetos que mandamos para o Congresso. Aprovamos a PEC da transição, antes mesmo da posse, o arcabouço fiscal e a reforma tributária, que ninguém achava ser possível. Estamos fazendo isso conversando com todos, como falei na campanha, com credibilidade, estabilidade e previsibilidade. Hoje o Brasil tem uma grande quantidade de desonerações e subsídios, além de alguns abusos em benefícios, que precisam ser analisados e estamos fazendo isso. No caso das desonerações, teve uma decisão do Supremo que o Legislativo, para estendê-las, tinha que achar uma fonte de compensação. Então, como não aceitaram a proposta feita pelo Ministério da Fazenda, cabe ao Congresso agora, e estamos dialogando com eles sobre isso, achar uma alternativa nesse caso.

O.I. – Nas eleições de 2022, o PT teve um desempenho relevante no Maranhão para sua vitória. O partido apoiou a candidatura de Carlos Brandão (PSB), que foi eleito governador. E para o cargo de senador, o PT, apoiou o ex-governador Flávio Dino também do PSB, que foi eleito com uma votação expressiva. Dino teve um papel significativo na política estadual e sua eleição reforçou a presença do PT na esfera política do Maranhão. Apesar disso, o PT do estado não consegue lançar nomes nas disputas majoritárias. Qual a estratégia necessária para que o PT do Maranhão reverta este quadro ?

Lula – O PT é um partido maduro, que sabe que precisa formar e atrair quadros qualificados e tem maturidade para saber que, às vezes, é melhor fazer uma aliança do que necessariamente lançar um candidato. Então, no país inteiro, estamos debatendo as candidaturas em 2024 com muita maturidade.

O.I. – Das 217 prefeituras do Maranhão apenas uma está sob o comando do PT. Apesar disso, o partido mantém uma base importante em várias regiões e municípios do Estado. O senhor obteve 71% dos votos dos maranhenses quando da sua eleição. O seu apoio é visto como grande importância para a eleição dos pré-candidatos do partido. Como o senhor/partido pretende operar nesse sentido no Maranhão?

Lula – No país inteiro vou atuar com muito respeito ao cargo que eu ocupo, fora do horário de expediente e com responsabilidade. Vamos conversar com a direção nacional, com a direção estadual do partido e aliados e vamos ver caso a caso.

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