Dia de Reis: Começa a temporada de Queimação de Palhinhas na Ilha
Instituições religiosas, sociais e famílias em geral, comemoram o Dia de Reis, uma das festas tradicionais mais singelas celebradas em todo o mundo.
Começa a temporada de encerramento do ciclo natalino com a tradição da Queimação de Palhinhas.
Instituições religiosas, sociais e famílias em geral, comemoram o Dia de Reis, uma das festas tradicionais mais singelas celebradas em todo o mundo, fazendo o ritual que celebra a data, marcando o fim das celebrações de Natal e fazendo pedidos para o ano que inicia.
A queimação de palhinhas vem do desmonte do presépio. Portanto, se o presépio foi montando, ele precisa seguir o ritual do desmonte, com ladainhas, rezas e orações.
As murtas (palhas que são usadas para cobrir o presépio) são queimadas a cada pedido silencioso feito pelo público presente. Ao final a tradição pede doces e chocolate.
O antropólogo e pesquisador Sebastião Cardoso, participa dessa tradição desde muito jovem, seguindo os passos da família.
Ele não só monta o presépio em sua casa e cultiva a tradição, como ainda participa da Queimação em lares e lugares em que é chamado.
A partir do dia 6 de janeiro inicia o ciclo de queimação de palhinhas, dia da Epifania, Dia de Reis, e segue até o dia 2 de fevereiro, dia da Apresentação do Senhor, dia de Nossa Senhora do Bom Parto
“É uma tradição importante a ser mantida. Particularmente na minha casa eu faço no dia de São Sebastião (20 de janeiro), mas agora, a partir do dia 6, inicia o ciclo de queimação de palhinhas. Eu tenho a honra de ser organizador, montar presépio de algumas igrejas e casas e também de rezar a ladainha em latim também no encerramento da Queimação de Palhinhas. É muito prazer imenso. A gente sente falta também dessa tradição nos órgãos oficiais, que acabou, né?”, ressente-se Sebastião, referindo-se aos rituais que eram feitos no Museu Histórico e Artístico do Maranhão, e no Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho, ambos órgãos da Secretaria de Estado da Cultura.
Mas a tradição, que é uma devoção familiar, continua nos lares e igrejas, além de algumas instituições.
“É uma festa das famílias, das pessoas que tem promessa, outras já fazem por tradição, passada por pais, por avós, e realizam essa tradição da ladainha, da reza em latim, acompanhado às vezes por músico ou não, temos as figuras das rezadeiras, eu me identifico como rezador também, tenho músicos que me acompanham e sempre fazemos momento de devoção e fé, que é importante pra todos nós”, disse Sebastião.
Tradição e fé
“Enquanto eu estiver vivo vou montar o presépio. É uma promessa”, disse o autônomo Antônio Augusto Carvalho Ferraz (Tony Ferraz).
“É uma graça alcançada, faço por amor, com adoração, devoção a Deus, sou muito religioso e faço com gratidão. Sigo todo o ciclo natalino desde o Advento, até o dia de Reis”, disse o morador do São Cristóvão que monta presépio há 45 anos.
“É uma prova de fé e devoção”, completou.
Para Antônio, é uma realização fazer todo o ritual e espera que a família dê continuidade. Todos os anos, desde que ganhou o primeiro jogo de presépio, a cada ano o presépio vem diferente.
“Desde o primeiro, que eu montei com bonecos de papelão, eu sempre faço algo diferente”, contou, acrescentando que a tradição na casa dele, com familiares e amigos será no dia 6, com ladainhas, orações, agradecimentos e guloseimas, como bolos e chocolate.
Nas igrejas
Na Igreja dos Remédios, na Praça Gonçalves Dias, o ritual será logo após a missa das 18h, neste domingo, 7.
Também neste domingo, 7, na Igreja de São João (Centro), as 10h.
No domingo, dia 14, ocorre o ritual após a missa das 9h, na Igreja de Nossa Senhora Rosário dos Pretos (Centro).
Na Matriz Santa Paulina (Residencial Pinheiros), será após a missa das 19h, também no dia 14. Na Igreja de São Pantaleão (Centro), será dia 13, às 18h.
Na Igreja de Santo Antônio, também no Centro, o ritual será no dia 21, após a missa das 7h30.
Queimação
O ritual, encerrando o ciclo natalino com a tradicional Festa de Reisado, retrata a visita dos três Reis Magos ao Menino Jesus.
As comunidades mais tradicionais desmontam o presépio, reproduzindo a cena do nascimento de Jesus e a visita dos reis magos ao recém-nascido, na manjedoura.
No Maranhão, a montagem do presépio é feita com materiais rústicos comomadeira, pedra, palha, areia e em especial a murta. A partir do dia 6 de janeiro, Dia deSantos Reis, acontece a Queimação de Palhinhas, com a realização da Ladainha deNossa Senhora, cantada (a composição é do maestro maranhense, Antônio Rayol).
Primeiro é rezada uma ladainha, em seguida são feitas orações e os presentes começam a desfazer o presépio.
As murtas, palhinhas secas são levadas para serem queimadas ao som de uma música de domínio popular. Ao jogar as murtas as pessoas fazem seus agradecimentos pelo ano que passou, seus pedidos e assim segue a tradição ano após ano.