Luto

Ele deixou de ser dentista para ser artista

A cultura perde Cláudio Pinheiro, falecido nas primeiras horas da manhã deste domingo, 24.

Cláudio Pinheiro (Foto: Reprodução)

“Eu não cantei, eu rezei essa música! Rosas para São Pedro! Rosas para César Teixeira! Rosas para Wellington Reis! Gratidão por poder emprestar a voz a essa oração.” Cláudio Pinheiro – Cantor, Funcionário Público.

A frase acima foi dada em uma entrevista pelo intérprete Cláudio Pinheiro, quando da divulgação da obra de Wellington Reis, “Ladainha e Canções à São Pedro”. No CD, Reis reuniu cantores, compositores e intérpretes em um valioso registro para a Cultura Popular do Maranhão, que foi lançado em 2022.

Interpretar Rosas de São Pedro, canção de César Teixeira, foi o último trabalho, em gravação, do cantor e intérprete Cláudio Pinheiro, que faleceu neste domingo, 24, nas primeiras horas da manhã. O corpo do artista está sendo velado na Pax União da Rua Grande, e o enterro está marcado para as 16h, no Cemitério Parque da Saudade, no Vinhais.

Talentoso e determinado, Cláudio Pinheiro e Silva, tinha 67 anos. Nascido em Araioses a 10.07.1956, abandonou a carreira de dentista para seguir o movimento da música, passando por grandes momentos do cenário musical maranhense. Familiares, amigos e fãs da voz inigualável do artista, estão consternados com a perda. Cláudio estava internado no Hospital Aldenora Belo, para tratamento de um câncer no pâncreas.

Artista múltiplo, Cláudio era servidor da Secretaria de Estado da Cultura, com atividade no Forte Santo Antônio. “Nos faltam palavras para expressar a tristeza que a equipe Forte está sentindo. Entendemos como um alívio as suas dores, mas para os que ficam e tiveram o privilégio da sua vivência, a partida é dolorosa demais”, disse a diretora do Forte, Marla Campos. A oficina que seria realizada no local, foi cancelada.

A produtora cultural e jornalista Étia Vale, falou emocionada do amigo de quatro décadas. “Eu trabalhei com ele em vários projetos, mas minha relação com ele vem de muito antes. Era uma relação de amizade que começou bem antes da vida profissional. Nós éramos vizinhos na rua Sete de Setembro e foi assim por quase 40 anos. É muito triste, um amigo muito querido. Era um irmão”, disse a jornalista, que trabalhou com ele durante muitas décadas.

Para a artista Rosa Reis, o momento é de dor. Eles se conheciam desde a adolescência e depois trabalharam juntos. “Claudio foi meu vizinho no bairro da Alemanha. Éramos do clube de jovens da igreja do bairro, organizamos torneios de voleibol, quadrilhas. Depois nos encontramos na arte no Ballet de Reynaldo Faray. Foi Cláudio que me convidou para cantar no Coral de São João, onde iniciei minha carreira de cantora”, disse.

Com Rosa, participou do Show Fuzarca, formado ainda por Roberto Brandão, Fátima Passarinho, Inácio Pinheiro. Era um show de músicas carnavalescas com canções e ritmos tradicionais do carnaval maranhense.

“O show Fuzarca começou a ser feito em 1989 e se estendeu até os anos 2000. Claudio Pinheiro fazia o desenho dos figurinos e cenários. Era um trabalho coletivo muito prazeroso de fazer, de cantar. Fizemos várias pesquisas e conversas com compositores do nosso carnaval, com Zé Pivó, Escrete, Luis Bulcão, Patativa, Cesar Teixeira, Sapo, Cristóvão. Era muita alegria no palco e Cláudio Pinheiro sempre muito brincalhão com todos. A gente sorria muito no palco. Foi maravilhoso”, disse a artista.

Nas redes sociais, amigos e familiares se solidarizam com a perda. Cláudio Pinheiro era uma pessoa muito querida e um artista muito talentoso. “Nosso amigão Cláudio Pinheiro partiu para outro plano. Pêsames à todos os amigos e familiares. Que deus o receba para esta jornada”. (Antônio Paiva, músico)

“Que o Cristo Redivivo cuide de sua alma e que os anjos o recebam com os seus cantos lá no céu, formando uma sinfonia celestial tendo como solista o nosso eterno querido amigo Cláudio Pinheiro…! (Ubiratan Sousa, cantor).

A trajetória do artista

Cláudio Pinheiro abriu mão de sua carreira como dentista para viver da arte. Foi funcionário público da Secretaria de Estado da Cultura por 32 anos. Antes de falecer estava lotado no Forte Santo Antônio, onde entre outras funções, articulava as exposições. Foi cantor, intérprete, figurinista, coreógrafo, produtor.

Participou de extintos projetos como: Projeto Viva, Caixinha de Surpresas (que era um projeto que levava as brincadeira de mina nas comunidades de São Luís e municípios), Vale Festejar (na produção), Show Fuzarca, dentre outros. Participou também tradicional Coral São João.

Na Cia Barrica, com Zé Pereira Godão, Roberto Brandão, Inácio Pinheiro, trabalhou por muitos anos nos palcos e nos bastidores, nas coreografias e cenários. Quadrilha, tambor de crioula, tambor de mina, dentre outros ritmos populares, faziam parte de seu repertório. Além do trabalho como intérprete, produziu vários singles e obras autorais: o primeiro disco foi em 1993.

Lançou ainda o vinil “Cláudio Pinheiro” e o CD “Dom”. As gravações no Teatro Arthur Azevedo tinham seu toque em tudo, desde o palco até os bastidores. Seu último trabalho foi em “Ladainha e Canções à São Pedro”, em 2022. A composição de Cesar Teixeira, exclusiva para o CD, só podia receber a interpretação de Claudio Pinheiro, que já havia se despedido dos palcos, mas topou registrar a canção.

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