Jornal O Imparcial

Em 98 anos como um prego bem dado na história do MA

O Imparcial é um agente incentivador das boas causas, críticos dos maus governantes, apoiador dos acertos, mas sem jamais descuidar de seu maior patrimônio: o compromisso respeitoso e inarredável com o leitor.

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O dia 1º de maio de 1926 foi tão marcante para o jornalismo maranhense, quanto o 7 de setembro de 1922, foi para a radiodifusão. Naquele dia, pela primeira vez se fez ouvir, na comemoração do Centenário da Independência do Brasil, na voz do presidente Epitácio Pessoa, uma transmissão via rádio. Já o nascimento de O Imparcial, hoje na edição número 37.120, foi planejada pelo empresário do setor de importação, João Pires Ferreira, para sedimentar no noticiário impresso do Maranhão, o princípio elementar do jornalismo: informação sustentada em fatos verdadeiros, apurados com imparcialidade e equilíbrio.

Como o fundamento do jornalismo é escarafunchar os movimentos da sociedade e transformá-los na história do cotidiano dos povos, O Imparcial chega a 98 anos, agarrado na ideia inicial do J. Pires, de fazer da atividade jornalística, o meio mais democrático de participar da evolução histórica e ser o intermediário de qualquer cidadão nesse processo evolutivo. Isto é, com a consciência de que a informação tecnicamente bem apurada e eticamente responsável, é a chave do sucesso de qualquer ser humano em qualquer parte.

Foi com essa missão que este jornal diário está rompendo a beirada do centenário – uma proeza empresarial formidável, num Estado que ainda luta para banir o analfabetismo sistêmico.

O Imparcial é um agente incentivador das boas causas, críticos dos maus governantes, apoiador dos acertos, mas sem jamais descuidar de seu maior patrimônio: o compromisso respeitoso e inarredável com o leitor – assinante, anunciante, jovem, idoso, negro, branco, pobre ou rico. A diversidade social com suas diferenças e semelhanças está presente em cada edição deste matutino. Assim entendemos como a diversidade de raça, étnica, gênero, orientação sexual, religião, idade e classe social, são partes que compõem o conjunto da população maranhense, ludovicense e brasileira.

Desde 1º de setembro de 1970 tenho a honra de participar, efetivamente, da história de O Imparcial, ao lado do nosso diretor-presidente jornalista Pedro Freire, dos companheiros de jornada Douglas Cunha (repórter de Polícia há mais de 50 anos), assim como Neres Pinto, editor de Esporte. É impossível citar centenas de jornalistas que ajudaram fazer deste jornal uma referência do jornalismo.

Mas cabe um destaque para o ex-presidente José Sarney, que aqui obteve seu primeiro emprego aos 17 anos e hoje é colaborador; o juiz aposentado Aureliano Neto, de linotipista a escritor e cronista dos nossos dias; o desembargador Josemar Lopes, ex-revisor; o fundador do Jornal Pequeno, Ribamar Bogéa (in memorium), repórter esportivo; e os irmãos José Pires de Saboia, diretor por longos anos e Maria Inês Saboya, colunista social de estilo único e cativante. Por fim, o desembargador Arthur Almada Lima Filho, que dirigiu este jornal nos anos de chumbo da ditadura, mesmo como juiz perseguido e afastado das funções pelo regime.

Não é fácil, pois, fazer uma empresa de jornal impresso ser partícipe de tantas transformações na área de comunicação social. Desde a concorrência do rádio, passando pelo advento da Televisão, a partir de 1950, da Internet na década de 1990 na Redação, O Imparcial vive hoje sufocado pelas variantes das mídias digitais, mas sem perder o fôlego.

Abordar a crise que se abateu sobre o jornalismo impresso em todas as sus versões é dispensável aqui neste texto comemorativo. Mas não custa lembrar que só em São Luís, no começo deste século, havia nada menos que 14 jornais diários impressos em circulação. Hoje restam dois. O Imparcial, também na plataforma online, consegue ser uma grandeza superlativa no Estado.

Muitos pesquisadores e especialistas acadêmicos já se ocuparam de anunciar a completa extinção dos jornais impressos, revista e o livro físico. Em 2013, foi divulgada uma pesquisa em que aponta o ano de 2027 como um momento trágico para a história dos jornais no Brasil. O Estudo da Future Exploration Network, estima que nessa época, portanto, daqui a três anos, não haveria mais diários impressos no país.

Certamente, um prazo um tanto curto para anunciar a morte do jornal, que já sobreviveu a outros presságios mórbidos com o advento do rádio e da televisão na primeira metade do século XX. Há 10 anos havia 28 jornais impressos no Brasi com mais de 100 anos. Hoje o grupo é menor, mas sem nenhum propósito de comprar o caixão para sepultar a história de cada um.

O jornal impresso, no entanto, está apenas se adaptando a uma evolução que já atinge também as próprias redes sociais e as plataformas que as hospedam. Não custa lembrar dos bons tempos em que o Cinema era a principal forma de entretenimento cultural em São Luís. Todas as nove casas exibidoras fecharam, mas o meio cinematográfico conseguiu se reinventar, adaptando-se à Internet, e as salas exibidoras fazem hoje o que sempre fizeram: ganhar dinheiro com o mesmo público. Por sua vez, nem a pandemia da covid, nem a internet abalaram o formidável avanço da música no mundo.

Assim como um produto tão singelo como o Cuscuz Ideal conseguiu ultrapassar os 106 anos levando pregoeiros da boa massa chegarem diariamente à porta de seus consumidores em São Luís, O Imparcial também não vai desistir tão cedo.

Que o diga o superintendente de tecnologia e designer, o mestre em capas-chow, Célio Sérgio – nobre companheiro de longas e desafiadoras jornadas, e todos que estão no mesmo barco. Com eles que, diariamente sonhamos que o jornalismo é o principal fundamento da democracia e de uma lógica meio louca que fazem dos jornalistas um propagador de ideias em formato de notícias, que ajudam a quem nem conhecemos, a viver melhor.

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