O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), provocou controvérsias na sexta-feira (2) ao afirmar durante uma visita à fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo, São Paulo, que “afrodescendente gosta de um batuque de um tambor”.

A declaração ocorreu enquanto discursava sobre investimentos em educação para a juventude, ao lado de uma jovem negra, Luiza Eduarda Leôncio, destacada como a melhor aprendiz da Volkswagen.

Lula inicialmente expressou incerteza sobre as atividades da jovem, sugerindo possíveis papéis estereotipados, mas corrigiu-se, reconhecendo seu mérito como operadora especialista e vencedora do prêmio Apprentice Award 2023.

“Essa menina bonita que está aqui. Eu estava perguntando: o que faz essa moça sentada, que eu não ouvi ninguém falar o nome dela? Falei: ‘Ela é cantora, ela vai cantar’. Aí perguntei [e responderam]: ‘Não, não vai ter música’. Então ela vai batucar alguma coisa. Porque uma afrodescendente assim gosta de um batuque de um tambor.”, disse o presidente

Durante seu discurso, Lula também mencionou ter questionado se a jovem gostaria de namorar com ele, o que acrescentou um tom pessoal à situação.

Em uma visita anterior a Cabo Verde, o presidente expressou “profunda gratidão ao continente africano por tudo o que foi produzido durante 350 anos de escravidão” no Brasil, gerando reações e levando à revisão de seus discursos.

O episódio mobilizou a equipe responsável pelos discursos presidenciais e provocou uma resposta do Ministério da Igualdade Racial, liderado por Silvio Almeida.

Este último defendeu Lula, interpretando sua declaração como uma afirmação da dívida do Brasil com a África.