Meteorologia

Estudo revela que mudança climática tornou chuvas no Rio Grande do Sul mais intensas

Segundo pesquisadores do ClimaMeter, chuvas ficaram 15% mais intensas devido às mudanças climáticas.

Reprodução

Um recente estudo realizado pelo ClimaMeter, um grupo de cientistas internacionais, apontou que as mudanças climáticas, em especial a emissão de gases do efeito estufa decorrentes da queima de combustíveis fósseis, estão provocando chuvas mais intensas no Rio Grande do Sul.

Financiado pela União Europeia e pela Agência Francesa de Investigação (CNRS), o ClimaMeter analisa os extremos meteorológicos logo após sua ocorrência.

Os pesquisadores, liderados pelo centro especializado em ciências climáticas da Universidade Paris-Saclay, compararam dados meteorológicos das últimas quatro décadas para chegar a essa conclusão.

Eles observaram padrões climáticos semelhantes entre o final do século XX e as décadas mais recentes, quando as mudanças climáticas se intensificaram, e descobriram que as depressões atmosféricas, como a que provocou as chuvas no RS, estão cerca de 15% mais intensas.

Embora o El Niño tenha exercido influência significativa no clima entre 2023 e 2024, aumentando a precipitação no sul do Brasil, os pesquisadores afirmam que esse fenômeno natural não é suficiente para explicar a intensidade das chuvas históricas.

Davide Faranda, pesquisador do Instituto Pierre-Simon Laplace de Ciências do Clima, enfatizou que as inundações no Rio Grande do Sul foram intensificadas pela queima de combustíveis fósseis, não apenas pelo El Niño.

Desde o final de abril, a região sul do Brasil enfrenta temporais que já resultaram em 116 mortes, 756 feridos e 143 desaparecidos, afetando 437 dos 497 municípios gaúchos, com 1,9 milhão de pessoas prejudicadas.

Faranda destacou que esses eventos climáticos extremos afetam desproporcionalmente as comunidades vulneráveis, que têm uma pequena parcela de responsabilidade pelas mudanças climáticas.

Os pesquisadores alertam para a urgência de ações concretas diante dessa situação, ressaltando a necessidade de redução imediata das emissões de combustíveis fósseis e de medidas proativas para proteger áreas vulneráveis de padrões de precipitação cada vez mais erráticos.

Erika Coppola, do Abdus Salam International Centre for Theoretical Physics, na Itália, enfatizou a necessidade de estratégias focadas em cessar as emissões de combustíveis fósseis para enfrentar o aumento na intensidade e frequência de eventos extremos de precipitação e inundações pluviais na região.

Luiza Vargas, graduada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e também autora do estudo, ressaltou a necessidade urgente de investimentos em infraestrutura e planos de contingência de emergência para mitigar esses eventos extremos, que tendem a se tornar mais frequentes sob as mudanças climáticas.

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