Atenção Redobrada

Carnaval 2024: saiba quais cuidados tomar para não levar um golpe na folia

De acordo com o Anuário de Segurança Pública de 2023, o furto de celulares disparou em todo o país.

(Foto: Divulgação)

Carnaval é época de folia, mas também de cautela. A aglomeração de pessoas e a distração no momento de efetuar pagamentos formam o enredo ideal para que bandidos apliquem golpes financeiros. No reinado de Momo, o celular é o item mais visado pelos criminosos. De acordo com o Anuário de Segurança Pública de 2023, o furto de celulares disparou em todo o país. O estudo aponta que o problema aumentou no Brasil inteiro, com alguns estados com crescimento acima de 100% nos furtos.

O especialista em segurança Alan Fernandes, membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, afirma que o interesse por celulares aumentou exponencialmente porque as quadrilhas estão se especializando em crimes digitais. “O celular, hoje, é a principal preocupação do brasileiro, primeiro por ser um produto de alto valor agregado, o próprio aparelho tem valor no mercado criminal e isso aumenta com a possibilidade de acesso aos dados contidos no smartphone, sobretudo os dados financeiros”, alerta.

De acordo com Fernandes, há um interesse pelo próprio aparelho e pelas peças, mas, em boa parte, o aumento dos crimes se deu pelo fluxo de informações contidas nos celulares, sobretudo o acesso a aplicativos de banco. “Existem quadrilhas especializadas em desbloquear os aparelhos para ter acesso a esses dados. São golpes que acontecem perante o furto ou roubo, que trazem muita preocupação às pessoas”, observa o especialista. Fernandes afirma que os golpistas acompanham atentamente as inovações tecnológicas para extrair mais dinheiro das vítimas.

O diretor do Comitê de Prevenção a Fraudes da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Adriano Volpini, recomenda cuidados básicos para não cair em golpes. “Nunca anote senhas de acesso ao banco em blocos de notas, e-mails, mensagens de WhatsApp ou em outros locais do celular ou use a mesma senha de acesso ao banco em outros apps. Também sempre use os mecanismos de proteção oferecidos pelas empresas de seu aparelho celular”, aconselha.

Celular seguro

Recentemente, os celulares ganharam uma camada adicional de proteção. O aplicativo Celular Seguro, lançado em dezembro pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), já conta com mais de 1 milhão de usuários. Por meio da ferramenta, quem tiver o celular roubado, furtado ou perdido pode avisar de uma só vez várias instituições parceiras do governo, como a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e bancos.

No primeiro mês de lançamento, roubo e furto foram as ocorrências mais citadas pelos usuários. Os estados com maior número de bloqueios por meio da ferramenta foram São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco e Minas Gerais.

A advogada Meire Ferreira, 27 anos, teve seu aparelho furtado em uma festa de pré-carnaval em janeiro. “Meu celular estava dentro da bolsa, que estava debaixo do meu braço. Eu realmente não sei como aconteceu, em dado momento eu fui pegar o celular, e ele já não estava mais lá, mesmo tomando cuidado e sem desgrudar da minha bolsa. Simplesmente aconteceu, não sei explicar como”, conta.

Com a esperança de conseguir rastrear o aparelho, Meire só bloqueou o celular na manhã do dia seguinte, quando os criminosos tentaram agir. “Como o meu celular era um iPhone, não conseguiram desbloquear o aparelho, mas tiraram o chip e colocaram em um outro desbloqueado. Eu utilizei um aplicativo depois para apagar os dados, da própria Apple”, disse a advogada, que conseguiu bloquear seu número na operadora antes de maiores transtornos.

Troca do cartão

Entre as opções de pagamento, o cartão é um grande alvo dos criminosos. Segundo a Febraban, um dos golpes mais recorrentes é o da troca do cartão. O falso vendedor se passa por um ambulante e entrega a maquininha para o cliente digitar a senha. No momento, eles se aproveitam da distração do comprador para prestar atenção na senha digitada e depois trocam o cartão na hora de devolvê-lo.


Tendo em mãos o cartão e a senha, os criminosos fazem compras usando o dinheiro do proprietário, por isso, é preciso muita atenção na hora dos pagamentos. “É importante ressaltar que o campo de senha deve mostrar apenas asteriscos. O cliente também não deve aceitar fazer pagamentos se o visor da maquininha estiver danificado. E é muito importante que a própria pessoa insira o cartão na maquininha, e confira se o cartão devolvido é realmente o seu”, enumera Volpini, diretor do Comitê de Prevenção a Fraudes da Febraban.

Neste contexto, o Pix, meio de pagamento queridinho dos brasileiros, também ganha destaque no carnaval. É natural que muitos foliões optem por utilizá-lo para pagar as despesas durante a festa. Mas é preciso tomar precauções. Uma das falcatruas mais comuns acontece por meio do pagamento via QR Code, em que o cliente escaneia o código para efetuar o Pix. Pode acontecer de o código estar configurado para um valor diferente do da venda.

Ao pagar com QR Code, é necessário confirmar com atenção todos os dados do pagamento e se a loja escolhida é realmente quem irá receber o dinheiro. Só após essa checagem detalhada, é que o consumidor deve fazer a transferência.

Todo usuário pode configurar, no app do seu banco, o limite de transferência via Pix. A medida é importante para auxiliar na gestão e controle de transações e a funcionalidade está disponível na internet banking e nos aplicativos bancários na área “Meus Limites Pix”. Com a ferramenta, é possível revisar e configurar o valor mais adequado para suas transações financeiras do dia a dia. “Antes de sair de casa, ajuste os limites do Pix para valores que for usar na festa”, adverte Volpini.

É fundamental registrar ocorrência policial

Caso o folião caia em algum golpe financeiro, é possível tentar reaver os valores. Mas é fundamental que a vítima registre o quanto antes um boletim de ocorrência. Assim, as autoridades policiais conseguem, além de gerar estatísticas, compilar e investigar os casos por regiões e até por contas bancárias utilizadas pelos golpistas.

Em caso de golpes por Pix, o Banco Central possui desde 2021 o Mecanismo Especial de Devolução (MED). “A pessoa precisa ligar imediatamente para o seu banco de onde fez a transferência e pedir para acionar o MED. A instituição financeira então fará o bloqueio imediato do numerário na conta de destino e restituirá a vítima em até sete dias. Quanto antes a pessoa ligar e solicitar o MED, mais chances terá de reaver o valor. É quase uma corrida contra o tempo”, explica a advogada Rafaela Baldissera, especialista em direito digital.
Em situações de roubo do aparelho ou golpe com o cartão de crédito, também é preciso entrar em contato com a instituição financeira o quanto antes para informar a movimentação ilegal e realizar o bloqueio do acesso.

A advogada Tainá Aguiar Junquilho, especialista em direito digital e professora do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), considera que ainda há dificuldade para prestar queixa de golpes financeiros a partir do roubo do aparelho. “Mesmo quando criminosos usam seus dados para fazer empréstimos em seu nome, ou quando usam para fazer saques ou transferências, os bancos têm tentado alegar culpa exclusiva da vítima”, afirma.

Se o banco não atender à solicitação, o cliente pode recorrer aos órgãos de defesa do consumidor. De acordo com Junquilho, não é regra que os bancos sempre devam realizar o reembolso dos valores subtraídos pelos criminosos, sobretudo com o aumento do número de casos recentes.

De acordo com a Febraban, os aplicativos dos bancos contam com o máximo de segurança em todas as suas etapas, desde o seu desenvolvimento até a sua utilização. No entanto, algumas ações podem facilitar a ações dos bandidos, por isso é necessário tomar determinados cuidados, como não deixar cartões salvos no aparelho, cadastrar um e-mail separado que não esteja logado no celular para a recuperação de contas e usar a biometria como camada extra de proteção, não como a única.

* com informações do Correio Braziliense

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