Protesto

São Luís participa de bicicletada contra feminicídio

A pedalada e o ato em São Luís tem a participação do “Pedal das Minas”, do “Fórum de Artes Cênicas” e do “Circo Tá na Rua”.

Pedal das Minas (Foto: Divulgação)

“Queremos pedalar, queremos esporte e lazer e de bicicleta. Permitam que sejamos livres!”, pede Wendla Mendes Silva Borges, ciclista integrante do grupo Pedal das Minas de São Luís.

Nesta sexta-feira, 12, São Luís se une à Bicicletada Nacional em Homenagem a Julieta, Miss Jujuba, mulher migrante, palhaça, cicloviajante, que foi brutalmente assassinada aqui no Brasil, antes de chegar no seu país natal, onde se encontraria com sua família. Em todo o Brasil, simultaneamente, ativistas irão pedalar pelas ruas do país em solidariedade a Julieta, e para gritar contra a barbárie, o feminicídio, a violência e o extermínio que as mulheres sofrem diariamente. A pedalada e o ato em São Luís tem a participação do: “Pedal das Minas”, o “Fórum de Artes Cênicas” e o “Circo Tá na Rua”.

A concentração será às 19h, no Parque do Rangedor. De lá, o grupo sairá em direção ao bairro São Francisco para chegar à Praça Nauro Machado. Na praça, haverá um ato com atividades e apoio do Circo tá na Rua e Fórum de artes Cênicas. Estão sendo esperados pelo menos 150 pessoas, entre ciclistas, ativistas e artistas.

Wendla Mendes (Foto: Divulgação)

“A representação desta bicicletada extrapola o ato de pedalar e passa a ser um ato político. Político por ser um ato em que pretendemos ser ouvidas. Bem como, abre espaço para as discussões de mobilidade urbana, esporte e lazer social. A nossa cidade precisa ser planejada e concretizada intervenções em que as(os) ciclistas possam transitar com segurança e paz. A morte, o crime e a barbárie à Miss Jujuba escancara a falta de direitos, respeito e proteção por nós ciclistas e mulheres. Destaco também que é um ato social de convite a toda São Luís em protestar à essa onda de insegurança e crimes contra a mulher. Neste ato social pretendemos também que a afetividade e o respeito possam ser disseminados e que a prática de pedalar seja uma possibilidade de meio de transporte, lazer e esporte a todas e todos. Pois pedalar é um ato possível e extremamente saudável e sustentável”, disse Wendla Mendes.

A venezuelana Paola Soto mora no Brasil há 8 anos, e há 2 e meio está nômade, viajando solo por cidades e lugares. É ciclista, viajante dentro das cidades, está em São Luís e, claro, vai participar da bicicletada.

“É um dever dar essa força para essa irmã conterrânea. Eu, como artista venezuelana, nômade, viajante, que também é ciclista dentro das cidades, sinto uma responsabilidade também em honrar esse trabalho que a Ju semeou que foi o amor, a generosidade. Esse movimento que está se formando é muito significativo, é um amor que transcende fronteiras, é uma ponte que se cria entre a Venezuela e o Brasil que para mim é um lugar de muita admiração, esse atravessamento de cultura deve ser cultivado. Essa bicicletada é reafirmar pro mundo que a gente não está sozinha, que a gente é uma rede, que a gente não pode ser silenciada, que a gente tem direito de ser livre, que a gente é digno de liberdade e que nosso corpo, nosso corpo de mulher, precisa ser respeitado e visto com valor”, disse.

O desafio de pedalar em São Luís

Como não poderíamos deixar de falar de pedal em São Luís, e devido às ultimas graves ocorrências envolvendo ciclistas, perguntei a Wendla Mendes sobre os desafios de pedalar em São Luís, seja para passear, pratica de esporte ou para trabalhar.

Paola Soto (Foto: Divulgação)

“A falta de infraestrutura urbana e na via, no trânsito. As últimas obras de intervenções no trânsito de São Luís do Maranhão não garante o espaço apropriado aos ciclistas. Nós somos os últimos a serem pensados. Quando lembram de nós é ‘um jeitinho’, o faz de conta, para dizer que o direito foi assegurado. Estou falando no âmbito do planejamento estratégico, na construção de ciclovia/ciclofaixas pois sair a obra do papel é algo muito desrespeitado. Quanto a pedalar em via, os motoristas de ônibus principalmente, e carros, não respeitam o distanciamento de 1.5m do ciclista. Por isso as causas de tantos acidentes e infelizmente mortes. São Luís do Maranhão é a cidade em destaque nacional que mais mata ciclistas”, disse.

(Foto: Divulgação)

Ela pede planejamento da cidade, de acordo com a necessidade dos ciclistas.

“Precisamos da força da Lei que garanta pistas próprias ao ciclistas, maior penalidade em caso de acidentes criminosos contra o ciclistas. Precisamos que os crimes no trânsito contra os ciclistas não fiquem impune seja quem for que pratique. Quando são mulheres no trânsito o desrespeito e o assédio é maior. O que faço é um apelo importante, fundamentalmente e necessário: olhem para os ciclistas e garantam que a nossa vida não seja retirada por falta de cumprimento da Lei e de planejamento sistêmico e concreto”, apela.

Sobre Juju

Julieta Ines Hernández Martinez era conhecida como “Palhaça Jujuba”. (Foto: Divulgação)

Julieta Ines Hernández Martinez tinha 38 anos e era conhecida como “Palhaça Jujuba”. Viajava pelo Brasil em uma bicicleta e tinha decidido voltar à Venezuela pra rever a mãe. O Amazonas estava na rota da artista venezuelana, encontrada morta em Presidente Figueiredo (interior do estado), após 14 dias desaparecida. O corpo de Julieta e partes da bicicleta que ela utilizava foram encontrados na sexta-feira (5), nas proximidades de um refúgio onde a artista estava hospedada. A artista já estava no Brasil há 8 anos. Ela fazia parte grupo do “Pé Vermêi”, de artistas e cicloviajantes que pedalam pelo país.

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