ENTREVISTA

“É preciso qualificar mão de obra”, diz Baldez

Em entrevista a O Imparcial, presidente da Fiema destacou que para o estado se desenvolver é preciso investir na qualificação, além de outros assuntos ligados ao setor

"Reforma Tributária é um importante passo para o Brasil", disse Edilson Baldez - (foto: reprodução)

Opresidente da Federação das Indústria do Maranhão (Fiema), Edilson Baldez está otimista sobre o Brasil em 2024, principalmente o Maranhão. Ele considera que a Reforma Tributária, aprovada no fim de 2023, é um importante passo para o Brasil dá uma arrancada na economia. Quanto à indústria no Maranhão, ele diz que o primeiro passo é capacitação de mão de obra, que o Senai tem feito é apostar um projeto forte de ensino das tecnologias modernas, como robótica, que o Sesi vem realizado com absoluto sucesso.

Para Edilson Baldez, a Reforma Tributária beneficia também as micro e pequenas empresas, que terão um tratamento mais adequado à realidade do país, depois dos anos impactados pela pandemia. “E inaugura um novo sistema de tributação sobre o consumo que elimina distorções que reduzem a competitividade da indústria, como a cumulatividade, o acúmulo de créditos tributários, a oneração dos investimentos, das exportações e os custos para calcular e pagar os tributos.”.

O IMPARCIAL  – A Reforma Tributária, aprovada pelo Congresso Nacional no fim do ano passado e elogiada pela classe empresarial de um modo geral, quais benefícios terá à indústria? 

Edilson Baldez – Avaliamos que a Reforma Tributária é uma grande conquista não apenas para o setor industrial, mas para o Brasil. O novo modelo tributário já chega com atraso de três décadas e traz contribuições para o crescimento econômico do país, com maior geração de empregos, mais renda e consequente melhoria da qualidade de vida da população brasileira. Especialmente para a indústria, a Reforma Tributária inaugura um novo sistema de tributação sobre o consumo que elimina distorções que reduzem a competitividade da indústria, como a cumulatividade, o acúmulo de créditos tributários, a oneração dos investimentos, das exportações e os custos para calcular e pagar os tributos.

O desenvolvimento de tecnologia como foco

Principalmente com a redução do número de impostos e a desburocratização do sistema,  o setor industrial, estagnado nos últimos anos, poder deslanchar no curto e médio prazos?

Esperamos que sim. Por exemplo, a criação do IVA Dual põe fim à cumulatividade ao criar um sistema claro e racional de créditos tributários, que finalmente conseguirão ser aproveitados pelas empresas de todos os setores da economia. Um outro aspecto é que com a Reforma Tributária as micro e pequenas empresas terão um tratamento mais adequado à realidade do país, depois dos anos impactados pela pandemia.

A Expo Indústria de 2023 se consagrou como um dos mais expressivos eventos multissetoriais do Norte e Nordeste. Quais os ganhos da Expo Indústria Maranhão 2023 e o que podemos esperar das próximas versões?

A Expo Indústria Maranhão 2023 surpreendeu em todos os aspectos. E isso é fruto de muito trabalho realizado pelo Sistema FIEMA (SESI, SENAI, IEL, Federação), juntamente com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), governo do Estado e Sebrae. Durante quatro dias um público superior a 56 mil pessoas lotou mais de 16 mil metros quadrados ocupados por 245 empresas expositoras. Empresas essas que mostraram ao público uma diversidade de produtos fabricados no estado, realizaram negócios e ganharam visibilidade. Nas rodadas de negócios nacionais e internacionais foram prospectados R$ 301 milhões. Despertou os empresários para questões emergentes e necessárias no ambiente corporativo, assim como ajudou a despertar no trabalhador, por meio de palestras e oficinas, a necessidade de se preparar para um mundo do trabalho novo e promissor. A nossa expectativa é sempre de aprimoramento dessa feira que é um grande palco para a indústria local e que já serve de inspiração para outros estados.

De que maneira ações como o ensino de robótica nas escolas do SESI Maranhão podem contribuir para esse objetivo?

Precisamos desenvolver as pessoas para que possam trabalhar com tecnologia. Hoje temos um déficit no Brasil, especialmente no Maranhão, de pessoas preparadas para lidar com as novas tecnologias. Estamos focados nisso em nossas unidades do SESI e do SENAI. Recentemente reformamos e equipamos a unidade do SENAI Raimundo Franco Teixeira, no Monte Castelo, com o que tem de mais moderno em termos de laboratórios e na sua base tecnológica. Além disso, os cursos disponíveis estão cada vez mais conectados às demandas reais do mercado de trabalho. No SESI Maranhão avançamos com a construção de uma nova unidade no Araçagi totalmente nova. Em todo o estado, as matrículas nas nossas unidades ultrapassaram a meta de 100%, o que demonstra a confiança que a sociedade deposita no ensino de qualidade que oferecemos. Agora estamos nos preparando para ter uma Escola de Referência SESI em São Luís. É um modelo ainda mais focado na metodologia STEAM, o aprendizado em ciência, tecnologia, engenharia, arte, design e matemática.

O ensino de robótica faz parte desse esforço em tornar o aprendizado mais adequado às necessidades atuais do mercado de trabalho?

Certamente. Os alunos do SESI têm na grade curricular robótica educacional e de competição. Este ano, o Torneio SESI de Robótica Regional Maranhão, que acontece dias 13 e 14 no Multicenter Negócios e Eventos, mais que dobrou no número de equipes de seis estados, incluindo o Maranhão. Serão 83 equipes. Esse campeonato é único no país por possuir mais escolas públicas competindo do que escolas privadas. Isso porque o SESI Maranhão tem o Projeto Prototipando Sonhos, que democratiza o acesso de alunos de escolas públicas municipais ao ensino da robótica para mais de 30 municípios maranhenses, totalizando 45 equipes. Os alunos de robótica aprendem sobre liderança, trabalho em equipe e a resolver problemas complexos e isso não apenas os prepara para o mundo do trabalho como para a vida. O torneio cresceu tanto que o maranhão agora concorre a 10% das vagas da etapa nacional da competição.

Quais as expectativas para 2024 no setor industrial do Maranhão e do Brasil, já que o senhor é também um dos vice-presidentes da CNI?

O Sistema Fiema está focado na capacitação da mão de obra tecnológica e básica, que devem merecer a nossa atenção ao mesmo tempo. Todas as empresas do Maranhão hoje precisam de pessoas formadas na área de desenvolvimento de tecnologia. Para que novos postos de trabalho sejam gerados e a indústria local se desenvolva e seja competitiva, precisamos de pessoas qualificadas. Além da capacitação, precisamos de maior conectividade porque a internet banda larga hoje é tão necessária quanto uma estrada ou ferrovia. A infraestrutura logística do estado e a produção precisam caminhar juntas e a relação dos governos em diferentes níveis com a entidades empresariais como a Fiema deve ser ainda mais próxima. Temos boas perspectivas com a instalação de grandes plantas industriais, como a da Inpasa, em Balsas, e de que nos próximos anos o Maranhão possa usufruir da exploração de petróleo e gás natural em duas das cinco bacias da Margem Equatorial localizadas no estado, o que gerará mais empregos, renda e arrecadação de impostos e royalties.

colaboração: Cintia Machado

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